Legionário, Nº 361, 13 de agosto de 1939

7 DIAS EM REVISTA

Louvável e delicada foi a deliberação de nossas autoridades de lançar uma emissão de selos comemorativos do próximo Congresso Eucarístico do Recife.

Ultimamente, tem-se tornado freqüente essa forma de homenagem a certos acontecimentos nacionais, ou a algumas reminiscências históricas às vezes de uma importância bastante secundária.

É, pois, um ato de inteira justiça que o Congresso Eucarístico de Recife, soleníssima expressão do amor que o Brasil vota ao Santíssimo Sacramento, também receba uma homenagem desta natureza.

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O “Legionário” deve elogiar sem reservas a atitude mantida pela Polícia do Estado nas recentes festas de Pirapora, em louvor do Senhor Bom Jesus. Como ninguém ignora, ao par da densa massa popular que vinha de todo o Estado e até de Minas para assistir às solenidades sacras, afluía a Pirapora grande número de desordeiros da mais ínfima categoria moral que realizava, em frente à Igreja, um [festejo] ininterrupto acompanhado de embriaguês, atos imorais e crimes, durante as três noites dos festejos.

Portanto, se de um lado o Divino Redentor era adorado no interior da Igreja por uma massa fiel sã, no exterior é Ele novamente crucificado pelos inomináveis pecados (...).

Pode-se pois imaginar o pesar ardente que tal situação provocava nas Autoridades Eclesiásticas. (...)

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A Chefatura de Polícia atendeu exclusivamente aos interesses da moralidade pública, e ordenou um severo policiamento em Pirapora. (...)

A cidade apresentava um aspecto ao mesmo tempo piedoso e festivo, pela afluência de elementos ordeiros e moralizados conquanto procedentes, na sua maioria, das classes mais modestas da população. O comércio foi movimentado pelas compras desses romeiros, gente econômica se bem que pobre, e que por isto tem uma capacidade aquisitiva menor. E – o que é essencial – o Senhor Bom Jesus foi adorado pelos fiéis, sem sofrer as blasfêmias dos desordeiros que (...) O ofendiam atrozmente nos anos anteriores.

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A Providência permitiu-nos a alegria de ter uma fato agradável a noticiar nesta semana, na qual em geral somos forçados, por dever de ofício, a publicar mais de uma vez coisas entristecedoras.

Ninguém ignora que a Rádio Educadora Paulista, depois de ter cedido seus microfones a elementos da Espanha vermelha, franqueou à propaganda espírita. Tal situação que causava no público paulista, todo ele católico, e portanto vigorosamente anti-espírita, um justificado pesar, vinha submetendo aquela estação a uma impopularidade crescente, que redundou para ela em um visível declínio de sua influência sobre o público. Felizmente, porém a direção daquela associação rádio-emissora compreendeu o seu grave erro, e hoje podemos afirmar positivamente que ela cessou suas irradiações espíritas de modo irrevogável.

Isto posto, nossos votos são de que ela prospere na sua nova orientação lembrada sempre de que não é possível ter autoridade moral e prestigio junto ao Brasil católico - e outro Brasil não há - quando uma estação se transforma em porta-voz dos inimigos da Igreja e da Pátria.