O Sr. Belmiro Valverde, um dos chefes mais destacados do movimento de maio deste
ano, fugiu da Casa de Detenção onde se encontrava preso.
O capitão Trifino Corrêa, implicado na revolta comunista de Novembro de 1935 e que
fugira espetacularmente do Hospital para onde fora removido, foi absolvido pelo
Tribunal de Segurança.
E o ex-tenente Severo Fournier, que chefiou o ataque integralista
ao Palácio Guanabara e se refugiou na
embaixada italiana de onde se retirou para se entregar ás autoridades, foi
removido para um Hospital.
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O governo brasileiro enviou quinze mil sacas de
café para distribuição gratuita na Espanha. Do governo comunista de Barcelona,
já vieram os devidos agradecimentos.
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O general Meira de Vasconcellos, comandante da 1ª Região Militar, tem se distinguido no
combate enérgico e bastante louvável aos estrangeiros que procuram trazer para
o Brasil as lutas e os problemas da política européia.
Ainda agora, ao dar posse ao novo diretor do
C.P.O.R. o general Meira de Vasconcellos
chamou a atenção dos futuros oficiais da reserva para a nova mentalidade de
“verdadeira traição ao nosso país”, que certos elementos estrangeiros estão
criando na juventude brasileira.
Não pode deixar de merecer aplausos essa campanha
do comandante da 1ª Região Militar visando impedir não só que o Brasil se torne
palco das lutas políticas da Europa, mas também que se crie em nossa terra o
problema inquietante das minorias.
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Agora, que a tensão internacional passou, é curioso
respigar alguns detalhes expressivos dos últimos acontecimentos. O Sr. Hitler no discurso que
pronunciou em Nuremberg declarou que a
ideologia nacional socialista está “solidamente vinculada à determinação de só
servir ao povo germânico, de ampará-lo em todo o mundo e de intervir pela sua
existência”.
Nesse mesmo discurso o “Füehrer”
garantiu aos países europeus que depois da região dos sudetos,
a Alemanha não tem outras pretensões na Europa.
Pondo de lado as promessas do Sr. Hitler, todos
sabem quanto valem as suas promessas, uma coisa foi bem frisada no seu discurso:
a Alemanha intervirá em toda parte onde houver minorias alemãs, principalmente
se for fora da Europa.
Ora, em Santa Catarina há um núcleo
alemão. Dadas as palavras do “füehrer”, é de se supor
que o Itamaraty tenha feito sentir
ao governo alemão que não reconhece nem de leve esse pretenso padroado que o
Sr. Hitler se arroga.
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Nesse mesmo discurso do Sr. Hitler, as relações
entre a Itália e a Alemanha são apresentadas como muito sólidas, pois “uma base
filosófica comum abriu o caminho para os entendimentos” entre as duas nações.
O nazismo é condenado justamente pelas suas bases
filosóficas contrárias à doutrina católica. Se, na Itália, o fascismo tem a
mesma base filosófica que o nacional socialismo, também ele merece a condenação
da Igreja. É o que se depreende insofismavelmente das palavras do Sr. Hitler.