Legionário, N.o 434, 5 de janeiro de 1941

7 DIAS EM REVISTA

Em resposta a um telegrama enviado pelo Sr. Adolfo Hitler, o Sr. Benito Mussolini enviou a seguinte missiva.

“Agradeço-vos as felicitações e os votos que me transmitistes, e aos quais retribuo com a mesma sinceridade. Também em 1941, nossas revoluções e nossos povos marcharão unidos para a luta, como já o fizeram antes, conservando sua fraternal camaradagem até a vitória final”.

As revoluções marcharão juntas ou em outros termos, fascismo e nacional-socialismo caminharão lado a lado.

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É freqüente por ocasião da passagem de ano, ler-se nos jornais ou ouvir-se nas palestras das mais variadas rodas, termos como os seguintes: “o ano de 1940 foi azarento”, “espero que o destino me seja favorável em 1941”, “quero ver se em 1941 tenho menos peso”, “1941 será o ano da sorte”, etc., etc. Infelizmente, não são raras as pessoas que, por ocasião da passagem do ano, às 24 horas do dia 31, se entregam às mais hirsutas manifestações de superstição. Alguns se conservam de pé exclusivamente sobre a perna direita. Outros fazem figa. Outros batem na madeira. Outros, enfim, apertam figas, amuletos e outros objetos supersticiosos, aos quais não raras vezes está misturada alguma medalhinha representando Nosso Senhor ou um Santo.

Todas estas manifestações, além de serem inteiramente impróprias a católicos, ainda são de molde a afastar de nós numerosas graças.

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Em primeiro lugar, convém frisar que a “sorte” não existe. O que existe é a Providência de Deus.

Na sua infinita sabedoria, Nosso Senhor dispõe os acontecimentos conforme melhor convém à santificação dos homens, condicionando a essa santificação as vantagens temporais de que possam gozar. Ora, interferindo no curso natural das coisas, ora deixando que o curso dos acontecimentos siga ao sabor do livre arbítrio humano. Deus de tudo sabe tirar proveito para sua glória e para a salvação das almas. E, assim, manda-nos a Igreja que adoremos, ainda mesmo nos fatos os mais dolorosos e surpreendentes, os insondáveis e amorosíssimos desígnios de Deus, que escapam à frágil e miserável compreensão das criaturas.

Supor que os acontecimentos, em lugar de serem dirigidos pelo Criador, são orientados por forças brutas e cegas, que se chamariam “destino”, “sorte”, “azar”, “peso”, etc., é colocar em lugar de Deus coisas imaginarias, é portanto ofender a Deus, e por isto mesmo é provocar a ação vingadora de Sua Justiça.

Evidentemente, a Providência de Deus não é inflexível. Pai amoroso, quis Nosso Senhor que o homem pudesse, por meio da oração, obter graças que de outra maneira não receberia. E tão grande lhe pareceu a importância da oração que depois de ter suscitado nos discípulos o desejo de saber orar bem, o próprio Salvador lhes ensinou a oração dominical.

É lícito ao homem, premido pelas tormentas espirituais, ou pelo peso das desgraças temporais, levantar seus olhos a Deus pedindo-Lhe alívio. Este alívio Deus o concede misericordiosamente se convenientemente suplicado, e não nocivo à nossa santificação. De quantos benefícios espirituais ou temporais se priva o homem que não sabe pedir!

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Não se limitou Nosso Senhor a ensinar os homens a rezar. Foi mais longe, e Sua Igreja instituiu o uso de certos objetos bentos, cujo porte atrai, por especial disposição da Esposa de Cristo, graças particulares, quer temporais quer espirituais. É este por exemplo, o caso do escapulário.

Entretanto, atribuir estes mesmos efeitos a objetos que não foram bentos pela Igreja, a cujo porte nenhuma intenção piedosa se pode ligar, e que nada apresentam de meritório em seu significado, como é o caso de figas e outros amuletos, constitui uma ofensa a Deus, pois que implica em um ato de confiança em matéria inerte e que portanto não merece tal confiança, ou em forças preternaturais, ocultas e misteriosas, que não existe, e não passam de fantasmagorias suscitadas pelo demônio.

Assim, não contem com as graças de Deus, aqueles que as pediram por meios vãos e supersticiosos.