Louvamos
sem restrições a atitude assumida pelo Sr. ministro das Relações Exteriores a
propósito da cínica e cruel agressão desferida pela III Internacional contra a
Finlândia.
Por
ordem de S. Ex.a., o governo brasileiro apresentou seus sentimentos de
cordialidade e simpatia ao heróico governo de Helsingfors,
e só deixou de protestar junto ao comitê de Moscou porque o Brasil tem a honra
e a ventura de não manter relações diplomáticas com os algozes do povo russo,
do povo polaco e possivelmente, em futuro não distante, do povo finlandês.
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Não
faltam, infelizmente, católicos ingênuos que para canonizarem em vida uma
pessoa acham suficiente que esta faça alguma objurgatória contra o comunismo (...).
E
se alguém tem a imprudência de mostrar que o pretenso (...) anticomunista é de
uma sinceridade muito duvidosa, por pouco esse “alguém” não passa por
assalariado da III Internacional.
É
graças a essa a ingenuidade que o Sr. Hitler está de posse do governo na
Alemanha...
Não
pensa assim, entretanto, a Santa Sé. E, neste sentido, é mais do que
significativo o fato de ter recusado o Santo Padre Pio XII de fazer parte de
uma frente mundial anticomunista que lhe foi proposta pela Inglaterra. A razão
alegada foi que “o Vaticano não se pode associar a nenhuma combinação de
potências por motivos puramente terrenos”.
* * *
Muita
gente estranhará a atitude da Santa Sé. Se tais motivos forem lícitos, porque
não aceitará a Igreja a colaboração dos que, baseados neles, pretendem combater
o comunismo?
Evidentemente,
a Igreja não rejeita tal cooperação... mas de longe. Colaboração é coisa que
não se deve tomar por confusão. Colaborar é possível, mas para tal não é
necessário que se constitua uma frente única. Porque, no fim das contas, como
geralmente acontece, com movimentos dessa natureza, a Igreja acaba sendo
utilizada para fins temporais, em lugar de os fins temporais servirem à
realização dos desígnios da Igreja.
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A
praga do século passado foram os “católicos anti-clericais”,
que se diziam católicos se bem que inimigos do Clero, e que se serviam desta
suposta catolicidade para melhor ferir a Igreja.
A
praga de nossos dias são os clericais anti-católicos,
que se dizem neutros ou que realmente são tíbios em matéria de Religião, “mas
são muito clericais”. Em outros termos, professam eles uma grande amizade pelo
Clero, admirando com olhos neutros e meramente naturalistas sua grande obra civilizadora. Chegam a proclamar que a Igreja é de grande
utilidade pública. Mas, mais depressa do que se supõe, e quando muitos ingênuos
estão com eles em pleno idílio, ei-los que afirmam
que a Igreja, por ser de utilidade pública, se deve dobrar a todos os fins de
utilidade pública... conforme os entendem eles. E, no fundo, essa “utilidade
pública” é utilidade... de um só.
São
desse jaez muitos e muitos anticomunistas (...) que vicejam fora da Igreja.
Aceitemos sua colaboração. Mas abramos os olhos para não nos transformarmos em
seus instrumentos. Se Fedro vivesse hoje, escreveria uma fábula sobre a
colaboração da raposa com o cordeiro.
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A
imponentíssima cerimônia de posse dos Cônegos
honorários da Catedral Provisória se prestou a muitas observações
interessantes. Não podemos, entretanto, deixar de frisar uma delas.
Entre
as muitas pessoas de relevo social que se encontravam no lugar destinado, no
Presbitério, os paraninfos dos novos Cônegos, notava-se um Congregado Mariano
que, por sua extrema juventude, se destacava evidentemente dos demais.
Rapidamente, a curiosidade geral recaiu sobre ele. Era o Presidente da
Congregação do Ginásio do Estado, paraninfo do Ex.mo Rev.mo Mons. Ernesto de
Paula, Diretor daquela Congregação.
O
insigne e virtuoso Vigário Geral não quis outro paraninfo senão aquele que
representava naturalmente toda a Congregação por ele fundada e levada a um raro
grau de fervor religioso.
Que
Congregado Mariano poderia não se sentir tocado com esta singularíssima
distinção? E, para um Diretor de Congregação, que maior ventura do que poder
ser acompanhado até o Trono do Sr. Arcebispo por um jovem que lembra toda uma....
(erro tipográfico – legião?) de outros jovens, salvos da corrupção
contemporânea, e recompensados por Deus, em grande número, com a Vocação
Sacerdotal?