Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, N.º 440, 16 de fevereiro de 1941

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A impressão deixada em Londres pelo Sr. Hopkim, após o seu regresso aos Estados Unidos, é o de que a confiança dos londrinos no auxílio norte-americano não se desmentiria; mas, pelo contrário, terá a mais ampla confirmação.

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Isso resulta na opinião formada pelo representante do presidente Roosevelt, que teve aliás a mais ampla.... [erro tipográfico] por parte do ex-candidato republicano à presidência dos Estados Unidos.

A atitude do Sr. Willkie e a confirmação de seu modo de pensar, depois de uma viagem à Europa, tornam mais evidente que os isolacionistas yankees estão afastados do povo.

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Na Inglaterra, mais que as medidas governamentais, impressiona a firmeza e resistência da população diante dos bombardeios aéreos.

Nos Estados Unidos, também o Partido Republicano, sentindo o desejo da nação de combater o totalitarismo, viu-se na contingência de apresentar às eleições um candidato favorável ao auxílio a Inglaterra a fim de evitar uma fragorosa derrota. E apontou o Sr. Willkie, cujo programa muito se assemelha ao do Sr. Roosevelt.

Apesar dessa confissão de estar contra a opinião popular, já tacitamente feita, a sanha isolacionista dos republicanos não esmorece, e todos os entraves são tentados inutilmente contra a lei de plenos poderes ao presidente para enfrentar a situação mundial.

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A gravidade do momento que o mundo atravessa só não confrange os espíritos levianos e fúteis. E por isso é digna dos maiores aplausos a atitude do governo português que, nesta hora trágica, resolveu proibir expressamente todos os folguedos carnavalescos nas ruas.

Estes folguedos constituiriam uma chocante prova de inconsciência, quando na maior parte do mundo os lares estão chorando a morte de centenas de milhares de vítimas da guerra.

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Este gesto, que manifesta sentimento de pesar pelo luto que o totalitarismo espalha pelo mundo, contrasta infelizmente com as disposições de caráter racista, infelizmente adotadas pela nova lei portuguesa sobre o casamento de militares.

Reza o artigo 4º dessa lei que:

“Os oficiais do exército que solicitarem permissão para se casar, deverão fornecer a prova de que sua futura esposa é portuguesa de origem, que nunca perdeu essa nacionalidade, que é descendente de antepassados europeus, que não é divorciada e que os futuros esposos possuem os meios suficientes de subsistência em relação com o posto do marido na hierarquia militar”.

É aí digna de elogio a medida moralizadora que proíbe os casamentos com mulheres divorciadas - moralização que deveria ser estendida a todo o povo pela proibição geral e conseqüente transformação do divórcio em desquite.

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Mas qual a extensão dos demais dispositivos? Até onde deverá ser provada a ascendência portuguesa e que os antepassados são europeus? A existência de ascendentes brasileiros, por exemplo, constitui para tal lei um labéu?

O racismo anti-judaico aí implícito estender-se-ia também ao sangue mouro, e deverá ser provada a inexistência de sangues dos antigos dominadores da península na ascendência das noivas dos oficiais do exército português?

São questões que a lei deixa no ar, perigosamente.

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A ingenuidade com que a atitude russa na política mundial é comentada só se explica pela má fé.

Em cada caso de invasão germânica anuncia-se a oposição russa, inicialmente. Depois, “para evitar uma conflagração geral dos Balcãs”, ela recua, deixando o terreno livre para os nazistas.

Agora, em relação à Bulgária, deu-se a mesma coisa. E ainda mais, ameaça a Turquia, de quem até agora pouco era aliada, os sovietes. Anuncia um telegrama, a respeito:

“Os russos desinteressaram-se da Bulgária. De fato, há lugar para acreditar que sua política a respeito da Turquia se desenvolverá da maneira seguinte: ficarão neutros se a Turquia, atacada, defender o seu território, não garantindo em absoluto esta neutralidade, se a Turquia sair de suas fronteiras”.

Apesar disso, há quem acredite ou finja acreditar em divergências dos nazistas e comunistas.

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Só num terreno os comunistas agem com desembaraço: é quando sua propaganda entrava o combate ao nazismo.

Em toda a parte, as desordens comunistas são pretextos para restrições às justas liberdades.

Prevendo a mesma sorte os argentinos reagem a tempo, e solicitam do presidente Orniz, a sua volta ao poder para apaziguar os ânimos políticos exaltados e evitar as medidas draconianas que os ameaçam.

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Também contra os inimigos de Stalin os sovietes agem com igual desenvoltura. E o general Walter Krivitsky foi a última vítima de projeção de uma bala assassina.

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O Japão fez-se mediador entre a Indochina e o Thailand. Mas, como ele vai ser o árbitro, exigiu para si a melhor parte - que as delegações dos dois países, oficialmente, reconhecessem “a posição preponderante do Japão na Ásia como única potência capaz de assegurar a manutenção da ordem nessa parte do mundo”.


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