Merece registro a
notícia proveniente do Vaticano segundo a qual não é exato que tenha sido
deportado, pelo governo da Espanha, S.E. o Cardeal Segura y Saens,
Arcebispo de Toledo. Receava-se, com razão, esta medida como conseqüência de
violento incidente havido, segundo nos informaram os telegramas da semana
passada, entre aquele eminente e virtuoso Prelado, e o governador civil de Sevilha.
* * *
Os telegramas desta semana
nos trouxeram a notícia de que reina, no Extremo-Oriente,
uma intensa atividade diplomática, especialmente notável nos círculos chegados
ao Ministério do Exterior do Japão, na previsão de um “putsch” germânico contra a
Holanda. A Inglaterra, os Estados Unidos e o governo de Tóquio examinam o
destino a ser dado às colônias neerlandesas localizadas na Oceania.
Este fato mostra que não
foram prematuras nossas considerações a respeito da Guiana Holandesa que,
situada ao norte do Brasil, a dois passos do Canal do Panamá e próxima às
Antilhas, poderia trazer a nosso país, à Venezuela e aos Estados Unidos os mais
graves embaraços caso, em um futuro mais ou menos próximo, se transformasse em
colônia alemã.
* * *
Se a atitude das
chancelarias de Londres, Washington e Tóquio parece considerar a queda da
Holanda como um futuro “fato consumado”, não pode ser essa a nossa atitude de
católicos. Sem prejuízos de nossos deveres para com a Pátria, que nos obriga a
zelar de modo sumamente vigilante por sua integridade territorial e a evitar
portanto vizinhos ávidos de “espaço vital”, devemos lamentar a situação
precária em que a Bélgica e a Holanda se encontram e orar intensamente por
elas.
* * *
Dirá, talvez, algum
céptico que a oração nada pode em casos como estes, quando todas as forças já
parecem conjuradas para preparar um desenlace fatal. Mas a linguagem dos
cépticos não pode ser a dos homens de Fé. A oração é tanto mais necessária
quanto mais críticas parecerem as circunstâncias, e a suma gravidade do perigo
não é senão mais um motivo para rezarmos com mais humildade e maior confiança.
Deus, que poude afogar no Mar Vermelho o exército do
Faraó, continua hoje em dia tão Onipotente como naquela época, porque é
Eterno...
* * *
Se a tal conclusão não
nos levassem os motivos de Fé os mais elementares, a ela chegaríamos em virtude
do último apelo dirigido pelo Santo Padre a todos os católicos.
Sua Santidade, depois de
lamentar ardentemente as desgraças que a guerra já trouxe, se refere claramente
ao perigo em que se encontram as nações neutras, o que é uma clara denúncia de
um novo “putsch”.
Será este levado a efeito contra a Holanda e Bélgica ou contra os Balcãs? Ninguém o
sabe, se bem que a segunda hipótese nos pareça muito mais provável. Seja como
for, enquanto os filhos da iniquidade se preparam em segredo para agredir
países inocentes, Deus está no céu e
governa com sabedoria o mundo inteiro. É a Ele, pois, que nós devemos nos
dirigir com humildade. É possível que Ele, em sua sabedoria, não ouça hoje
nossas preces. Mas estas cairão como brasas ardentes sobre a cabeça do inimigo
impenitente. E tornarão certamente mais breves ou mais meritórios os
padecimentos dos inocentes.
* *
*
Merece particularíssimo
registro, para nosso exemplo, a piedade filial e tocante do Santo Padre para
com a Santíssima Mãe de Deus.
De todas as práticas de
que é tão rica a piedade católica, nenhuma o Santo Padre recomenda com maior insistência de que a
devoção a Maria. A razão é dupla. Em primeiro lugar, Maria Santíssima é a Medianeira Universal, e ninguém pode
alcançar graças de Deus sem ser por intermédio d’Ela.
Perante Deus só temos um Mediador, que é Jesus Cristo. Mas junto a Jesus Cristo
nada podemos alcançar sem a Mediadora necessária que é Maria.
A este propósito, é
muito e muito digno de nota que o Santo Padre autoriza a esperança de uma breve
definição dogmática da Mediação Universal de Maria, a Ela se referindo de modo
tão claro e tão profundo em sua alocução.
* *
*
A segunda razão, que o
Santo Padre não menciona, mas está na Teologia, é que “Maria Santíssima esmagou
por si só todas as heresias” como canta a Igreja Universal.
Em todas as lutas contra
a heresia, o triunfo da Igreja é sempre devido à intervenção de Maria.
Esmagando a cabeça da serpente, esmagou Ela todos os heresiarcas de todos os
séculos. Ninguém, pois, melhor do que Ela deve ser invocada no mês de maio, a
Ela consagrado, para esmagar a imensa heresia totalitária que ameaça devorar,
de vítima em vítima, a Europa inteira.