O “Legionário”, que tantas vezes reclamou o
reconhecimento do governo de Burgos pelo Brasil, se rejubila pelo fato de,
afinal, tal reconhecimento ter sido feito.
O governo comunista já não era, ultimamente, senão
um agrupamento de fantasmas revolucionários, aos quais somente uma certa
politicagem subversiva e capciosa poderia emprestar as aparências de um governo
legalmente constituído. Impunha-se absolutamente a necessidade de uma ruptura
do Brasil com tal gente.
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Foi notável o senso da realidade que o Sr. Getúlio
Vargas demonstrou quando
fez abortar os famosos projetos de lei, recentemente discutidos pela imprensa,
a respeito do divórcio, do imposto para os celibatários e do exame pré-nupcial.
Tais projetos - inclusive o que se referia aos celibatários - eram clara e
nitidamente contrários à doutrina católica. Transformando-os em lei, o Governo
se colocaria em posição hostil aos católicos, isto é, ao Brasil. Ora, por mais
sólidas que possam parecer certas combinações políticas de gabinete e de
quartel, o Sr. Getúlio Vargas, que conhece melhor do que ninguém a verdadeira
arte política, bem sabe a precariedade de condições em que se coloca um governo
que entra em colisão com 99% da população. Por isto, com aquela altíssima
finura diplomática que é a grande característica de sua personalidade, soube
ele evitar o escolho, e pôr de lado, decididamente, aqueles inábeis e miopíssimos projetos de lei.
Isto não obstante, certa imprensa não desanima.
Ainda há dias, o “Correio Paulistano” publicou uma “Crônica da Metrópole” a
favor do exame pré-nupcial. E essa crônica não se limitou a defender o exame
pré-nupcial facultativo, que a Igreja não condena, mas pleiteou o exame
pré-nupcial obrigatório.
Indubitavelmente, certos amigos do Sr. Getúlio
Vargas lhe causam mais embaraços do que seus mais decididos inimigos...
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Infelizmente, não é este o único desatino que temos
a lamentar. Pior do que isso, fez o “Diário da Noite”, publicando as
“profecias” que a alma do Barão do Rio Branco teria feito sobre o novo Papa,
seu nome, duração de seu pontificado etc. O Papa seria o Cardeal Piazza, com o nome, se não nos falta a memória, de Gregório XVI.
Parece incrível que um jornal publicado em um país
católico como o Brasil dê tão grande destaque a um embuste dessa natureza,
quando, não raramente, em suas colunas, falta espaço para a publicação de
matéria religiosa da mais autêntica e transcendental importância.
* * *
Não é só em São Paulo que o Carnaval
fracassou lamentavelmente. No Rio de Janeiro, seu declínio é tão manifesto, e tão grande o
desinteresse do comércio, que o presidente de um de seus maiores clubes
carnavalescos, os Fenianos, fez significativas
declarações ao “Diário de S. Paulo”, que as resumiu no seguinte telegrama:
“O presidente do Congresso dos Fenianos, o clube carnavalesco vencedor do concurso de préstitos
deste ano, declarou à reportagem que, em face das dificuldades que lhe são
criadas, o carnaval carioca parece mesmo fadado a declinar sensivelmente. Para
os grandes clubes, então essas dificuldades sobem de ponto, representadas pelos
impostos, multas e outras taxas. A subvenção oficial é de 30:000$ e, só este
ano, o préstito ficou em 80:000$000.
“O Sr. Manoel da Cunha Júnior, presidente dos Fenianos,
também fez declarações pessimistas a respeito do futuro do Carnaval, dizendo
que as dificuldades se apresentam não só em relação ao poder público, mas
também ao comércio que, de ano para ano, reduz o seu auxílio aos clubes. Os
30:000$ de subvenção desaparecem todos, revertendo aos cofres públicos em
impostos, licenças e outras taxas. Assim, tudo parece indicar que o tradicional
carnaval carioca desaparecerá mesmo.
“Seja como for - concluiu o entrevistado - este foi
o último carnaval em que trabalhei. Encerro aqui os meus 25 anos de atividades
carnavalescas, porque reconheço que é impossível satisfazer a tanto encargo e a
tanta exigência”.
E ainda há quem suponha que o comércio do Rio lucra
com o carnaval, em virtude do afluxo de turistas. Se
assim fosse, deixaria ele morrer o carnaval, quando gasta milhares de contos em
reclame?
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O “Diário de S. Paulo” mantém um serviço
telegráfico proveniente da Itália, de onde é diretamente transmitido ao Brasil.
Esse serviço, que tem um colorido evidentemente fascista, sem o qual a polícia
italiana não o toleraria, é, aliás, muito informativo e interessante.
É curioso notar que nesse serviço telegráfico se incluiu
na semana passada uma informação sobre o acordo comercial ítalo-russo, que mostra a intensidade das relações comerciais entre
as duas potências. Transcrevemos alguns tópicos desse telegrama:
“Roma, fevereiro. (Via aérea) - Desenvolveram-se em
Roma, durante algumas semanas, entendimentos entre os governos da Itália e da
URSS para o estabelecimento do acordo comercial de que mandei notícia cabográfica.
O acordo é de largo alcance, de importância muito
maior do que a que apresentavam os precedentes. A Rússia fornecerá à Itália,
entre os produtos constantes da relação, grande quantidade de matérias primas
combustíveis, entre as quais gasolina, óleos minerais, manganês, madeiras,
carvão, sementes, determinadas espécies de gramíneas
etc.
“Considera-se, tomando-se por base cálculos feitos
pela embaixada soviética, que a cifra das respectivas exportações e importações
entre os dois países possa alcançar a soma anual de um bilhão. Tal importância,
já por si considerável, surgirá em todo seu alto valor, quando se relembrar
que, pelo último tratado, o valor das trocas se mantinha na base dos
quatrocentos milhões de liras.
“É interessante registrar - acentua a notícia - que
justamente nestes dias foi assinado outro importante acordo entre a Alemanha e
a Rússia dos sovietes”.
Ninguém ignora, hoje em dia, que não há boas
relações comerciais sem boas relações diplomáticas.