Legionário, N.º 343, 9 de abril de 1939

 

7 DIAS EM REVISTA

Há alguns meses atrás, a colônia israelita de São Paulo, comemorando uma de suas datas religiosas, determinou o fechamento dos estabelecimentos comerciais pertencentes a judeus.

O sucesso da medida foi enorme. De diversos bairros da cidade chegaram-nos informações de que era impressionante o número de estabelecimentos comerciais que, disciplinadamente, haviam cerrado suas portas. Na rua da Consolação, por exemplo, era inimaginável o número de moveleiros, tapeceiros etc., que haviam suspenso suas atividades.

No entanto, o dia não era feriado nacional, nem coincidia com qualquer festa católica.

Involuntariamente, os corações católicos sentiram uma grande tristeza, lembrando-se do número também incontável de estabelecimentos comerciais, pertencentes a católicos, que conservam escandalosamente abertas suas portas em dias santos de guarda.

Felizmente, porém, neste ano, temos a registrar uma sensível melhoria nessa dolorosa situação. Efetivamente, diversos estabelecimentos desta capital, todos eles da maior importância comercial, publicaram com grande destaque uma nota pela imprensa, comunicando que, em atenção à Semana Santa, cerrariam suas portas não apenas na Sexta-Feira Santa, que é o dia santo de guarda, mas também na quinta-feira.

O “Legionário” não pode deixar de se rejubilar com uma tão auspiciosa inovação, índice expressivo de um estado de coisas que autoriza positivas esperanças.

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O Sr. General Góes Monteiro foi designado pelo Sr. Presidente da República para, atendendo a convite da Alemanha, ir estudar os mais modernos processos bélicos naquele país.

Aquela alta patente militar, por este motivo, recebeu, em Porto Alegre, uma homenagem de uma associação de ex-combatentes alemães, presidida pelo cônsul da Alemanha no Rio Grande do Sul. Nessa ocasião, o cônsul alemão proferiu um discurso em sua própria língua natal, depois do que revelou ao Sr. Gen. Góes Monteiro a existência de diversos núcleos de ex-combatentes no Rio Grande e no Rio de Janeiro. Não disse entretanto se havia núcleos em outras localidades, o que, aliás, importaria sobremodo saber.

Podemos facilmente imaginar o embaraço em que o Sr. Gen. Góes Monteiro se deve ter sentido. Enquanto o governo federal promulga leis destinadas, em boa hora, a reprimir as infiltrações alemãs que tantos dissabores vem causando na Argentina; enquanto o embaixador alemão no Rio permanece indefinidamente na Europa, o cônsul da Alemanha tem a sem-cerimônia de anunciar que seus patrícios continuam violando as leis brasileiras, e esta declaração é feita na presença de um dos mais notórios representantes do Exército Nacional!

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Deploramos que a Polícia do Distrito Federal tenha deixado publicar a caricatura irreverente que de S. S. o Papa Pio XII fez uma revista daquela localidade. Não se compreende essa tolerância em um Estado dotado de leis que devem torná-lo forte. Em um Estado liberal, esse fato seria deplorável, mas as autoridades policiais poderiam alegar, para se justificar, os limites impostos pela lei à ação do poder público. Entretanto, tal não se dá em um Estado forte, que, se é forte, deve mostrá-lo nessas ocasiões.

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Assinalamos com o maior gáudio a vitória eleitoral obtida pelos católicos belgas, nas recentes eleições. Como é sabido, a esquerda e a direita sofreram apreciáveis recuos. E o partido católico conquistou mais dez cadeiras no Parlamento.

Diversas verificações importantes podem ser feitas através deste fato. A primeira é que o rexismo, que se inculcava como a única salvação contra as esquerdas, saiu tão fragorosamente derrotado, que a custo conseguiu eleger seu chefe e um punhadinho de deputados. Entretanto, as esquerdas também perderam terreno. Logo, para derrotar as esquerdas, o rexismo de nenhum modo era indispensável.

Outra verificação é que, com a debâcle rexista, a política alemã sofreu um sério revés. Com isso, a paganização da Bélgica e da Europa sofreu um grave golpe. E tudo isto se deve ao gesto de energia de S. Ema o Cardeal-Arcebispo de Malines, condenando o rexismo. Efetivamente, sem os católicos, o rexismo não poderia medrar. O Cardeal Van Roey lhe retirou o apoio dos católicos, e assim o exterminou. A humanidade dirá, futuramente, o quanto ficou a dever a esse grande Prelado, que dá assim um belíssimo exemplo de intrepidez apostólica.

Ao mesmo tempo, é de se notar com viva satisfação como se manteve intacta a disciplina dos católicos belgas. Contra fiéis tão unidos aos seus Bispos, e com Bispos tão filialmente unidos a Roma, não há rexismo nem comunismo que possa obter triunfos.

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De uma recente Pastoral de S. Ex.a Rev.ma o Sr. Arcebispo de Friburg in Brisgau, na Alemanha, publicada pelo “Osservatore Romano”, extraímos o seguinte trecho: “Infelizmente, não se pode duvidar de que, em terras alemãs, Cristo é combatido de modo sempre crescente. O ódio contra Cristo se serve até de trechos do Talmud. Recusa-se qualquer respeito para com Ele, sob pretexto de ser judeu. Mas trata-se aí de um mero pretexto: na realidade, o que move essas perseguições é o desejo de não reconhecer sua obra redentora”.