O “Mensageiro do Coração de Jesus”, excelente
revista que se publica na Capital do País, além de outras notícias dignas de
nota, deu duas que não queremos deixar passar sem uma referência:
a) Na Alemanha, o governo nazista proibiu a todos
os indivíduos válidos que ingressassem em seminários, pois que podem em outros
campos servir melhor a Pátria;
b) sob pretexto de que havia perigo para a
população, foram proibidas as Missas dominicais até às 10 horas, nos dias em
que houvesse bombardeio promovido pelos ingleses.
A primeira das medidas traz à Religião um prejuízo
incalculável, e significa a afirmação oficial de que o Sacerdócio é
inteiramente inútil. A segunda medida só seria lógica se, em dias de bombardeio,
também fossem suspensos todos os trabalhos comerciais e toda a vida civil. Mas,
ao que parece, as bombas inglesas só são nocivas aos que vão à Missa.
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“Que temos nós com isto? Isto se passa na Alemanha.
Quanto a nós, nem temos aqui nazistas, nem bombardeios ingleses. Cuidemos,
pois, de outra coisa”. – De muitos lados, essa observação nos chega aos
ouvidos.
Se alguém tivesse um irmão agonizando na Alemanha
por excesso de frio, e respondesse: que tenho eu com isto? Aqui não há frio, e
como o excesso de frio é problema só dos climas setentrionais, pouco me importa
o que sucede a meu irmão; se alguém respondesse assim, o que diríamos? Quando
nada, responderíamos que não seria imerecido que Deus, para punir a indiferença
desse indivíduo, o atirasse bruscamente em uma região polar para por sua vez
morrer de frio. Esses problemas que nos parecem indiferentes porque tão
distantes, se algum dia tivermos de lutar com eles em casa para expiarmos nossa
indiferença, nos farão olhar anciosamente para os
confins do globo, à espera de auxílio. E aí a doutrina da indiferença nos
parecerá uma pesada falta de caridade!
* * *
Não precisamos estender-nos muito sobre o caso
Indochina. A valentia com que o governo de Vichy
resistiu à Inglaterra atirando-se amorosamente nos braços do Japão, denota uma
tão evidente simpatia do velho Marechal para com o “eixo” que confirma todas as previsões
desta folha.
* * *
Quanto ao caso dos Açores ninguém deseja mais
ardentemente do que o “Legionário” que Portugal conserve sempre intacta a sua
soberania e a unidade de seu império colonial. Como católicos e como
brasileiros, sentimo-nos tão ardentemente ligados a Portugal que não somos, para ele, partidários de um
simples statu quo, mas de um
engrandecimento que esteja em proporção com a grandeza histórica daquele
gloriosíssimo país.
Por isto mesmo, perguntamos a nós mesmos, não sem ansiedade se, depois
de tão bem defendidos os Açores contra as agressões extra-continentais,
não haverá outras, quiçá maiores e mais eminentes a recear.