O Sr. Getúlio
Vargas, em declarações à imprensa sobre a Conferência de Lima, afirmou que o
Brasil era pacifista e que qualquer relação com outros países era desejável,
sendo o comunismo a única forma de governo que tornaria indesejável um
estreitamento de relações entre algum país estrangeiro e o Brasil.
Essa declaração nos parece muito
importante.
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Todos estão
lembrados de que quando as leis racistas foram aprovadas na Itália pelos altos órgãos
políticos do país, o Santo Padre escreveu ao Rei da Itália e ao Sr. Mussolini mostrando que com isto se violava o Tratado de Latrão.
O soberano
respondeu ao Sumo Pontífice que estudaria com toda a atenção os termos de sua
missiva e faria todo o possível para atendê-la.
Ao que parece,
o “possível” foi pouquíssimo: o Duce, ao que nos consta, não respondeu ao Papa e agora a
Câmara italiana aprovou tais leis, dando-lhes pleno vigor jurídico.
Aprovou-as a
Câmara e dissolveu-se, aplaudindo com delirante entusiasmo sua própria
dissolução.
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Acha-se no
Ministério do Trabalho, aguardando sugestões, um anteprojeto do decreto-lei que
regula a profissão de músico e a duração do seu respectivo trabalho.
Entre outras
disposições, o anteprojeto obriga as Igrejas a celebrarem contratos com seus
músicos e só permite aos músicos dotados de carteira profissional fornecida
pelo Ministério do Trabalho que exercerem suas atividades nas funções
religiosas.
Ficará dessa
forma impedido o concurso espontâneo e gratuito de muitos músicos nas Igrejas
do Brasil, caso passe esse anteprojeto? É o que os telegramas não
esclarecem convenientemente.
De modo que as
sugestões que serão apresentadas a ele devem inquerir
sobre a situação em que ficarão as muitas pessoas que, por puro apostolado, se
oferecem para cantar nas Igrejas e que não têm necessidade nem querem exercer
com lucro monetário essa função. De mais a mais, à música da Igreja não se pode
aplicar sem grande injustiça e inconveniência a legislação referente aos músicos
de bailes, cafés, concertos ou bandas teatrais. Na escolha de um músico da Igreja se exigem
circunstâncias especialíssimas que uma caderneta do
Ministério do Trabalho não pode comprovar. É preciso que ele seja um católico
realmente fervoroso e que sua execução musical seja não apenas de um valor
técnico suficiente, mas de uma piedade real. Quem irá comprovar estas
qualidades? Uma banca de examinadores meramente burocráticos, da qual poderá
até não fazer parte qualquer católico?
É possível que
muita gente sorria ante a atenção que damos ao assunto. Mas os vigários que nos
lerem saberão perfeitamente os embaraços que uma tal legislação lhes pode
trazer.
Como o
Ministério teve a bela e nobre idéia de pedir sugestões antes de convertido o projeto em lei, convém que
numerosas sugestões, animadas de um espírito de cooperação franco e
respeitoso, cheguem às mãos do titular
daquela pasta, aliás católico praticante.
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Realizou-se no
dia 14, no Brás Politeama, um festival em benefício do Natal dos órfãos republicanos
da guerra civil espanhola, que residem em território daquela república.
Se o festival
foi no dia 14, dificilmente o dinheiro apurado servirá para o Natal na Espanha
republicana. Esse dinheiro servirá, no entanto, possivelmente, para as despesas
do governo espanhol, já há muito tempo necessitando de dinheiro do estrangeiro
para se defender.
É
incompreensível como uma iniciativa tão evidentemente parcial e imprudente
encontre benfeitores, como a Empresa
Serrador que cedeu de graça o Teatro Politeama, ainda mais que o governo
brasileiro se acha empenhado em combater o comunismo no Brasil.
Houve isenção
de selos nas entradas.
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Mais uma prova
da perfeita concordância entre o nazismo e o comunismo, que o “Legionário” tem
sempre frisado, é o fato do ministro do Reich no México ter exigido a prisão e
o julgamento de um chefe sindicalista que criticara o Sr. Hitler, dando como
justificativa desse pedido a necessidade de fazer calar os raros jornais
mexicanos que não são dirigidos por
alemães.
O México, sendo
comunista, tem necessariamente o apoio desses jornais dirigidos por alemães que
o embaixador alemão olha com tanta simpatia. Portanto, se não existe identidade
de objetivos entre o nazismo e o comunismo, como explicar esse fato?
* * *
O governo de
Barcelona baixou um decreto instituindo a liberdade de culto no território
sujeito à sua jurisdição.
Trata-se
evidentemente de uma mistificação destinada a fazer crer que os “republicanos”
estão abandonando seu comunismo rubro para se aproximar da Igreja.
É uma impostura que, para ser
desmascarada, nem sequer exige argumentação.