Legionário, N° 366, 17 de setembro de 1939

 

7 Dias em Revista

 

No momento em que escrevemos circula pela imprensa a notícia de que Sua Santidade o Papa Pio XII dispensará o apoio de sua prestigiosa influência a uma proposta de paz, atualmente em elaboração nas chancelarias européias.

Uma versão quase idêntica a esta foi, há dias, oficialmente desmentida pelo Vaticano. É, pois, provável que também agora os rumores não tenham fundamento.

Seja como for, a possibilidade de uma proposta de paz apoiada pelo Vaticano é a única esperança que continua a luzir para os espíritos retos. Efetivamente, tal proposta, pelo próprio fato de ser apoiada pela Santa Sé, traz consigo uma insuperável garantia de honestidade. O Vaticano só quer uma “paz que seja fruto da justiça”. E nunca uma paz que signifique a deglutição impune da Polônia católica pelo nazismo herético, e a capitulação do mundo inteiro, trêmulo e embasbacado, ante a dupla Moscou-Berlim.

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Por isto mesmo, o valor de qualquer proposta de paz que surgir há de ser medido pelo apoio que o Santo Padre lhe der.

Realmente, a “paz fruto da justiça” é coisa tão excelente que, venha de onde vier uma proposta que vise estabelecê-la, a Santa Sé não quereria, não deveria e não poderia deixar de lhe dar inteiro e franco apoio.

Se, portanto, alguma proposta surgir sem a aprovação da Igreja, é porque contém tais injustiças que a Igreja não pode ver com satisfação a sua aceitação.

A este propósito merecerão todas as cautelas as notícias possíveis das quais “consta confidencialmente” ou “circula com insistência nos meios informados” que o Vaticano aprova ou reprova isto ou aquilo.

O Vaticano só tem um jornal oficioso: o “Osservatore Romano”. O que este não publicar deverá ser posto em suspeição pelos católicos.

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Infelizmente, a propaganda contra o espiritismo, tão brilhantemente iniciada pela Sociedade de Medicina do Rio, parece ter soçobrado no silêncio e na indiferença geral.

Mas o “Legionário” não perde de vista o importante assunto, e continua a aguardar a decisão a ser proferida pelo Sr. Ministro da Justiça no requerimento em que aquela Sociedade pedia a repressão ao espiritismo.

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Lamentamos a criação, nesta Capital, de um curso de arte cinematográfica para crianças, destinada a formar pequenos atores.

O “Osservatore Romano” já condenou o trabalho de crianças em cinemas, e nós nos associamos in totum a tal condenação. (...)