À
margem do grande Concílio que se realiza presentemente na Capital do país,
devemos acentuar desde já certos fatos dignos de nota.
Um
deles é a insistência do Santo Padre Pio XII a respeito da Obra das Vocações.
Na carta que Sua Santidade escreveu a S.Ema
o Cardeal Legado, a primeira questão indicada à atenção do Concílio é de “ser
estudado o modo de promover a obra das vocações sacerdotais, e, em especial, a
maneira mais longa de assegurar os recursos que permitam a um maior número de
jovens brasileiros vir receber aqui, em nossa veneranda Roma, a formação da
piedade e na ciência sagrada”.
A
Obra das Vocações já tem organizada, entre nós, uma propaganda muito eficaz,
apta a fazer sentir ao público a vital e insuperável importância de sua
finalidade. Não é, pois, necessário que insistamos hoje a este respeito.
Bastará que ponhamos em destaque o interesse [do Papa e isto] será suficiente
para fazer vibrar de entusiasmo os católicos de São Paulo e do Brasil inteiro.
* * *
Além
da Obra das vocações, indica Sua Santidade, como importantíssimos temas a Ação
Católica e o combate ao protestantismo e ao espiritismo.
Quanto
à primeira, o Papa distingue dois problemas. Como, na Ação Católica, a vida
interior é tudo, o Santo Padre se refere antes de tudo à sua “intensificação”.
Além disto, deverá o Concílio cuidar das providências necessárias para a
organizar melhor em todas as dioceses do Brasil.
Quanto
ao combate aos “erros protestantes e a prática do espiritismo” estão
intimamente ligados à atividade da Ação Católica, que, como legião “sicut acies ordinata”, deverá combatê-los desassombrada, galharda e
aguerridamente.
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Também
merece especial registro o telegrama que S. Ema o Cardeal Legado
enviou ao Ex.mo Sr. Presidente da República.
Foi
o seguinte o texto do telegrama:
“Com
respeitosa homenagem ao supremo chefe da Nação e plena confiança de que
continuará em seu alto critério a facilitar o apostolado da Igreja no Brasil,
ao mesmo tempo que saudamos a V. Ex.a, bispos e prelados brasileiros, queremos
igualmente, desde o início do Concílio Nacional, afirmar-lhe perfeita dedicação
à pátria cujos elevados interesses sempre haveremos de servir. Respeitosas
saudações. – Cardeal Leme”.
Como
se vê de sua própria redação, quis o Cardeal Dom Sebastião Leme manifestar sua
atenção para com o Chefe da Nação, que, ocupando a suprema direção do Estado,
representa como tal o povo brasileiro, e, ainda como tal, deveria ser objeto
desta atenção, de acordo com a doutrina da Igreja, que manda que se preste
reverência a todas as autoridades constituídas, em razão da dignidade de suas
funções.
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Quanto
às notas referentes ao Concílio, resolvemos deixar para o fim a nota sensível,
mais bela e mais delicada. É o lindíssimo telegrama enviado pelo Cardeal Legado
ao Santo Padre, em nome dos Padres Conciliares. É o seguinte o seu texto:
“A
S. S. Pio XII – Cidade do Vaticano. – Reunidos em Concílio Plenário ao oscular
pés de V. S., queremos reafirmar nossa incondicional obediência filial e
afetuosa veneração à Sé Apostólica e ao Romano Pontífice. Pedimos a Deus que
proteja nosso grande Papa e pai amantíssimo, imploramos a bênção apostólica. –
Cardeal Leme.”
Graças
a Deus podemos dizer que dos muitos títulos pelos quais o Episcopado Nacional
se impõe à veneração de todos os fiéis, um há que é o resumo de todas as suas
virtudes e a expressão mais viril e mais delicada de toda a sua nobreza moral:
é o incondicionalismo de sua disciplina em relação à
Santa Sé.
O
Brasil será grande na medida em que for católico. E será católico na medida em
que, fiel a seus Bispos e ao Sumo Pontífice, primar por esse incondicionalismo que só as coisas divinas merecem.
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Houve um país, na semana passada,
em que um Príncipe da Igreja, segundo narram os telegramas, sofreu “uma
verdadeira chuva de ovos podres, batatas, e grosseiros insultos, que chegaram
quase a se transformar em danos corporais”. O povo quebrou a janela de uma casa
onde aquele Príncipe da Igreja pernoitava de viagem, e, por outro lado, foram
quebrados os vidros do seu automóvel. Saindo desta localidade e dirigindo-se a
outra, o Prelado foi recebido por uma grande demonstração hostil. O povo
vociferava pedindo a prisão do Prelado e gritando-lhe insultos. Um celerado
desferiu um golpe contra o Prelado, que atirou longe seu barrete. Os seus
serviçais foram também maltratados”.
Quem
é este povo? Uma malta de comunistas (...), de anarquistas? Propriamente isto,
não. Mas um grupo de nazistas, o que vem a dar na mesma. O país é a inditosa
Áustria. E o Prelado é o Cardeal Innitzer, cuja
brandura para com os nazistas quando do “Anschluss” torna esta agressão
verdadeiramente absurda e evidentemente inspirada em um ódio diabólico contra a
Igreja.