O esmagamento final do comunismo na Espanha constitui um fato
auspicioso, que não pode deixar de alegrar os corações dos católicos.
Mais uma vez a Santa Sé tem manifestado sua
condenação aos católicos que se têm julgado autorizados a assumir uma posição
favorável ao tão tristemente famoso governo de Barcelona, ou a ostentar uma simples atitude de indiferença entre
as duas facções em luta. Ainda recentemente, o “Osservatore Romano” infligiu
uma censura expressa e severa ao jornal francês “La Croix”,
porque este tomou, em certa circunstância, a posição de um expectador
indiferente. Ao que “La Croix” respondeu
transcrevendo na íntegra a censura, e a ela se submetendo sem reservas. Como
complemento desta atitude, o “Osservatore Romano” exprimiu claramente seu
gáudio pela derrota final do comunismo na Espanha.
* * *
No quadro radioso deste dia de vitória, não falta
quem aponte sombras de apreensões futuras. Quais as verdadeiras intenções de
Franco? Exigirá ele agora a
retirada dos alemães, italianos e mouros? Fiel à trajetória inicial da
revolução, lutará ele contra o nazismo descristianizador,
como lutou contra a descristianização comunista? Ou quererá fincar na Espanha a
cruz suástica, que já projeta sobre a Itália sua sombra sinistra?
Não podemos jurar coisa nenhuma. O certo é que esta
possibilidade é uma simples possibilidade. Enquanto a ação maléfica do
comunismo é uma certeza. Entre uma possibilidade - uma probabilidade, digamos -
e uma certeza total, quem pode vacilar?
* * *
Se aplaudimos os valentes vencedores, não
aplaudimos os mercenários que com eles lutaram ombro a ombro, na mesma
trincheira, mas por ideais profundamente antagônicos. Realmente, se houve
mártires de Cristo nas fileiras nacionalistas, ali houve também mártires do
moderno Anticristo, cujos heróis não podemos
aplaudir.
* * *
Nesta semana que entra, especialmente voltada à
piedade e à meditação, a compaixão tem um lugar todo especial.
Desça, pois, sobre todos os que tombaram, bons e
maus, vermelhos, nazistas ou requetés heróicos, a
misericórdia de Deus, para que alivie quanto antes as almas que partiram deste
mundo em estado de graça, pela perseverança ou pela penitência final.
* * *
A Rádio Educadora Paulista cede o seu microfone
para uma propaganda espírita, em completa desarmonia com as convicções
católicas de nosso povo. Ora, a mais alta e mais grave das finalidades do rádio
é a educação dos seus ouvintes. Sendo a maioria dos ouvintes católicos, as
irradiações espíritas são para ela absolutamente deseducativas
e, por isto, inúteis e nocivas. Daí a obrigação em que estão os católicos de
não apoiar tal estação.
Não é esta a primeira vez que somos obrigados a chamar
a atenção de nossos leitores para essas campanhas anticatólicas,
promovidas por algumas de nossas estações de rádio, que põem a serviço do mal
esse potente meio de difusão.
E, por ser o rádio justamente um dos maiores
agentes de veiculação de idéias, recomendamos sempre
aos nossos leitores darem seu apoio decidido e eficaz a todos os esforços que
visem dar a São Paulo uma estação de rádio genuinamente católica, livre de
quaisquer outros compromissos, a fim de podermos opor ao mal veiculado pelas
outras estações, o decidido desmentido que se faz mister, assim como propagar a
doutrina católica em todos os lares paulistas.
* * *
O Sr. François Le Grix, na “Revue Hebdomadaire”,
de fevereiro deste ano, espanta-se com os testemunhos de catolicidade dos
políticos franceses, quando da morte de S. S. o Papa Pio XI.
Diz o Sr. Le Grix: “Os nossos homens políticos mais atolados no laicismo o louvam com palavras piedosas, livres de todas as
convenções; e o sr. Jeanneney, que não poderá, talvez, entrar no Eliseu
por causa do seu ateísmo, pronuncia, a esse propósito, o nome de Deus diante do
nosso Senado. Não se dirá que, ao lado do catolicismo, forma-se aos nossos
olhos, uma extra catolicidade?”
O Sr. Le Grix percebeu perfeitamente a tática dos homens políticos
de hoje, formando ao lado da Igreja uma extra catolicidade, toda feita de
hipocrisia e perfídia, que não trepida em exaltar o catolicismo para depois,
mais facilmente, apunhalarem pelas costas a Igreja, graças à ingenuidade de
nossos católicos, que ficam embasbacados com os seus discursos sonoros e vazios
de sentido.
Pouco antes de falecer, o Santo Padre Pio XI desmascarou essa
manobra, lembrando que vivemos em um tempo em que o beijo hipócrita de Judas
tem sido freqüentemente usado como arma de combate à Igreja.
É preciso que os católicos ponham de lado o hábito
timorato, e deixem de elevar até às nuvens qualquer palavra de sentido mais ou
menos católico de certos políticos, supondo que com isso fizeram um grande
favor à Igreja. Se um homem de Estado é católico, não faz mais que o seu dever.
Quanto à Igreja, não recebe dele, com isso, nenhuma esmola. Pelo contrário, é
Ela quem lhe faz o favor inestimável de o ter por filho.