Impressionaram favoravelmente diversos tópicos da
entrevista presidencial fornecida à imprensa por ocasião do dia 10 de Novembro.
Especialmente agradam aos católicos todas as medidas referentes à proteção
prestada às classes desamparadas.
Merece atento exame a afirmação de S. Ex.a de que o
“Clero não será nacionalizado a rigor, como se diz, mas deverá obrigar seus
pregadores também a falar português”.
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O Sr. Ademar de Barros,
num gesto altamente simpático, convidou S. Ema. o Cardeal D.
Sebastião Leme para visitar São Paulo como hóspede oficial do Estado, aqui
permanecendo alguns dias.
O governo e o povo de São Paulo unir-se-ão
jubilosos a fim de prestar ao ilustre Príncipe da Igreja e filho deste Estado,
as honras e as provas de afeto unânimes do coração paulista.
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Designado pelo Departamento Nacional da Educação, o
inspetor federal de ensino, prof. Arlindo Drumond Costa, virá a São Paulo colher informações sobre a
necessidade de nacionalização do ensino em estabelecimentos ginasiais e cursos
anexos. (...)
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O ministro da Justiça da França, Sr. Marchandeau, anunciou ao Conselho de Estado grandes
reformas na organização política da França, segundo as quais todos os poderes
seriam retirados do Parlamento, passando a exercê-los o poder Judiciário.
Essas medidas representam um largo passo para a nazificação da França, pois depois de passarem todos os
poderes para o Judiciário, é suficiente que os juizes sejam tornados demissíveis pelo governo, o que pode ser facilmente
conseguido, para que o Parlamento de nada valha e o governo passe a ser
ditatorial.
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A maior praça de Budapeste passou a chamar-se praça
Adolfo Hitler, em homenagem ao ditador alemão.
É pena que Budapeste, que há pouco tempo teve a
honra de ser sede de um Congresso Eucarístico Mundial, dê à sua maior praça o
nome de um perseguidor da Igreja.
Ainda mais que as reivindicações húngaras foram
conseguidas devido ao apoio do “füehrer”. Muito mais
decisivo para elas foi o discurso do Sr. Mussolini em
Trieste. No entanto, não nos consta que tenha sido
dado o nome do Duce
a nenhuma rua de Budapeste, e mesmo que tenha sido dado, o fato é que o Sr. Mussolini nesse caso foi relegado para um humilhante
segundo lugar.
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O Sr. Hitler, nos discursos de Nuremberg,
teve afirmações que pareciam reprovar toda a obra racial do Sr. Rosemberg. Mas as palavras do Sr. Hitler de nada valem. Por
isto, o próprio Sr. Hitler, continuando na Alemanha a sua obra paganisadora, ordenou ainda agora que nenhum livro,
circular, boletim ou panfleto, seja publicado antes de sua aprovação pelo Sr. Rosemberg ou seus empregados.
Donde se deduz que ou o Sr. Hitler não pode com o
Sr. Rosemberg, e então o verdadeiro “füehrer” é este; ou então as declarações do Sr. Hitler são
como as suas célebres promessas: dependem das ocasiões.
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Começaram na Áustria as difamações nazistas contra
a moralidade do Clero, de que a Alemanha já foi teatro. O “Legionário” deixa de
comentar esses fatos, pois são de uma repugnante hipocrisia já desmascarada
quando se tratou da Alemanha.
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A estação de rádio do Vaticano em irradiação
informou a morte do sacerdote que os nazistas lançaram por uma janela do
palácio Arquiepiscopal de Viena.
Além disso, reproduz as declarações de duas testemunhas
que estiveram com o Cardeal Innitzer três semanas
depois do atentado e que acentuou que o palácio ainda estava sob a “proteção”
da polícia, nada ainda havia sido reparado, que o anel que lhe fora dado pelo
Papa desaparecera e que a polícia só prendera quem lhe tivesse manifestado
simpatia.
Esta confirmação oficiosa do Vaticano tem um valor
documentário que não podemos deixar de registrar.