Legionário, N.º 383, 14 de janeiro de 1940

7 DIAS EM REVISTA

Sir Joseph Avenol, Secretário Geral da Liga das Nações, oficiou a todos os países não filiados àquela entidade internacional, solicitando seu apoio moral e material à Finlândia, ora empenhada em uma gloriosa e desigual luta com o bolchevismo. A esse ofício, o Sr. Oswaldo Aranha, Ministro do Exterior, respondeu prometendo o apoio moral do Brasil à Finlândia, para que esta repila as formidáveis forças do exército invasor. Dentro desta ordem de idéias, o Brasil até já havia providenciado, acrescentou nosso Chanceler, enviando à Finlândia um protesto contra a violência de que ela está sendo objeto.

O governo argentino comunicou a sir J. Avenol que enviará 150.000.000 de quilos de trigo àquele glorioso país, concorrendo assim de modo sumamente eficaz para a vitória da Finlândia.

Não deve jamais desfalecer, no Brasil, a propaganda anticomunista. É dever da imprensa católica, de quando em quando, reavivar a indignação pública contra aquele regime totalitário, tanto mais que a essa atitude muito se deve prestar nosso atual ambiente político, uma vez que foi para combater mais eficazmente o comunismo que se levou a cabo o golpe de 10 de novembro, no dizer dos autores deste.

Assim, não podemos deixar de registrar com satisfação o vigoroso protesto de toda a Câmara dos Deputados da França, quando alguns deputados comunistas mobilizados, que deveriam estar na Linha Maginot a defender sua pátria, tiveram a audácia de se apresentar àquela Casa do Parlamento, demonstrando assim que não estavam no cumprimento do seu dever. Essa atitude de acintoso e repelente antipatriotismo dos deputados totalitários provocou uma tal explosão de cólera, que foram eles fisicamente agredidos por seus colegas, e expulsos do recinto por funcionários da Câmara.

Esse incidente prova claramente a corrupção profunda que as convicções totalitárias de Marx insinuaram no espírito daqueles deputados.

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A rádio-emissora do Vaticano anunciou, há dias, que a polícia secreta alemã, obedecendo à política totalitária do governo, dissolveu duas organizações femininas católicas, tendo sido confiscados bens a elas pertencentes. Acrescenta a estação de rádio da Santa Sé que, também na Rússia, a campanha do totalitarismo contra o catolicismo continua intensa, tendo o governo soviético baixado um decreto que considera órgão para-estatal uma organização ateísta russa, cujos dirigentes terão os privilégios próprios aos altos funcionários soviéticos. Entre as atribuições dessa nova entidade, figura a organização de comícios que, com as maiores proporções possíveis, deverão reunir em praça pública as multidões, a fim de que neguem solenemente a existência de Deus Nosso Senhor.

Para tratar, entre outros assuntos, da situação dos católicos poloneses recentemente incorporados ao Reich, reuniu-se em Berlim uma conferência de Bispos, à qual, infelizmente, não pôde comparecer, por enfermo, o grande e imortal Arcebispo de Munich, Cardeal von Faulhaber.

O “Legionário”, que tantas vezes tem sido forçado a atacar a política totalitária e, implicitamente, anticatólica do nazismo, aproveita a ocasião para exprimir sua veneração irrestrita ao glorioso Episcopado alemão que, com uma energia heróica, tem sabido defender os direitos da Santa Igreja de Deus. O “Legionário” nunca teve, não tem e jamais terá animosidade contra a Alemanha. Pelo contrário, vê nela um dos mais ilustres e simpáticos países do mundo. Mas a Alemanha heróica, cavalheiresca, ativa, ordeira e tradicional, a Alemanha educada e sobrenaturalizada pela ação da Igreja nada tem de comum com o paganismo nazista, contra o qual todo e qualquer católico deve lutar destemidamente, sob pena de ser indiferente aos interesses de sua Fé.

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Continua intensa a propaganda em prol da bolchevização da Polônia. Assim, na Universidade de Lwowo, foi criada uma cadeira de “leninismo”. Brevemente reunir-se-á, na mesma cidade de Lwowo, [erro tipográfico, linha truncada]....... foi criada uma cadeira com professores russos, destinado a organizar e adaptar, segundo o espírito comunista, os métodos de ensino na Polônia. Uma seção do Comissariado ou Ministério da Instrução da Rússia já foi instalada na Polônia, tendo promovido 160 conferências sobre o comunismo, a fim de bolchevizar o país.

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Para terminar, uma nota curiosa. No Brasil, os protestantes, cujos “pastores” são em geral agentes imperialistas “yankees”, vivem com a boca cheia de expressão “liberdade de pensamento”, e proclamam ser uma violação dessa liberdade o reconhecimento, aos católicos, de seus mais elementares direitos, como por exemplo o do ensino religioso, aliás também facultado aos protestantes.

Entretanto, nos países em que eles têm elementos aberta e declaradamente seus no governo, são eles os maiores inimigos do que eles mesmos costumam chamar “liberdade de pensamento”.

Assim, por exemplo, porque o Sr. Roosevelt, com intuitos mera e exclusivamente políticos, constituiu um representante pessoal junto ao Santo Padre, foi uma saraivada de críticas contra o Chefe do Governo, a tal ponto que este resolveu receber em audiência especial os “pastores” mais recalcitrantes, a fim de lhes dar explicações.

É assim, pois, o liberalismo protestante: essencialmente contraditório. Pelo que, aliás, se mostra ele autenticamente protestante, porque a marca característica do protestantismo é a contradição.