O “Legionário” não tem uma única palavra a dizer
sobre a conduta por S.M. o Rei dos belgas, Leopoldo III. É obvio que se
o soberano assumiu a atitude que lhe foi atribuída, agiu de modo sumamente
decepcionante. Não consideramos, entretanto, suficientemente provado que ele
tenha agido de forma espontânea, e não nos parece afastada a hipótese de haver
atrás disto mais um imenso “bluf” da propaganda nazista, que estaria abusando da
impotência de um Rei feito ardilosamente prisioneiro. Em outros termos, apesar
dos pesares, não julgamos certo que Leopoldo III tenha dado realmente a ordem
de capitulação.
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A conjetura
é evidentemente ousada, e muitos leitores a reputarão absurda. Entretanto,
quando nosso jornal denunciou a existência de elementos traidores no próprio
seio das altas esferas francesas, não se julgou francamente temerária nossa
atitude? E agora, depois do misterioso desaparecimento do General Gamelin, da reforma de 15 generais e de uma remodelação dos
quadros diplomáticos, quem não percebe que tínhamos razão?
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O mais curioso é que muitos franceses aqui
domiciliados julgaram anti-francesa a atitude desta
folha. Agora lhes perguntamos: Pétain e Weygand foram anti-franceses quando fizeram esta profunda remodelação?
Na realidade, nenhum católico pode ser anti-francês, nem anti-alemão,
nem anti-turco, nem anti-chinês,
isto é, ninguém pode odiar um povo em si. O “Legionário” aplaude o bem por toda
a parte, e censura o mal. Por isto, não tem ele suficientes vitupérios contra
Hitler, nem suficientes
elogios para o Cardeal Faulhaber e os católicos
alemães, como não tem suficientes censuras para os franceses da “quinta
coluna”, nem suficiente simpatia para com a grande, gloriosa, dilectíssima França, que se opõe de modo formal ao avanço
do paganismo no seio da Europa.
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Começam a circular certos rumores de que a França assinará uma paz em
separado com a Alemanha, a qual se voltará inteiramente contra a Inglaterra.
Trata-se de mais uma manobra das forças secretas, no sentido de dar ganho de causa ao totalitarismo teuto-russo, separando o bloco anglo-francês.
Quem conhece “Mein Kampf” de
Hitler, percebe como este sempre desejou lançar uns contra os outros, franceses
e ingleses. No fundo, porém, seu real desejo não é de estraçalhar a Inglaterra,
mas a França. Atualmente, começa ele a sorrir à França. Mas seu real propósito
é de, assinada a paz em separado com a França, pôr-se em paz também com a
Inglaterra e depois, aliada a esta, atacar a França.
Queira Deus que o percebam claramente os políticos
que se devem opor a esta insidiosa manobra.
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Outra manobra também muito visível é a da Rússia, fingindo uma certa hostilidade para com a Itália. Repugna ao povo italiano, profundamente católico, entrar
em guerra ao lado de uma Alemanha aliada à Rússia. Por isto, finge-se no
momento uma dificuldade diplomática qualquer entre a Itália e a Rússia, cujo
efeito deve ser de arrastar mais facilmente o povo italiano à guerra. Depois de
declarada a guerra contra a Inglaterra, a Rússia se reconciliará com a Itália
novamente...