Registramos com pesar a informação publicada pelo
órgão francês “La Croix” de que uma estatística feita
nos Estados Unidos em abril deste ano
apontava a existência, naquela república, de 75.602.615 ateus.
Este extraordinário desenvolvimento do ateísmo é um
fruto da decomposição do protestantismo que, tendo arrancado as massas ao
grêmio da Igreja, as privou implicitamente de todos os recursos necessários
para conservarem uma convicção sólida nas verdades reveladas e por fim as
atirou contra as próprias verdades que estão ao alcance da filosofia natural.
Infelizmente, o ateísmo, ou sob a forma da negação
radical da existência de Deus, ou sob a forma
mais hipócrita da afirmação neo-pagã de um
deus vago e impessoal, que em última
análise se reduz à “natureza” dos evolucionistas,
é o grande flagelo de nossos tempos. E, enquanto ele se alastra na América do
Norte, conquista “manu militari”
povos inteiros na Europa.
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Entretanto, é sumamente consolador
que a mesma estatística tenha registrado um aumento sensível no número de
católicos, que se eleva atualmente, nos Estados Unidos, a 19.914.937, sendo
que, desde 1930, o número de conversões ao Catolicismo atingiu a 1.300.934.
Graças a Deus, é esta a outra nota consoladora de nossos tempos. Enquanto crescem de vulto as apostasias, também crescem de vulto as conversões, e o
mundo caminha, de modo cada vez mais resoluto, para as duas grandes posições
que são, de um lado o extremo da impiedade, e de outro lado o Catolicismo
Apostólico Romano, autêntico, cuja expressão genuína e categórica se traduz no
santo radicalismo dos que não querem ser nem frios nem mornos, mas positiva e
decididamente ardentes.
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Achamos exagerado o tumulto que se levantou em
torno da execução do Sr. Companys. Sem entrar na apreciação do modo pelo qual aquele
revolucionário foi detido, o que não podemos fazer por falta de pormenores, não
devemos, entretanto, deixar de protestar contra certo modo de noticiar o fato,
segundo o qual Companys é apontado como um mártir da
civilização. Homem de princípios irremediavelmente oposto ao Catolicismo, era
ele implicitamente um inimigo da verdadeira civilização, e se pode sustentar
que entre seus adversários muitos não
seriam melhores que ele, nem por isso se deve entender que ele foi um
benemérito.
Rezando embora para que Deus se apiede
de sua alma, não podemos deixar de fazer à margem deste acontecimento um
comentário ditado pelo bom senso e pela justiça.
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A aproximação do Sr. Franco com a Alemanha traduz, na política
interna da gloriosa e sempre querida Espanha, o início de uma era de perturbações. Com efeito, a
Revolução, de que o caudilho foi chefe, exprimiu o grande anseio da massa do
povo espanhol por uma Espanha verdadeiramente católica, reintegrada finalmente
em sua gloriosa tarefa de baluarte da civilização católica.
Ora, todos os elementos que, com este título,
lutaram ao lado de Franco, não podem deixar de se sentir decepcionados e
apreensivos ao ver que diminuem as probabilidades de se conservar a Espanha
neutra no presente conflito.
Segundo supomos, é a perspectiva deste
descontentamento interno que se deve a visita do Sr. Himmler a Madrid. O chefe da famosa Gestapo alemã ensinará a
seus correligionários espanhóis como montar um policiamento soberanamente
eficaz. E os rigores deste policiamento, em lugar de serem exercidos contra os
comunistas, irão ter por alvo predileto os carlistas, os católicos da
orientação de Gil Robles, etc.
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Embora com as devidas reservas, não podemos deixar
de publicar a informação que um telegrama procedente de Roma enviou a Nova
York: S. E. o Cardeal Baudrillart, Reitor do Instituto Católico de Paris, estaria sob estreita vigilância das autoridades alemãs,
por ter dois dias antes da entrada destas em Paris, escrito no livro de minutas
da Academia Francesa, de que o Prelado é Secretario, uma frase reputada
injuriosa à Alemanha. S.E. o Cardeal Suhard, Arcebispo de Paris,
também estaria em dificuldades com as Autoridades alemãs, e S. Ex.a Rev.ma o
Arcebispo de Rennes continua preso em
virtude de ser acusado de opor resistência à propaganda alemã.
A esta notícia, entretanto, temos uma ressalva a
fazer. A propaganda nazista costuma identificar Alemanha com o nazismo, de
sorte que sempre que se lê aquela palavra é esta última que se deve ler.
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Um telegrama proveniente de Hanói informa que o chefe
da missão naval japonesa naquela cidade deu uma entrevista a United Press, em que declarou não
ter dúvidas de que o governo de Vichy cederia ao
Japão as bases navais que este solicitasse na Indochina, “em virtude do governo
de Vichy depender do alemão”.
A frase é textual.
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É digno de nota o seguinte telegrama da United Press, procedente de Vichy, e publicado pela Folha da Manhã[1]
desta Capital: VICHY, 18 (U.P) - Anuncia-se que as potências do “eixo” fizeram
uma nova advertência à França para que esteja preparada para pagar caro sua
fracassada guerra contra a Alemanha.
Assinala-se que tanto as emissoras alemãs como as
italianas declararam, em suas últimas e recentes irradiações, que o atual
armistício significa unicamente uma paz temporária e que não é um prelúdio de
uma paz verdadeira, acrescentando, com sugestiva consonância que a França deve preparar-se para pagar “primeiro por ter
perdido a guerra e, segundo, por ter provocado a guerra que perdeu”.