Os telegramas provenientes da Europa nos tem
informado das múltiplas manifestações de desagrado com que o povo da heróica
França vem acolhendo a política nazificante do
Marechal Pétain.
Um telegrama da United Press, de Vichi, transmitiu-nos
um trecho precioso de um discurso do Sr. Burckel,
governador nazista da Lorena, que é muito expressivo
a esse respeito. Depois de se referir a todo um grupo de jovens da Lorena que preferiu fugir de sua terra a se sujeitar a
servidão do totalitarismo, o Sr. Burckel diz: “A
responsabilidade do gesto destes moços recai sobre seus pais. Dou-lhes a
possibilidade de reparar o erro. Se os rapazes não regressarem até o dia 15 do
corrente, agirei contra suas famílias, que serão enviadas para o Reich no dia
16”. Em outros termos, as famílias inocentes expiarão um “crime” que não
praticaram.
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Em sinal de protesto contra a política nazista do
Sr. Pétain, renunciaram a seus cargos o ministro e
secretário da legação francesa em Costa Rica aumentando assim o número dos
diplomatas que aderiram a De Gaulle.
Oficiais e tripulantes do navio francês “Ile de RE”, abandonaram esse cargueiro em sinal de protesto
contra a política do Sr. Pétain. Declararam eles que
essa deliberação foi tomada “em virtude de terem verificado em suas últimas
viagens que os portos de Marselha, Argel, e Casa Blanca
tem todas as docas fiscalizadas por autoridades que envergam uniforme italiano
ou alemão”.
Confere.
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Também foi noticiado que, há mais tempo, duzentos
oficiais e marinheiros do “Normandie” abandonaram
seus postos em sinal de protesto contra a política do Sr. Pétain.
Tantos diplomatas, tantos marujos valentes, tantos
oficiais que ficam reduzidos à situação precária renunciando a seus postos,
serão porventura adversários da França? Não compreenderão como franceses de
inexplicável psicologia, que os que, como o “Legionário”, deploram a influência
nazista sobre a França, não são inimigos da gloriosa “primogênita da Igreja”,
mas os melhores amigos de sua nação?
* * *
Os adeptos do totalitarismo gostam de blasonar
inveterado rancor às associações secretas. Esse rancor, como bom número dos
rancores totalitários, seria nobre se fosse autêntico e eficaz. Mas acontece
infelizmente que o anti-maçonismo dos totalitários é
absolutamente tão duvidoso quanto seu anticomunismo.
Disto deu provas muito interessantes o recente
golpe totalitário levado a cabo no Japão contra um Ministro de Estado
incriminado de não conduzir com o necessário vigor a política de cooperação do
Império do Sol Nascente com o “eixo”. Essa acusação originou um atentado que
quase custou a vida à infeliz vítima.
Ora, quem planejou o golpe? Informa-nos que esse
serviço prestado ao totalitarismo se deve, nada mais nada menos, a uma sociedade
secreta denominada “dragão negro”, que faz um vasto trabalho pela totalitarização da Ásia, com ramificações no Japão, Índia,
e provavelmente muitos outros países.
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Muito curioso foi o que se deu com a maçonaria na
França. - Como ninguém ignora, a Agência
telegráfica “Havas” foi adquirida pelo governo
francês, ao qual passou a servir de agência oficial, ou oficiosa, com o nome de
“Havas Tele-Mondial”. Um
telegrama desta agência, datado de 20 p.p., expedido de Vichi,
depois de se referir às extensas medidas tomadas pelo Sr. Pétain
contra a maçonaria, acrescenta textualmente.
“O “Journal Officiel” publica todos os dias novas listas de dignitários
da maçonaria que não poderão mais ocupar cargos públicos. Já foram publicados
mais de 1.500 nomes. Nesse total figuram apenas 18 parlamentares, aliás sem
profissão, salvo o antigo presidente do Conselho, Sr. Camile
Chautemps”.
Que significa isto? Evidentemente que o Sr. Pétain poupa os figurões da maçonaria, e só fere a “raia
miúda”. Em outros termos o velho Marechal agrada aos católicos, sem romper com
os leaders
do movimento anti-católico.
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Bem já dizia o “Legionário” que o partido rexista belga, como seus congêneres dos demais países, não
passa de mero instrumento da Internacional Totalitária. Disto deu mais uma
prova o Sr. Degrelle, o famoso Quisling
belga, determinando que, para facilitar a utilização das tropas alemãs de
ocupação nas frentes de combate, os rexistas se
incumbissem de policiar as fábricas que margeiam o canal marítimo de Bruxelas à
Antuérpia, conservando-as bem submissas ao domínio nazista. São requintes de
estratégia nazista: os maus belgas, depois de terem trabalhado para que seu
país ficasse inteiramente nazista, são hoje, nas mãos do Sr. Hitler, os
carrascos de sua própria pátria!
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Outra prova
de que a solidariedade internacional dos totalitários é completa foi-nos
fornecida a semana passada pelo convite que a Srtª
Primo de Rivera, famosa leader totalitária espanhola,
recebeu do Reich para montar na Alemanha uma certa organização feminina
nazista.
Em outros termos, a mentalidade e técnica da Srtª
Primo de Rivera são tais que ela é utilizada pelo Sr.
Hitler para missões de confiança, como se fosse uma nazista alemã.