Legionário, N.o 322, 13 de novembro de 1938

7 DIAS EM REVISTA

Impressionaram favoravelmente diversos tópicos da entrevista presidencial fornecida à imprensa por ocasião do dia 10 de Novembro. Especialmente agradam aos católicos todas as medidas referentes à proteção prestada às classes desamparadas.

Merece atento exame a afirmação de S. Ex.a de que o “Clero não será nacionalizado a rigor, como se diz, mas deverá obrigar seus pregadores também a falar português”.

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O Sr. Ademar de Barros, num gesto altamente simpático, convidou S. Ema. o Cardeal D. Sebastião Leme para visitar São Paulo como hóspede oficial do Estado, aqui permanecendo alguns dias.

O governo e o povo de São Paulo unir-se-ão jubilosos a fim de prestar ao ilustre Príncipe da Igreja e filho deste Estado, as honras e as provas de afeto unânimes do coração paulista.

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Designado pelo Departamento Nacional da Educação, o inspetor federal de ensino, prof. Arlindo Drumond Costa, virá a São Paulo colher informações sobre a necessidade de nacionalização do ensino em estabelecimentos ginasiais e cursos anexos. (...)

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O ministro da Justiça da França, Sr. Marchandeau, anunciou ao Conselho de Estado grandes reformas na organização política da França, segundo as quais todos os poderes seriam retirados do Parlamento, passando a exercê-los o poder Judiciário.

Essas medidas representam um largo passo para a nazificação da França, pois depois de passarem todos os poderes para o Judiciário, é suficiente que os juizes sejam tornados demissíveis pelo governo, o que pode ser facilmente conseguido, para que o Parlamento de nada valha e o governo passe a ser ditatorial.

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A maior praça de Budapeste passou a chamar-se praça Adolfo Hitler, em homenagem ao ditador alemão.

É pena que Budapeste, que há pouco tempo teve a honra de ser sede de um Congresso Eucarístico Mundial, dê à sua maior praça o nome de um perseguidor da Igreja.

Ainda mais que as reivindicações húngaras foram conseguidas devido ao apoio do “füehrer”. Muito mais decisivo para elas foi o discurso do Sr. Mussolini em Trieste. No entanto, não nos consta que tenha sido dado o nome do Duce a nenhuma rua de Budapeste, e mesmo que tenha sido dado, o fato é que o Sr. Mussolini nesse caso foi relegado para um humilhante segundo lugar.

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O Sr. Hitler, nos discursos de Nuremberg, teve afirmações que pareciam reprovar toda a obra racial do Sr. Rosemberg. Mas as palavras do Sr. Hitler de nada valem. Por isto, o próprio Sr. Hitler, continuando na Alemanha a sua obra paganisadora, ordenou ainda agora que nenhum livro, circular, boletim ou panfleto, seja publicado antes de sua aprovação pelo Sr. Rosemberg ou seus empregados.

Donde se deduz que ou o Sr. Hitler não pode com o Sr. Rosemberg, e então o verdadeiro “füehrer” é este; ou então as declarações do Sr. Hitler são como as suas célebres promessas: dependem das ocasiões.

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Começaram na Áustria as difamações nazistas contra a moralidade do Clero, de que a Alemanha já foi teatro. O “Legionário” deixa de comentar esses fatos, pois são de uma repugnante hipocrisia já desmascarada quando se tratou da Alemanha.

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A estação de rádio do Vaticano em irradiação informou a morte do sacerdote que os nazistas lançaram por uma janela do palácio Arquiepiscopal de Viena.

Além disso, reproduz as declarações de duas testemunhas que estiveram com o Cardeal Innitzer três semanas depois do atentado e que acentuou que o palácio ainda estava sob a “proteção” da polícia, nada ainda havia sido reparado, que o anel que lhe fora dado pelo Papa desaparecera e que a polícia só prendera quem lhe tivesse manifestado simpatia.

Esta confirmação oficiosa do Vaticano tem um valor documentário que não podemos deixar de registrar.