Desde que estalou a luta social na Espanha, o
“Legionário” tem chamado reiteradamente a atenção de nossas autoridades sobre
os inconvenientes da presença, entre nós, de cônsules do governo de Barcelona.
Finalmente, confirmaram-se nossas justas
apreensões. Uma prova disto é a expulsão, do território nacional, do cidadão
espanhol André R. Barbeito, ex-cônsul dos vermelhos
em Santos.
A causa dada por nossas autoridades para justificar
a expulsão é que o indivíduo era “nocivo à ordem pública e à segurança
nacional”.
A este propósito é interessante acrescentar que o ex-cônsul Barbeito foi imediatamente nomeado pelo governo
de Barcelona seu representante em um país da Europa. Com isto, o governo
comunista confessa publicamente que aprova as atividades subversivas que
Barbeito desenvolveu no Brasil.
Sendo esta a posição oficial do governo de
Barcelona, por que não rompe o Brasil suas relações com ele?
* * *
Na reportagem que fez sobre a Exposição Missionária
da Praça Antônio Prado, colheu esta folha a informação de que será criado
dentro em breve um “Departamento de Assistência às Missões” nesta Capital.
A este propósito, devemos acrescentar que fomos
informados com a mais absoluta segurança que tal “Departamento” não se fundará,
uma vez que está em desconformidade com as disposições pontifícias que
centralizam todo o serviço de assistência às Missões na Obra de Propagação da
Fé, a cuja testa está o Rev.mo Sr. Pe. Dictino de la Par.... [erro tipográfico].
A Cúria Metropolitana baixou a respeito de
Assistência às Missões um recente edital a cuja observância estão adstritos
todos os fiéis da Arquidiocese.
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Recebemos do Sr. Sebastião Medeiros, que
superiormente vem dirigindo o Departamento de Serviço Social, um ofício em que,
declarando não poder prescindir do valioso apoio da imprensa para a realização
integral do programa de serviço social, solicita a cooperação do “Legionário”
para o mesmo fim.
É com o mais grato prazer que o “Legionário” se
dispõe a colaborar com as obras de serviço social, da mais urgente necessidade
em nossos dias, tanto mais que o atual Diretor daquele Departamento tem
mostrado compreender perfeitamente a missão do Estado nessa matéria, que é a de
fomentar e suprir as iniciativas particulares, sem todavia fazer o mais ligeiro
atentado contra a sua autonomia.
Toda a imprensa paulista precisa colaborar com o
Departamento de Serviço Social e atender à solicitação que lhe faz o seu zeloso
Diretor, animado dos mais nobres e elevados propósitos.
* * *
Abrir-se-á dentro em breve a Conferência Pan Americana de Lima, à qual mandarão seus representantes
todos ou quase todos os países da América.
A este propósito, o jornal argentino “Notícias
Gráficas” formula votos para que a Conferência vote resoluções contrárias às
influências estrangeiras, na América.
Também nós somos contrários às infiltrações
nazistas. Acrescentamos até, que ninguém lhes é mais contrário do que nós. Mas
o jornal “Notícias Gráficas” fala vagamente em “infiltrações estrangeiras” sem
dizer ao que quer aludir. O motivo é óbvio. Aquela folha é comunista, e por
isto deseja somente a proscrição das atividades nazistas.
Estamos em desacordo formal com isto. Sempre que
pleiteamos a aplicação de qualquer medida contra o nazismo, nosso espírito se
volta automaticamente para o comunismo, que queremos golpear sempre com as
mesmas armas e com igual intransigência.
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O Conselho Nacional de Serviço Social concedeu
subvenção a várias instituições católicas.
Juntamente com elas, receberam também subvenções a
Associação Cristã de Moços do Distrito Federal, que é protestante, e o Centro
de Caridade e Propaganda Espírita Abrigo Olympia Belem.
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Parecem-nos absolutamente merecidas as censuras
que, na Câmara dos Comuns, o Sr. Winston Churchill fez contra o Sr. Neville Chamberlain.
Se os Srs. Chamberlain e Daladier estavam dispostos a ceder em tudo e por tudo, como
efetivamente cederam, por que razão fizeram toda a comédia dos encontros de Berchtesgaden, Godesberg e Munich, as mobilizações gerais, as medidas de defesa
antiaérea, etc. etc., com que alarmaram o mundo? Que ataque deveriam recear a
França e a Inglaterra, se seus governos estavam dispostos a conservar
absolutamente a paz a custo de quaisquer sacrifícios?
Parece-nos tudo isto uma manobra para incutir
terror às populações da França e da Inglaterra, levando-as assim a aceitar mais
tranqüilamente e... humildemente, a capitulação diante do truculento Füehrer alemão.
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É verdade que no decurso das negociações de Godesberg, pareceu haver uma ruptura entre Hitler e Chamberlain. Esta ruptura teria sido motivada por uma
questão de detalhe. O Sr. Chamberlain queria dar ao
Sr. Hitler tudo quanto o Sr. Hitler pedia. Mas o Sr. Hitler queria receber isto
alguns dias antes do que o Sr. Chamberlain queria
dar. Por esta razão de lana caprina, quase arrebentou a guerra... ou ao menos
foi esta a impressão que o Sr. Chamberlain quis dar.
Mas a tal ponto era ilusória esta impressão, que o
Sr. Chamberlain acabou cedendo muito mais do que o
Sr. Hitler pediu.
Efetivamente, como crer que o Sr. Chamberlain estivesse disposto a fazer estalar uma guerra
por uma questão de poucos dias mais, ou poucos dias menos, na entrega do
território sudeto? A prova de que ele não tinha tal
intenção é que o Sr. Hitler acabou por se apossar de zonas muito mais extensas
do que as que o acordo de Munich previra. E o Sr. Chamberlain, bem como o Sr. Daladier,
não se permitiram o menor e nem o mais tímido protesto. (...)