Durante a discussão do projeto de concessão de
plenos poderes ao governo do Sr. Daladier, o Sr. Pierre Flandin, conhecido líder da direita e ex-chefe
de governo, declarou que votava contra o projeto, pois forças secretas agiam em
toda a Europa com o único fito de evitar a guerra a todo transe. Tais forças
podem evitar que as potências antitotalitárias
declarem a guerra para se opor ao imperialismo nazista. O que, porém, elas não
têm conseguido é paralisar o Sr. Hitler. Em última análise, pois, elas só
paralisam os adversários do Sr. Hitler - prestam a este um
inestimável auxílio. Essa colaboração de forças secretas com o Sr. Hitler, que
aparenta persegui-las, é um indício de que a luta entre direitas e esquerdas
não é senão um imenso “bluff”
destinado a ocultar a ofensiva de umas e outras contra a Igreja.
* * *
O arcebispo protestante de Canterbury, falando na Câmara dos Lordes, fez um apelo a S. S. o
Papa, pedindo-lhe que liderasse uma campanha mundial, com a participação de
todos os países, destinada a levar a paz na Europa.
Todo o mundo sabe quanto são virulentos e velhos os
preconceitos da igreja anglicana contra o catolicismo, e por isso mesmo, esse
pedido do arcebispo de Caterbury é mais um atestado
do prestígio que goza o Papado no mundo moderno, a ponto de pastores
anglicanos, apesar de todo seu ódio, reconhecer que só a palavra do Romano
Pontífice é capaz de trazer a paz sobre a terra, porque só a Igreja Católica
tem, para tanto, suficiente autoridade moral no campo internacional.
* * *
Cada novo país assaltado pelo Sr. Hitler e seus
sequazes é imediatamente colocado debaixo da legislação pagã do nacional-socialismo. Anexação e paganização
são termos que se eqüivalem.
A Tchecoslováquia não podia deixar de
seguir a regra. Nem bem foi ocupada, e já o general von
Braushitoch, comandante-chefe do exército alemão, introduziu o
direito penal alemão.
Mais um país, dessa forma, é levado pelo Sr. Hitler
a sofrer as agruras de uma legislação pagã, que irá arrancar de seus filhos a
fé católica, para jogá-lo novamente na barbárie de que o retirou o catolicismo.
O Sr. Hitler, por outro lado, mais uma vez mostrou
que seu único fito é perseguir a Igreja Católica, fazendo com que a perseguição se inicie imediatamente
depois dos seus assaltos.
* * *
Um diário desta capital transcreve um artigo
interessante do Sr. N. P. Macdonald sobre as atividades
dos governos fascista e nazista na América do Sul, aparecido na revista inglesa “The
Fortuightly”.
Diz o autor que os países que mais sofrem a propaganda
são o Brasil e a Argentina. No Brasil, o governo toma medidas sérias para reprimir
essas atividades, mas, por outro lado, favorece por meio de outras medidas o
alastramento dessas campanhas totalitárias em nosso país.
Assim, diz o articulista, ao lado de leis visando
exterminar as atividades da Polícia Secreta Alemã em nosso país, as relações
comerciais entre ele e a Alemanha crescem cada vez mais, a ponto de terem
aumentado de 117 bilhões de marcos as importações para o Brasil e de 100
milhões de marcos as exportações, tudo isso num período de 4 anos. Além disso,
várias concessões têm sido feitas a indústrias alemãs.
Com a Itália, dá-se o mesmo. A repressão das
atividades políticas não obstou a que a expansão comercial crescesse a ponto de
ser modificado o acordo comercial ítalo-brasileiro de
1935, que não satisfez os italianos, exclusivamente para que as exportações
brasileiras para a Itália fossem cobertas totalmente por exportações italianas
para o Brasil.
Termina o articulista chamando a atenção de seu
governo para as atividades do eixo Roma-Berlim na
América do Sul, que ameaçam continuamente o prestígio inglês.
Essa conclusão, aliás, não deixa de ser de uma
ridícula impertinência. O Brasil é, então, um mero campo de luta entre as
potências estrangeiras?
* * *
Continua a resistência de Madri. Muita gente
romântica acha isso lindo. Entretanto, esse sacrifício inútil de inúmeras vidas
a uma causa perdida, reverte em grave crime para os comunistas animadores da
resistência madrilenha.
Muita gente julga, infundadamente aliás, que é
cruel o general Franco, porque bombardeia Madri. E tem a cegueira de não ver o
crime que praticam os animadores e instigadores dessa louca e estéril
resistência.