Lamentamos a atitude deselegante de um jornal
fascista publicado na Itália que criticou severamente o Santo Padre porque este
teria escrito ao governo de Londres, pedindo-lhe que não fosse bombardeada a
Cidade Eterna.
Disse aquela folha que a invulnerabilidade de Roma não depende dos
pedidos do Santo Padre, mas da eficácia das armas antiaéreas do fascismo, pelo
que a capital da Itália não precisava da interferência do Sumo Pontífice.
Seria difícil pensar com menos bom senso. Uma
cidade pode ser protegida contra derrota ou a destruição total, por suas
baterias antiaéreas. Não há, porém, baterias capazes de preservar de um ataque
aéreo. Isto é tão evidente que dispensa demonstração.
* * *
O que é preciso acrescentar é que o Santo Padre, se fez tal pedido, não precisou da procuração de nenhuma
autoridade temporal e humana. Ele é Bispo de Roma e, como tal, por sua própria
autoridade, pode tomar a iniciativa de preservar aquela gloriosa metrópole de
qualquer flagelo.
De mais a mais, os católicos, que tem o espírito de
fé, bem sabem que mais vale o auxílio de Deus do que mil baterias antiaéreas.
Diz o Espírito Santo, na Sagrada Escritura, que se o Senhor não defender uma cidade,
em vão trabalham os que procuram defendê-la.
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(...) Renasce no pavilhão francês a Cruz de Joana d'Arc.
É esta a notícia auspiciosíssima
que nos veio da Europa. O Gal. De Gaulle mandou que em todos
os aviões, navios franceses, etc., sob seu comando, fosse hasteado um pavilhão
contendo a Cruz de Joana d'Arc, conhecida também por
“Cruz de Lorena”, como emblema da futura libertação
do solo francês, das tropas neo-pagãs de nossos dias.
Quem não poderia sentir-se tocado ante esta atitude
tão expressiva?
Belíssima foi a idéia de S. E. o Cardeal Hinsley, Arcebispo de Londres, de presentear com 2.500.000
crucifixos os soldados britânicos. Este presente adquire especial significação
se tomarmos em conta que não serão raros os militares, especialmente escoceses,
que pertençam à seita que professam o repúdio às imagens. A veneração de uma
imagem significa para eles uma ruptura com o protestantismo. E a notícia que
recebemos informa que já foram distribuídos 500.000 destes crucifixos!
* * *
Enquanto a Inglaterra está sob o peso de uma
tremenda ameaça que, talvez, quando estas linhas forem publicadas se tenha
convertido em realidade, parece incrível o trabalho que os “homens de Munich” desenvolvem no sentido de abrandar a resistência da
opinião pública ao blitzkrieg
alemão. Assim, um membro da Câmara dos Lords não
encontrou, na semana passada, assunto mais importante para tratar na Casa do
Parlamento do que a necessidade de não exercer excessiva vigilância sobre os estrangeiros
residentes na Inglaterra e pertencentes a potências inimigas. É possível que em
uma Inglaterra vitoriosa e prestes a derrubar o adversário esta preocupação não
fosse imprudente e significa-se um cavalheirismo real. Mas hoje em dia?
Realmente, não terá outros assuntos para tratar na Câmara dos Lords?
Por outro lado, nada indica que haja excessos neste
sentido, ao menos a julgar segundo o tratamento dispensado aos fascistas
ingleses.
A este propósito, a United
Press publicou o seguinte telegrama: A VIDA DOS
FASCISTAS INGLESES NA PRISÃO.
LONDRES, 4 (U.P.) - Alguns órgãos da imprensa
londrina tratam hoje da vida que os fascistas britânicos levam nos cárceres de Bristol e Hollowy, o que poderia
constituir objeto de interpelações no Parlamento. Diz-se que “Sir” Oswald Mosley, chefe do fascismo britânico, realiza freqüentes reuniões
com seus partidários, durante as quais jogam “bridge” e bebem champanha. Os
fascistas saúdam-se da forma caracteristicamente conhecida.
Lady Mosley
toma banhos de sol nos jardins da prisão. Segundo o “Reynold's
News”, os fascistas ingleses presos realizam também
verdadeiras assembléias “sem vigilância alguma”, durante as quais traçam planos
para o futuro “Estado britânico fascista”.
Não seria melhor que se preocupasse com isto o
ilustre “lord” tão solícito com o conforto e
segurança dos prisioneiros estrangeiros? Em todo o caso, parece que essa
preocupação não o impressionou, porque até o presente momento o Parlamento não
cuidou do assunto.