Legionário, N.º 345, 23 de abril de 1939

7 DIAS EM REVISTA

S. S. o Papa Pio XII, falando pelo rádio aos católicos espanhóis, afirmou confiar nos “nobres sentimentos católicos do chefe do Estado espanhol”, de modo a que se torne a Espanha um Estado baseado nos princípios da justiça social e individual, contidos nos Santos Evangelhos e na doutrina da Igreja.

Efetivamente, nenhum chefe de Estado moderno tem em suas mãos melhores elementos para realizar um Estado baseado nos princípios católicos do que o General Franco, hoje chefe de um dos países mais católicos, mais aguerridos e mais devotados do mundo.

O Santo Padre espera, pois, que o General Franco, que já guiou o povo espanhol na vitória contra o comunismo, guie agora a Espanha na luta contra os demais inimigos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que assolam hoje a Europa. Porque é essa a vocação estupenda do povo espanhol: ser o paladino da Igreja contra todos os seus adversários: os mouros, (...) comunistas, desde os tempos do Cid até hoje. E também os neopagãos de hoje em diante.

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O telégrafo nos tem trazido a notícia de várias execuções capitais verificadas nestes últimos dias na Espanha, por ordem das autoridades nacionalistas.

É preciso que a natural sensibilidade do público não se deixe desviar por essas notícias. Esse expurgo, ordenado por via judiciária, constitui para a civilização uma dura obrigação, que os nacionalistas não poderiam, de nenhum modo, deixar de cumprir. (...)

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O Sr. Hitler nomeou o Sr. von Papen, ex-vice-chanceler do Reich, ex-embaixador na Áustria, ex-diretor do extinto diário “Germania” e ex-traidor do Partido do Centro Alemão, embaixador em Ancara.

A visível decadência política do Sr. von Papen está pouco e pouco punindo a este por sua traição ao Partido do Centro, a fim de que subisse ao governo o Sr. Hitler. Depois de vice-chanceler, foi descendo de posto até ser agora nomeado embaixador em Ancara.

É natural o que com ele acontece, pois os próprios beneficiados por uma traição sempre têm repugnância pelos traidores.

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Continua a ser intensificada a intoxicação do povo alemão pelas doutrinas pagãs e nazistas. Ainda agora foi posta à venda, na Alemanha, uma edição especial de 5.000.000 de exemplares do “Mein Kampf” do Sr. Hitler.

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O Conselho Federal da Suíça demonstrou uma perfeita compreensão dos seus deveres, ao responder a uma interpelação escrita do Parlamento sobre a possibilidade de serem reatadas as relações suiço-soviéticas.

É a seguinte a resposta do governo suíço:

“Não partilhando a ilusão de que o reinicio das relações diplomáticas com a URSS teria como efeito abrir novos mercados às nossas exportações, o Conselho Federal pensa que, para resolver esse problema, considerações de ordem econômica não são determinantes. De um modo geral, repete que se sentiria feliz se as circunstâncias lhe permitissem renovar as relações normais com o governo de um grande país, se tivesse a certeza de que, a exemplo de todos os outros governos com os quais mantém relações diplomáticas, o governo da URSS se abstivesse de se envolver nas questões de política interna. O décimo oitavo congresso do Partido Comunista reunido em Moscou, de 9 a 21 de março, e que provou uma vez mais a identidade existente entre o governo da URSS e o “Komintern”, demonstra, contudo, que tal não aconteceria”.

O mais interessante é que o Conselho demonstra, dessa forma, que as propaladas vantagens econômicas das relações com a Rússia não passam absolutamente de ilusões, e seu único fim é a propaganda política.

Depois disso, por que o Sr. Hitler mantém relações diplomáticas com a Rússia?

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A França recolheu, durante a revolução espanhola, grande número de refugiados governistas que foram concentrados em vários pontos de seu território.

Depois de pouco tempo, a polícia francesa não tinha mãos a medir, para evitar assaltos, roubos e um número imenso de atos criminosos praticados pelos refugiados.

Isso nos faz lembrar a fábula de La Fontaine, do homem e da cobra. Durante o inverno, um homem encontrou uma cobra quase morta de frio e, compadecido, colocou-a no peito, a fim de reanimá-la com o calor de seu corpo. A cobra, logo que se reanimou, a primeira coisa que fez foi morder o homem.

Assim a França. Agora ela paga o benefício feito a homens indignos de serem socorridos.