Legionário, N.º 442, 2 de março de 1941

7 DIAS EM REVISTA

No momento em que escrevemos, não possuímos ainda, infelizmente, as estatísticas do retiro no último carnaval. Em todo o caso, segundo o noticiário que esta folha pública hoje, torna-se evidente que também desta vez a mocidade inscrita nas associações fundamentais e auxiliares da Ação Católica se portou à altura de suas obrigações, reagindo vigorosamente, pelo seu admirável exemplo, contra a corrupção carnavalesca dos festejos de Momo.

Mas seria um erro imaginar que o retiro é apenas uma reação contra o carnaval. Muito mais do que isto, ele é um movimento de ascensão corajosa até Deus, um impulso de almas que se entregam generosamente à Santa Igreja na meditação e no recolhimento. Ele é um grande meio de santificação. E a sede com que a ele recorrem tantas almas constitui a prova de um grande anseio de perfeição moral. Este é que constitui um grande aspecto essencial dos retiros de carnaval, a respeito do qual não podemos fechar os olhos.

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De fato, o “Legionário”, que se vê com tanta freqüência obrigado a noticiar fatos lamentáveis, sente verdadeira dilatação do espírito pensando que cresce em número os que tem verdadeira “fome e sede de virtude” em nosso povo.

Houve quem dissesse que o Brasil é um deserto de homens e de idéias. A “boutade”, espirituosa se bem que picante, faz nos pensar nos retiros espirituais, quando os homens se recolhem ao deserto da contemplação, longe de tudo quanto atrai para este mundo e, bem junto de Deus, tem eles certamente idéias. E não daquelas idéias de corrupção e de morte, tão numerosa em nosso século, mas daquelas idéias de salvação e de vida, de que o mundo tanto precisa, idéias fundadas na rocha da Doutrina Católica, orvalhadas pela graça de Deus, e por isto mesmo contendo uma firmeza e uma fecundidade que as coisas humanas não possuem.

Positivamente, não há melhor modo para curar o Brasil e o mundo que não o retiro espiritual.

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Merece uma referência especial o falecimento de Afonso XIII. De um lado, esse monarca, se bem que afastado do exercício das funções governamentais, representou durante muito tempo um país intimamente vinculado ao nosso por laços religiosos, históricos e raciais dos mais íntimos. Do outro lado, deve-se reconhecer que Afonso XIII, tendo embora praticado erros de que pouquíssimos homens de Estado, em seu tempo, ficaram isentos, foi sempre de grande correção para com a Igreja Católica e a Santa Sé, o que constitui um título impar para a consideração e estima de todos os católicos.

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Recentemente, quanto mais agudo andavam os boatos de uma invasão alemã na Bulgária, o partido comunista búlgaro distribuiu profusamente folhetos em que se aconselhava o povo a manter uma atitude de resistência meramente passiva à vista da ineficácia de qualquer outro meio de reação.

Confere.