Legionário, N.º 408, 7 de julho de 1940

7 DIAS EM REVISTA

Telegramas de anteontem nos deram notícias de que, até aquela data, fortes da linha Maginot ainda resistiram ao inimigo, não se conformando com a defecção do governo francês ante os nazistas.

Esse fato é sintomático e constitui mais um elemento provante da repulsa com que os franceses receberam o armistício pedido por Pétain.

Na França, inteiramente isolada do mundo pela astúcia de Hitler, que exigiu a cessação de todas as atividades telegráficas a fim de dividir o país e assim mais facilmente impor-lhe o novo regime totalitário, para o qual não faltarão os “Quislings”, essas pequenas notícias devem ser tomadas em toda a extensão do que realmente traduzem.

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A respeito do novo regime a ser adotado pela França, para o que será o parlamento convocado em Clermont-Ferrand, formando a Assembléia Nacional, nada de positivo ainda se sabe, exceto que o regime a ser imposto ao país é o totalitário.

As últimas notícias citam um artigo do “Deutsche Allgemeine Zeitung”, segundo o qual a França terá brevemente um novo governo e nova constituição que “farão daquele país um Estado essencialmente agrícola”.

Isso significa simplesmente a destruição das indústrias francesas, e a redução do país a um feudo germânico, de cujas indústrias viria obrigatoriamente a se abastecer.

Como “armistício honroso”, indiscutivelmente Pétain não podia desejar maior vergonha. 

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Apesar de não ter ainda conseguido iludir inteiramente a opinião norte-americana sobre os perigos que ameaçam o país, a quinta coluna não consegue deter seus ímpetos terroristas.

No próprio coração de Nova York, na Feira Mundial, lançaram eles bombas lança-chamas visando destruir o pavilhão britânico.

O fato, cujas conseqüências materiais não foram de maior monta, veio tornar público que os elementos anti-nacionais yankees não só agem pela propaganda insidiosa, como ainda estão providos com os mais modernos armamentos para provocar qualquer desordem no país.

O governo francês resolveu romper relações com Londres, em virtude de ter a esquadra inglesa bombardeado e posto a pique os navios franceses ameaçados de cair em mãos dos nazistas.

Se a Alemanha fosse dirigida por outro governo que não o nazista só lhe restaria responder a Pétain que apreciava devidamente o gesto que os ingleses tiveram, para salvaguarda da honra da França, uma vez que a marinha de guerra germânica também preferia ser sepultada nos mares que sofrer a desonra de cair nas mãos inimigas depois [erro tipográfico do jornal].....1918.