A “United Press” forneceu a um diário desta Capital o seguinte
telegrama:
“COPENHAGUE,10 (U.P.) - O Ministro de Justiça da
Dinamarca deu à publicidade,
hoje, uma proclamação, advertindo que toda e qualquer manifestação dos cidadãos
dinamarqueses contra o exército de ocupação é susceptível de multa e penas de
prisão de até 2 anos.
“Acontece - diz entre outras coisas a proclamação -
que de quando em quando, elementos jovens levam a efeito manifestações de
hostilidade contra as tropas alemãs de ocupação, dirigindo-lhes palavras
insultuosas ou exibindo bandeiras de outras potências beligerantes.
“Torna-se, portanto, necessário adotar medidas mais
fortes, a fim de impedir novos incidentes que poderiam prejudicar as relações germano-dinamarquesas.”
* * *
Nesta noticia, há vários pormenores a destacar. O
primeiro deles é que o próprio ministro da Justiça daquele país, provavelmente
algum Quisling, é quem informa que a população
dinamarquesa manifesta por todas as formas sua repulsa aos nazistas, chegando a
ostentar bandeiras de potências que se encontram em guerra, contra o III Reich.
Estes fatos parecem ser bastantes numerosos, já que o ministro julga necessário
ameaçar com severa penalidade os que os praticam. E como só agora tal
penalidade se tornou necessária, deve-se inferir que, provavelmente, as
manifestações contra os ocupantes nazistas se tem tornado cada vez mais
freqüentes, em lugar de diminuir à medida que o país se vai habituando com a
sujeição em que se encontra. Finalmente, convém acentuar que o ministro responsabiliza
sobretudo os moços por essas manifestações em prol da causa dinamarquesa. Ora,
todos sabem como uma causa é bem servida, quando ela conta com a dedicação da
juventude.
* * *
Importa
notar que também acresce de vulto a reação dos Franceses Livres contra o
nazismo. Segundo notícias publicadas por nossos diários da semana p.p. sobe a
muitos milhares o número de franceses que, prevalecendo-se do avanço franco-britânico na Síria, aderiram decididamente à causa do General De Gaulle. Entre eles, destaca-se o Sr. Louis
Lafarde, que exercia na importante cidade de Smirna as elevadas funções
de Cônsul Geral da França. Também aderiu ao movimento de De
Gaulle um cônsul francês residente no México.
* * *
Consideramos muito importante o depoimento prestado
pelo “lord mayor” de Glasgow sobre o vôo do Sr. Rudolph Hess. Dado a importância de Glasgow, e o desenvolvimento do sistema municipal da Inglaterra, é evidente que as funções do prefeito ou “lord mayor” só tocam, naquela
cidade, a personalidade de alta responsabilidade cívica, dotadas de todos os
meios para se informar acerca dos acontecimentos, e de todos os elementos para
emitir juízo com o senso da importância
de suas próprias palavras. Ora, aquela autoridade municipal declarou que o Sr. Rudolph Hess, membro da sociedade
que elaborou os plano da guerra contra a Polônia e outros países,
viera à Inglaterra na esperança de que poderia voltar para Alemanha e transmitir o
resultado de suas conversações pró-paz com certo
círculo de políticos ingleses. Afirmou ainda que o Sr. Hess
se sente muito contrariado por se encontrar como prisioneiro de guerra da
Grã-Bretanha.