No discurso que pronunciou na 4ª feira p.p., o Sr. Franklin Roosevelt, Presidente dos Estados Unidos, afirmou que a Religião, a
democracia e a boa fé internacional são os princípios intimamente ligados entre
si, e indispensáveis para a manutenção da civilização contemporânea.
Quanto à Religião, a afirmação tem o sabor liberal
e protestante que seria de se esperar. É certo que as religiões pagãs,
conquanto falsas, constituíram o centro de gravidade e o fundamento das
civilizações anteriores a Nosso Senhor Jesus Cristo, o que é imensamente melhor que tais povos tenham tido
religiões falsas do que nenhuma religião. É certo também que as seitas
heréticas ou cismáticas que se presumem cristãs, pelo próprio fato de terem em
sua doutrina algumas parcelas da verdade cristã católica, produzem benefícios
nos respectivos fiéis. A Inglaterra, a Suécia, Dinamarca, Noruega etc., puderam
prosperar ao menos materialmente, dentro da heresia. No ateísmo, nem sequer
este progresso material teria sido possível.
Para a sociedade contemporânea, entretanto, não
basta uma religião qualquer, ou a pluralidade de religiões, na qual o
liberalismo tanto se compraz. Ou o mundo contemporâneo reingressa
inteiramente na verdade plena, que só na Igreja se encontra, ou não haverá meio
de evitar as imensas catástrofes de que está ameaçado.
Como protestante que é, não poderia o Sr. Roosevelt ver claramente a procedência do que acima ficou
dito. Mas é conveniente resguardar o espírito dos leitores contra a mentalidade
liberal implicitamente contida em seu discurso.
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Também quanto à democracia, temos nossas reservas a
fazer. Somos clara, positiva e ardorosamente antitotalitários.
Nem por isto haveremos de afirmar que a democracia é uma condição essencial
para a sobrevivência da sociedade contemporânea. Nem a democracia, nem a
aristocracia, nem a monarquia é essencial para a felicidade dos povos. O que
sobretudo é indispensável é que a forma de governo seja inspirada na autêntica
doutrina do Evangelho. Quanto ao mais, podem os povos adotar formas de governo
diversas, conforme suas tradições e índole, e de acordo com as lições fornecidas
pela experiência histórica de cada povo.
Isto posto, como contestar que a experiência
histórica de quase todos os povos contemporâneos pode dificilmente ser
interpretada em sentido favorável à democracia liberal?
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Merece nosso franco aplauso o gesto de delicadeza
do governo francês, que agraciou com uma alta distinção honorífica S. Ema.
o Sr. Cardeal D. Sebastião Leme, em uma solenidade cheia de delicadeza e expressão, a
bordo da belonave que traz o belo nome de “Jeanne d’Arc”.
Condecorando aquele Príncipe da Santa Igreja, não
foi apenas seus altos méritos que o governo francês reconheceu. A delicadeza do
gesto foi mais longe e atingiu a própria alma católica do Brasil.
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Também merece um largo aplauso o fato de ter feito
parte das cerimônias comemorativas da retirada da Laguna uma Missa celebrada
pela Ex.mo e Rev.mo Sr. D. Carlos Duarte Costa, no Mosteiro de São Bento.
Com este gesto, mostra o bravo Exército Nacional
que não esmoreceu em suas fileiras o espírito católico que foi a grande
característica de seus maiores heróis do passado.
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É um gáudio para o “Legionário” publicar louvores e
elogios. Gáudio este tanto mais intenso, quanto menos freqüentes são as
ocasiões em que se lhe permite tomar essa agradável posição.
No número de hoje, temos mais um elogio a inserir.
Refere-se ao fato de ter sido dada a uma das ruas desta capital o nome do
grande e saudoso Jackson de Figueiredo.
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Quando o nazismo subiu ao poder, assenhoreou-se do
jornal católico “Germânia” que, entregue às mãos de von Papen (!), conservava uma
vaga coloração católica, a fim de ver se, retendo alguns leitores católicos,
instilava nestes o veneno da doutrina nazista.
Depois, o Sr. von Papen andou fazendo
traições e infâmias pelo Ruhr e pela Áustria. Agora está no ostracismo. E finalmente o seu jornal foi
fechado.
Diz o Evangelho que Judas nem os trinta dinheiros conservou...
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É digno de nota o seguinte telegrama da United Press, publicado por
nossos jornais diários no dia 1º p.p.: “Uma personalidade fascista
bem informada, em declarações à imprensa, disse que a França está fazendo o jogo
da Itália. Ela se irrita
abertamente com as exigências italianas, que até agora não foram apresentadas
oficialmente, e que provavelmente não o serão, por enquanto. Mussolini jogará as cartas em
tempo oportuno”.