Legionário, N.º 461, 13 de julho de 1941

7 DIAS EM REVISTA

No momento em que escrevemos, continua muito confusa a situação criada pelo conflito entre o Equador e o Peru, tanto mais que, para a opinião brasileira, a irrupção deste novo foco de guerra constitui violenta surpresa que as notícias publicadas pela imprensa brasileira nem de longe faziam antever.

Ao que parece, entretanto, a ação enérgica das chancelarias americanas conseguirá sustar o conflito, reintegrando em uma paz fecunda todo o continente.

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Se muitas vezes nossa dedicação aos mais altos interesses da Cristandade nos tem levado a desmascarar o pacifismo farisaico com que certos políticos europeus arrastaram o velho continente ao gravíssimo perigo de paganização integral em que se encontra, esta folha não pode deixar de ver na guerra um mal gravíssimo, que só se justifica quando é meio insubstituível para evitar males maiores.

 Assim, fazemos votos ardentíssimos para que a solução dos altos problemas continentais possa ser obtida por via pacífica, evitando-se o derramamento de sangue cristão e católico na América.

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O “Legionário” sempre timbrou em denunciar a íntima solidariedade que vinculando a Berlim todos os partidos totalitários dos vários países europeus faz uma internacional tão coesa e disciplinada quanto a III Internacional russa.

Disto oferece-nos mais uma prova eloqüente o que ocorreu na Holanda onde, segundo telegrama publicado na semana passada, o Sr. Seyss-Inquart dissolveu todos os partidos políticos holandeses, inclusive o magnífico e aguerrido Partido Católico Holandês, a fim de só deixar subsistir o partido nazista e o partido da União.

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 Se o Partido Católico fosse dissolvido por influência extensiva de algum governo comunista não faltariam católicos que se indignariam contra tal atentado à liberdade de consciência. Contudo, como a dissolução procedeu de elementos nazistas, fixa-se em muitos espíritos a convicção de que a medida nada tem de realmente nocivo aos interesses da Igreja, como se a extinção desta corrente política, que chegou a impor várias vezes gabinetes católicos à maioria protestante do país e criar uma situação legal verdadeiramente esplêndida para os católicos holandeses outrora tão oprimidos, constituísse fato de somenos importância.

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Tudo isto prova que o espírito totalitário, infiltrando-se em mentalidades católicas e aí despertando estranhas condescendências e culpáveis simpatias, constitui o perigo número 1 de todas as almas que, firmes na fé, se queiram conservar livres de qualquer fermento de heresia.