Aproximando-se
agora o Concílio Nacional, começam a se delinear certas manobras de uma
deslealdade vil, levadas a cabo por inimigos mais ou menos disfarçados da
Igreja.
Uma
delas é o boato de que, no próximo Concílio, será abolido o uso da batina para
Sacerdotes.
As
declarações a esse respeito feitas ao “Diário da Noite” pelo Ex.mo Rev.mo
Vigário Capitular da Arquidiocese e pelo Rev.mo Sr. D. Paulo Pedrosa, Reitor do Ginásio São Bento, desfazem
absolutamente essa manobra mostrando que tal boato não tem em seu favor nem a
mais leve verossimilhança.
Quanto
a nós, outra coisa não temos a dizer senão o que disse o Ex.mo Rev.mo Mons.
João B. Martins Ladeira ao redator destas linhas: “não poderia jamais haver no
Brasil um bom Padre ou um bom católico, que fosse contrário ao uso da batina”.
* * *
Por
ocasião do Conclave que elegeu o Papa Pio XII, gloriosamente reinante,
mostramos como o então Cardeal Pacelli julgou preferível adiar de um dia a eleição do
novo Pontífice, a permitir a violação do preceito que manda “guardar os
domingos e dias de festa”.
Insistimos
hoje, neste particular, pois que o espetáculo de dias como o 18 p.p. em que,
enquanto a Igreja comemorava a Ascensão do Senhor, tudo funcionou normalmente,
é para nós insuportável.
Estamos
ou não estamos em um país católico? E, então, onde estão os chefes e patrões
católicos que deveriam ter cerrado as portas de seus estabelecimentos?
É
absolutamente necessário que os patrões católicos reflitam a este respeito,
fazendo cessar esse deplorabilíssimo escândalo quanto
antes.
* * *
São
irrepreensíveis e belíssimas as palavras com que o general Franco fez a oferta
de sua espada a Deus, por ocasião das festas da vitória realizadas em Madrid. Fazendo a Deus a súplica de assisti-lo para que
possa conduzir o povo espanhol à liberdade, acrescentou que esta deve ser “para
glória de Deus e de sua Igreja”, acrescentando ser preciso “que todos os homens
saibam que Jesus é o Cristo, filho de Deus vivo”.
Essas
palavras têm uma lógica que os fatos hão de confirmar, nós o esperamos
ardentemente.
Que
essa espada invicta e gloriosa se desembainhe no momento oportuno contra
aqueles que, na direita, tanto quanto na esquerda, negam que “Jesus Cristo é o
filho de Deus Vivo”.
São
esses nossos mais fervorosos rogos.
* * *
Os
deputados do Partido Socialista Francês, do Partido Radical e do Partido
Radical Socialista acabam de apresentar uma proposta de lei tendente a revogar
as disposições legislativas que atingem, na França, as Congregações Religiosas.
Por esta proposta, as Congregações gozarão de “personalidade civil”, poderão
receber contribuições e adquirir sem autorização, a título gratuito ou oneroso,
bens móveis ou imóveis.
Os
partidos que apresentaram a proposta são os mesmos que, em começo do século,
mais se encarniçaram na luta anticlerical. A eles se devem exatamente as
medidas iníquas e odiosas que agora querem revogar.
Mais
uma vez os políticos querem servir-se da Igreja para a obtenção de seus fins
puramente humanos, como seja no caso o intuito de fortalecer a influência
católica para combater o nazismo. Mais uma vez também a Igreja eterna não lhes
servirá de instrumento cego. Poderão ser revogadas, a pedido dos partidos da
esquerda, as leis anticlericais existentes na França;
não será esse, porém, motivo para que a Igreja modifique sua posição
doutrinária diante do socialismo e do comunismo.
A
atitude dos partidos esquerdistas franceses, que agora se refugiam à sombra da
Igreja, constitui também uma advertência ao Sr. Hitler: Canossa se tem repetido muitas
vezes! Hoje é a esquerda, tão insolente há 20 anos atrás, que chega à Canossa; daqui a 20 anos, onde estará o totalitarismo da
direita?
* * *
O
“Legionário” tem assinalado várias vezes a afinidade ideológica existente entre
o Nazismo e o Fascismo.
Mais do que um acordo apenas político ou militar de caráter temporário, há
entre os dois regimes uma semelhança de concepções do mundo que deve ser
acentuada pela imprensa católica. A recente assinatura da aliança ítalo-germânica confirma essa afinidade, como se pode ler
nos trechos seguintes extraídos do texto do tratado tal como foi transmitido pela
agência oficiosa alemã T.O. (Trans-Ocean).
“O
Chanceler do Reich e S. M. o rei da Itália acreditam que chegou o momento para
se confirmar, com este solene ato, as estreitas relações de amizade e de
comunhão que existem entre a Alemanha Nacional Socialista e a Itália Fascista”.
“Intimamente
ligadas por afinidades essenciais de suas ideologias é bem assim a ampla
solidariedade de seus interesses, estão os povos alemão e italiano decididos a
batalhar também para o futuro de comum acordo...” etc.
* * *
Declarações
feitas após a assinatura do tratado trazem novos argumentos em favor da
identidade doutrinária dos regimes. Disse o conde Ciano:
“O
pacto agora firmado é a consagração de duas políticas e de dois regimes da
Alemanha Nacional Socialista e da Itália Fascista”.
E
o Sr. von Ribbentrop:
“Este
acontecimento histórico é a conclusão da evolução das duas revoluções, fascista
e nazista, e torna mais estreitos ainda os interesses dos dois povos”.
Finalmente
uma declaração feita em conjunto pelos dois ministros:
“As
idênticas finalidades do Nacional Socialismo e do Fascismo deviam fatalmente
associar os dois povos, que possuem comunidade de interesses, e tornar ainda
mais profunda a sua solidariedade”.
Como
se vê, é a tese do “Legionário” confirmada por lábios bem insuspeitos.