Legionário, N.º 344, 16 de abril de 1939

 

7 DIAS EM REVISTA

O “Legionário” se vê na obrigação de declarar publicamente que não pode anunciar ou comentar livros que tratem de assunto religioso, desde que não estejam munidos do “imprimatur” das autoridades eclesiásticas.

É óbvia a razão de tal linha de conduta. A Santa Igreja não permite que sejam impressos e lidos os livros referentes a tema religioso sem que Ela, sempre movida por seu zelo maternal, tenha verificado a correção da doutrina que eles contêm.

Uma tão santa disposição merece o maior acatamento, e um jornal católico não pode aconselhar a seus leitores um livro publicado em contravenção a esse desejo que, mais que um desejo, é uma ordem formal.

Fazemos essa declaração pública, a fim de provar que o rigor com que temos sido forçados a rejeitar certas obras é o cumprimento de um dever de consciência, que nunca desejaríamos que enfraquecesse os laços de fraternal caridade que, em Nosso Senhor Jesus Cristo, nos prendem a todos os filhos da Igreja, nossa Mãe.

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Consta-nos que, em recente decreto que ainda não chegou a nosso conhecimento, o Governo deliberou estabelecer o serviço militar obrigatório das mulheres em tempo de guerra.

Em tese, é legítimo que as mulheres prestem, em tempo de guerra, seu concurso para a salvação da Pátria, mediante serviços de caráter civil, ou mediante enfermagem. As condições de vida hodiernas permitem que as mulheres exerçam alguns desses afazeres com relativa facilidade e grande eficiência, o que torna disponíveis para o serviço militar a totalidade da população civil. Em princípio, pois, nada temos a objetar a essa medida.

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A imprensa nazista, fiel às diretrizes hipócritas do programa do Sr. Hitler, acusa violentamente a Inglaterra de perturbar a paz que deve reinar durante a Páscoa, inventando uma concentração de tropas alemãs nas fronteiras da Holanda e tornando patentes seus receios de uma nova guerra.

Se não fosse o conhecimento que tem todo mundo dos processos hitleristas, não acreditaríamos nos nossos olhos ao ler essa notícia, tal o desplante dos seus autores.

Um simples boato de movimento de tropas alemãs é uma profunda perturbação da paz da Páscoa, mas a invasão da Albânia na Sexta-Feira Santa por 100.000 soldados italianos é, pelo contrário, uma coisa louvável!

Esses hitleristas seriam engraçados, se não fossem perigosos para os ingênuos ou que acreditam ou fingem acreditar nos seus argumentos.

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Os jornais noticiaram um telegrama de um José Chiro, que se diz padre da colônia albanesa de São Basílio, na Calábria, aplaudindo entusiasticamente a tomada da Albânia. A este propósito, devemos acentuar que não se trata de um padre católico, como diz o próprio telegrama, dizendo pertencer seu signatário a uma paróquia ortodoxa-grega-italianizada.

É, pois, de uma igreja mais confusa que a católica brasileira que existe por aqui, sendo ortodoxa, grega e além do mais italiana.

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Um dos castigos que a França tem tido nesses últimos tempos é o domínio absoluto da Alemanha na Europa, que a fez curvar-se e sujeitar-se a todas as imposições descabidas do Sr. Hitler.

E um dos motivos desse castigo é a natalidade da França que decresce assustadoramente, enquanto que a Alemanha tira o seu poderio justamente da natalidade que cresce ano por ano, pois só em 1938, segundo telegrama que nos veio esta semana, nasceram 1.484.000 crianças, e na França 610.000, sendo 40.000 filhos de estrangeiros.

São frutos da apostasia liberal, que tornam precária a situação da França.

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O novo governo de Tabasco, no México, permitiu que se reabrissem as igrejas de sua província, dizendo que espera “combater o fanatismo religioso com a doutrina socialista”, sem perseguições.

Quem não tem notícias da coragem dos católicos mexicanos, suporia que esse governador é sincero, sendo apenas um grande tolo em querer combater a Igreja instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, com uma doutrina fracassada e que os próprios maçons abandonaram na sua luta com a Igreja.

O fato é, porém, que ele abriu as igrejas graças à combatividade dos católicos mexicanos, que, embora perseguidos, nunca renegaram a sua fé. Agora, quer o governador de Tabasco passar por sincero. Velha tapeação!

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O Sr. C. J. Gignoux escreveu em “La Journée Industrielle”: “Por uma curiosa coincidência, o novo drama da Europa central se produziu durante a reunião do congresso bolchevista, onde o camarada Manonilski expôs a necessidade de intensificar a agitação nos países democráticos. Assim, justamente no momento em que a pressão dos estados totalitários se acentua, a Internacional comunista prepara uma ação cujo único resultado é o enfraquecimento dos países livres”.

Como se vê, é a repetição que se deu com a Áustria: para enfraquecer a França e facilitar o jogo do Sr. Hitler, os comunistas franceses fizeram uma greve geral exatamente quando Schuschnigg tentava resistir. Assim, a Áustria se viu sem aliados e teve de capitular.

E vá a gente crer na sinceridade do ódio entre nazistas e comunistas!

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O governo nazista confiscou todos os bens da família dos Habsburgo. Mais um ato tipicamente comunista, que comprova o caráter socialista do partido do Sr. Hitler, só não reconhecido por aqueles que querem tapar o sol com a peneira.