Teve grata impressão o gesto do Ex.mo Sr. Dr.
Ademar de Barros, Interventor Federal neste Estado, que assinou um decreto
subvencionando as obras da construção da nova Catedral com a quantia de mil e
quatrocentos contos.
O grandioso empreendimento de Dom Duarte Leopoldo e Silva, a
que o atual Arcebispo Metropolitano vem dando prosseguimento com tanto carinho,
merece largamente o apoio dos poderes públicos, para o que apresenta tantos
títulos, que seria impossível enumerá-los em uma rápida nota dos “7 dias em
revista”. É, pois, explicável a satisfação com que a opinião pública poude ver o Governo do Estado tomar tal iniciativa,
especialmente pelo modo gentilíssimo por que o fez.
* * *
No panorama internacional, poucos acontecimentos
sobrelevam em importância, na semana passada, a definição clara da linha de
conduta do Japão no Extremo Oriente.
Enquanto as nações americanas reunidas em Havana procuram
dar conteúdo mais firme e consistência mais real à doutrina de Monroe, a chancelaria japonesa, com surpresa geral, arvorou uma
“doutrina de Monroe extremo-oriental”,
em virtude da qual a influência de potências européias ou americanas no extremo
oriente deve desaparecer, ficando tal região reservada exclusivamente aos povos
ali radicados.
As conseqüências dessa atitude são óbvias. De um
lado, implicam elas em uma radical modificação das relações nipo-chinesas,
que devem passar a ser cordiais, e em um estreitamento das relações do Japão
com a Rússia e a Índia. De outro lado, significam uma ofensiva implícita contra
a Inglaterra e os Estados Unidos.
Não é difícil perceber até que ponto isto beneficia
o triângulo totalitário Moscou-Berlim-Roma, e
facilita a ofensiva alemã contra a Inglaterra. Efetivamente, desde que uma
guerra nipo-britânica acarrete uma ofensiva russo-japonesa à Índia e Austrália, quem não perceberá a debilitação que com isto sofrerá a
resistência de Albion ao sempre iminente “blitzkrieg”
germânico?
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A política interna da França continua a seguir
os rumos que havíamos previsto. Depois da “totalitarização”
das instituições, começa agora a propaganda racista, manifestada através da
perseguição aos judeus. Os argumentos doutrinários sobre os quais se apoia, nos
Estados totalitários, o anti-semitismo, são tão radicalmente contrários à
doutrina católica que não podemos deixar de ver nisto mais um passo para a paganização do Ocidente.
Por outro lado, o “terror pardo” continua a se
estender pela França. Os telegramas dali provenientes só nos falam em
tribunais, em julgamentos por alta-traição, em
confisco de bens, em cassação de cidadania, etc. Evidentemente, a “alta-traição” consiste em não ter querido capitular ante o
adversário.
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Merece toda a atenção o discurso pronunciado pelo
“camarada” Molotov, na quinta-feira p.p. Depois de comentar a seu modo a
deglutição das republiquetas bálticas
pela Rússia, aquele agitador teve, sobre as causas do colapso francês, uma
afirmação singular. Afirmou ele que a derrota da França não se poderia
explicar pela incompetência militar, mas pelo fato da grande importância de que
os círculos governamentais franceses, ao contrário da Alemanha, consideram o
papel dos sovietes nos negócios europeus como de menor relevância”.
Isto, em outros termos, implica em confessar que o
apoio dispensado pela Rússia à Alemanha foi fator preponderante de vitória. E
se a Rússia auxiliou assim a Alemanha, quem poderia afirmar que ela é hostil ao
regime nazista, que, por força da vitória das armas alemãs, se alastra agora
pela Europa inteira?
* * *
Depois refere-se Molotov
laconicamente às relações anglo-russas, que deve
“considerar-se objeto de consideração a dificuldade de um desenvolvimento
satisfatório das relações anglo-russas, depois das
manifestações de hostilidade da Grã-Bretanha contra os Sovietes”. E concluí asceticamente:
“A designação do Sr. Stafford-Cripps como embaixador
inglês junto aos sovietes, reflete o desejo da Grã-Bretanha de melhorar suas
relações com eles”, para logo em seguida acrescentar logo depois que, caso a
Inglaterra seja atacada pelo eixo Roma-Berlim, se bem
que não auxilie o ataque, a Rússia não oporá a isto qualquer obstáculo.
* * *
São calorosos, pelo contrário, os trechos
referentes às relações germano-russas e ítalo-russas. Leiamos suas declarações.
“Referindo-se às relações germano-russas,
o Sr. Molotov declarou que continuam de acordo com as
linhas gerais estabelecidas pelo pacto russo-alemão”.
“A estrita observância deste acordo por parte do
nosso governo removeu qualquer possibilidade de atritos nas relações russo-alemãs. Os sovietes tomaram determinadas medidas nas
fronteiras ocidentais, e que asseguram calma e segurança à Alemanha leste”.
Os acontecimentos da Europa, longe de diminuir a
importância do pacto de não agressão germano-russo,
demonstraram a sua importância e eficiência.
Referindo-se às especulações feitas pela imprensa
estrangeira sobre a possibilidade de um mal-entendimento
entre a Rússia e a Alemanha, o Sr. Molotov afirmou:
“Estas afirmações tem sido desmascaradas mais de
uma vez, tanto pela Alemanha quanto por nós mesmos, são postas de lado e
consideradas sem valor algum. Podemos apenas reiterar que em nossa opinião as
relações de amizade e boa vizinhança entre a Rússia e a Alemanha não são
baseadas em considerações fortuitas e de natureza transitória, mas nos
interesses fundamentais da Alemanha e Rússia”.
As relações russo-italianas
melhoraram ultimamente. “A troca de vistas com a Itália revelou que existem
possibilidades de mútua compreensão entre os dois países na esfera da política
exterior, bem como de extensão das relações comerciais russo-italianas”.