Notícias telegráficas procedentes
da Itália informam existir um contrabando de café da cidade do Vaticano para o
território italiano. Tomando em consideração os rumores sobre esse suposto
contrabando, como diz um telegrama procedente da Cidade do Vaticano, o Papa Pio
XII ordenou que se estabelecesse às 23:30 horas o toque de recolher para todos
os habitantes da cidade e que a polícia pontifícia revistasse cuidadosamente
todas as pessoas que por ali transitam.
Para quem conhece a situação da
Cidade do Vaticano, pequena superfície territorial, sem acesso direto ao mar,
não pode deixar de causar estranheza a notícia deste suposto contrabando. Tudo
o que chega ao Vaticano deve passar por território italiano; as autoridades
policiais fascistas facilmente se informariam da pessoa que no Vaticano
recebesse café para depois recambia-lo à Itália. Um pedido às autoridades
pontifícias resolveria imediatamente a questão sem a necessidade de “rumores”.
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Outro ponto a considerar é a
quantidade de café que o suposto destinatário existente no território do
Vaticano teria que receber. A embaixada italiana no Rio de Janeiro informa que
nos primeiros quatro meses deste ano, a Itália comprou, só no Brasil, 157.160 sacas
de café.
Portanto, para que um contrabando
qualquer pesasse na economia italiana está claro que o suposto contrabandista
não poderia receber café aos quilos pelos serviços de “colis”! Teria que manter um
volumoso tráfego ferroviário ou rodoviário desde um porto italiano até a Cidade
do Vaticano, apenas para o transporte do café que seria depois retransportado para o território do reino. Nada disto
passaria despercebido à polícia italiana que, entretanto, nada reclamou, bem
como nada fez contra os “rumores”.
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Há evidentemente em tudo isso a
procura de um pretexto por parte de elementos fascistas para um atrito com o
Vaticano. Seria muita ingenuidade crer que se permitissem esses “rumores”, que
eles fossem largamente difundidos e até exportados pelas agências telegráficas
sem que se procurasse por meio deles incompatibilizar o Vaticano. A polícia
fascista possui todos os elementos para impedir a difusão de boatos.
Foi certamente tomando em
consideração este fato que o Sumo Pontífice, para fazer cessar os rumores sobre
o suposto contrabando de café, ordenou o toque de recolher para os habitantes
da Cidade e a revista de todas as pessoas e automóveis que passam para o
território italiano. Dá, dessa maneira, o Santo Padre, uma prova da falsidade
dos rumores e da lealdade com que o Vaticano procede; e obriga as autoridades
fascistas a darem um fim às falsas notícias propagadas em círculos também
fascistas sobre o assunto.
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Referimos nesta seção, em nosso
último número, a prisão de um livreiro americano, do Rio que mantinha
correspondência com espiões nazistas, agindo na Argentina. Transcrevemos hoje
as declarações do Sr. Coelho de Souza, secretário da Educação do governo do Rio
Grande do Sul:
“Durante minha estada na capital
do país, tive ensejo de exibir copiosa e impressionante documentação colhida
pela Chefia de Polícia e pela Secretaria da Educação, da existência de uma
perigosa organização de agentes imperialistas agindo em todo o Estado”.
Estas afirmações partidas de um
membro do governo de um dos mais importantes Estados do Brasil são extremamente
sérias. Não se pode crer que um secretário de governo venha aos jornais fazer
declarações levianas e imprudentes em matéria de tal gravidade. Uma vez que os
totalitários imperialistas de todas as cores agem no Brasil, é de esperar que o
governo redobre de energia na defesa da nossa nacionalidade. O Brasil é dos
brasileiros e ao governo cumpre defender o nosso patrimônio, as nossas
tradições. Nesse terreno nenhum brasileiro se esquivará ao seu dever.
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Damos os nossos aplausos à
Diretoria de Ensino, pelo seu ato exigindo dos responsáveis pelas escolas
particulares femininas e mistas, que elas sejam regidas apenas por professoras.
É esta uma das disposições do Código de Educação e a exigência de seu cumprimento
deve ser feita rigorosamente, para a boa formação das meninas que freqüentam as
escolas particulares.