Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, N.º 439, 9 de fevereiro de 1941  Bookmark and Share

Respondendo a uma interpelação na Câmara dos representantes, o primeiro ministro do Japão, príncipe Konoye, declarou:

“Acredito que seria um erro tentar aplicar sem modificações as normas totalitárias no Japão”.

Afirma assim o Príncipe Nipônico que a elas devem ser aplicadas modificações.

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Não conhecemos as modificações do totalitarismo nipônico.

Mas os seus pontos de semelhanças são inúmeros. Apoiados na força - a ala exaltada do exército, o Príncipe Konoye - como Hitler faz, com auxilio das S.A. destroe as liberdades dos cidadãos, extingue os partidos políticos e substitui o direito pela força.

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Na política externa os métodos nazistas e nipônicos são semelhantes - depois da invasão da China, de sujeitar e humilhar a Indochina francesa, os nipões começaram a exaltar a opinião pública contra as Índia Holandesas - como os jornais nazistas fizeram com a Áustria, Tcheco-Slováquia e a Polônia, noticiando fantásticas perseguições - porque a possessão holandesa não recebeu como um presente dos céus a sua incorporação em uma nova ordem de coisas na Ásia Oriental, sob a orientação japonesa, prelúdio da sua conquista, e isso disse o general Blust ao governo de Tóquio.

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É digno de nota não ter o Japão encontrado no extremo Oriente o servilismo com que países europeus mais civilizados se submeteram ao jugo nazista, sem.... [erro tipográfico].

E entre essas resistências, a China se destaca mostrando que, como na velha fábula, há ainda quem prefira ser lobo magro e livre a ser cão gordo acorrentado. Ainda agora o ministro das relações Exteriores de Chung-King, Sr. Wang-Chung-Hui, reafirmou que, com o auxílio dos Estados Unidos, a China derrotará a ameaça totalitária no Extremo-Oriente.

A Finlândia, a Grécia e a China escrevem as mais brilhantes páginas de heroísmo da história moderna.

Ao contrário, os países aderentes ao eixo tem gastos que espantam os mais prevenidos. Ainda agora a Hungria, que não deveria esquecer nunca a tétrica experiência do regime do terror sob Béla Kun (Bella Khun), entra em entendimentos com Moscou para o reatamento de suas relações comerciais - primórdios de nova ação da propaganda comunista.

Essas atitudes incríveis são conseqüência da sempre crescente aproximação teuto-soviética, que por conveniências políticas é de quando em quando disfarçada por hábeis propagandistas.

Ainda há poucos dias, Molotov e o Conde (Friedrich-Werner Graf von der)  Schulenburg, embaixador alemão, trocaram instrumentos de ratificação dos acordos sobre as fronteiras e outros firmados entre os dois países.

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Não só a Rússia tem em alta conta as suas relações comerciais.

Também a Alemanha reinicia as suas atividade extra-bélicas, e os telegramas de Berlim anunciam que as firmas germânicas do Pará e do Amazonas receberam ordem para recomeçar suas compras de borracha que será enviada via Japão.

Confiantes na vitória, os nazistas abrem escolas coloniais. Mas o racismo não esquece de ressaltar que os alemães serão enviados às futuras colônias por prazo determinado, para exercerem unicamente função de administradores e diretores. E estudam já os planos a serem aplicados na África para sua exploração.

Ao contrário do povo superior - germânico - pretendem transferir 8 milhões de poloneses definitivamente para as regiões subtropicais entre as florestas tropicais e os desertos da África, para assim roubar-lhes sem risco de futuras reivindicações o território.

As provas do desprezo desumano do racismo pelos países que ele considera inferiores continua e o Instituto da Economia Agropecuário anunciou ter sido oficialmente proibida a venda de pão branco ou farinha de trigo aos poloneses.

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Não só aos inimigos se estende o desprezo racista. Também os próprios aliados são vítimas dele, e a prova é que, em vez de auxiliar os italianos na Albânia ou na África, os nazistas procuram dominar as principais bases italianas na Península e na Sicília, dando evidente prova de desconfiança em seus aliados - porque são latinos e não pertencem à raça nórdica.

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Ao contrário, apesar de adversários dos ingleses, e contra toda a conveniência política, os nazistas deixam transparecer que odeiam o governo Churchill e os que se batem contra a ideologia nazista, mas admiram o povo inglês pelo seu sangue.

É o ministro da Aeronáutica do Reich, general Milch, que declara pelo rádio:

“Devemos esperar perdas. Já em 1918, os aviadores ingleses eram os melhores do mundo, pondo de parte os alemães. Os ingleses são de raça germânica e tem, como nós, espírito combativo. Seria um milagre se eles desaparecessem repentinamente da superfície da terra. Nós, soldados, sabíamos que a quebra da resistência britânica exigiria de nós tarefas diferentes daquelas que enfrentamos na Polônia, na Bélgica e na França”.

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Ainda que Hitler vencesse a guerra, a posição dos ingleses seria preferível à dos italianos. Pois mesmo quando o combate, o racismo distingue o inglês - por seu sangue - dos outros povos que julga inferiores: eslavos, latinos, etc.


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