No momento em que escrevemos, continua muito
confusa a situação criada pelo conflito entre o Equador e o Peru, tanto mais que, para a opinião brasileira, a irrupção
deste novo foco de guerra constitui violenta surpresa que as notícias publicadas
pela imprensa brasileira nem de longe faziam antever.
Ao que parece, entretanto, a ação enérgica das
chancelarias americanas conseguirá sustar o conflito, reintegrando em uma paz
fecunda todo o continente.
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Se muitas vezes nossa dedicação aos mais altos
interesses da Cristandade nos tem levado a desmascarar o pacifismo farisaico
com que certos políticos europeus arrastaram o velho continente ao gravíssimo
perigo de paganização integral em que se encontra,
esta folha não pode deixar de ver na guerra um mal gravíssimo, que só se
justifica quando é meio insubstituível para evitar males maiores.
Assim,
fazemos votos ardentíssimos para que a solução dos altos problemas continentais
possa ser obtida por via pacífica, evitando-se o derramamento de sangue cristão
e católico na América.
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O “Legionário” sempre timbrou em denunciar a íntima
solidariedade que vinculando a Berlim todos os partidos totalitários dos vários
países europeus faz uma internacional tão coesa e disciplinada quanto a III
Internacional russa.
Disto oferece-nos mais uma prova eloqüente o que
ocorreu na Holanda onde, segundo
telegrama publicado na semana passada, o Sr. Seyss-Inquart dissolveu todos os
partidos políticos holandeses, inclusive o magnífico e aguerrido Partido
Católico Holandês, a fim de só deixar subsistir o partido nazista e o
partido da União.
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Se o Partido
Católico fosse dissolvido por influência extensiva de algum governo comunista
não faltariam católicos que se indignariam contra tal atentado à liberdade de
consciência. Contudo, como a dissolução procedeu de elementos nazistas, fixa-se
em muitos espíritos a convicção de que a medida nada tem de realmente nocivo
aos interesses da Igreja, como se a extinção desta corrente política, que
chegou a impor várias vezes gabinetes católicos à maioria protestante do país e
criar uma situação legal verdadeiramente esplêndida para os católicos
holandeses outrora tão oprimidos, constituísse fato de somenos importância.
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Tudo isto prova que o espírito totalitário,
infiltrando-se em mentalidades católicas e aí despertando estranhas condescendências e culpáveis simpatias, constitui o perigo
número 1 de todas as almas que, firmes na fé, se queiram conservar livres de
qualquer fermento de heresia.