Estamos perfeitamente solidários com o oportuno
gesto do Chefe da Nação que se solidarizou com o Presidente dos Estados Unidos
na atitude que este assumiu perante o conflito europeu.
O “Legionário” é bem insuspeito nesta matéria,
porque nunca foi partidário de uma política de exagerada aproximação com a
América do Norte, e sempre combateu a influência muitas vezes excessiva, que
esta tem pretendido exercer na América Latina.
No entanto, uma linha de solidariedade de toda a
América na crise porque passou o mundo, era uma atitude que se impunha
imperiosamente.
* * *
O “Regime Fascista”, jornal italiano de grande
responsabilidade no Partido Fascista, publicou um acerbo artigo contra o Santo
Padre Pio XI, porque este tomou
atitude de simpatia compassiva para com o povo tcheco,
tão duramente provado nos últimos meses.
Fazendo ironia, disse aquele jornal que o Santo
Padre ficaria só ao lado dos tchecos, contra todas as
potências da terra, e que com este apoio não se manteria de pé.
Não é exato, preliminarmente, que o Santo Padre
tenha tomado em relação aos tchecos uma atitude ou
outra, que não a de uma simpatia que não excluísse a rigorosa neutralidade do
Vaticano na hipótese de um conflito internacional.
Em segundo lugar, ao Santo Padre pouco importa
ficar com ou sem o apoio dos tchecos, do Sr. Mussolini, do Sr. Daladier, do
Sr. Chamberlain ou de qualquer outra potência da
terra. Ele tem em suas mãos a arma invencível com que o próprio Átila foi
rechaçado. Com a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele não teme os canhões ou
o ouro de quem quer que seja.
* * *
A “Folha da Noite” de 28 do passado cita a opinião
do Dr. Enéas de Carvalho Aguiar sobre a
hereditariedade da lepra, para reforçar os argumentos com que o Sr. Rubens do
Amaral combatera, nesse mesmo jornal, a esterilização dos leprosos preconizada
por um médico especialista em lepra.
Afirma o Dr. Enéas de
Carvalho Aguiar, que é diretor do Asilo Colônia Aimorés, do Serviço de
Profilaxia da Lepra, que os filhos de leprosos, quando afastados imediatamente
depois de nascer do convívio com os pais, tem tanta probabilidade de contraírem
a moléstia como outra pessoa qualquer. Daí a desnecessidade de esterilização
dos leprosos.
A “Folha da Noite” tem toda a razão em combater
essa medida imoral preconizada para os leprosos. E isto apenas porque os filhos
dos leprosos não herdam o terrível morbus paterno
como principalmente porque ninguém tem o direito de alterar as leis da vida,
seja por que motivo for.
* * *
O Sr. Alexandre Hirgué, scroc acusado de
espionagem bolchevista e causador do processo do Sr. Emílio Romano, ex-delegado do Rio, apesar de já ter sido decretada a sua
expulsão do território brasileiro, foi posto em liberdade no dia 21 próximo
passado.
Alega-se para a sua soltura que ele deve aguardar
em liberdade a sua expulsão. Esse motivo nem sequer merece comentários, de tal
forma é ridículo. (...)
Espera-se por ventura que o Sr. Hirgué
fuja antes de ser expulso e consiga se refugiar em algum canto do Brasil até
que o silêncio caia sobre esse processo, para que ele possa voltar a praticar
sua scroquerie
no Rio de Janeiro?
* * *
O Sr. Embaixador japonês declarou ao “Globo” que as
crianças de origem japonesa são criadas no Brasil como perfeitos brasileiros, e
que se adaptam, perfeitamente aos costumes de nossa terra.
Antes de fazer essas declarações, S. Ex.a, deveria
ter procurado conhecer mais de perto os seus patrícios que se encontram aqui no
Brasil, e a sua desilusão seria às vezes amarga.
Ao contrário do que afirmou S. Ex.a recusam
freqüentemente de se adaptar ao Brasil e se educam como perfeitos japoneses, em
núcleos rurais isolados e impenetráveis. Naturalmente, será do próprio
interesse japonês modificar essa mentalidade com que vem para cá, a fim de que
possam ser mais estreitadas as relações entre o Brasil e o Japão. Neste sentido, não conhecemos obra mais
proveitosa para o Japão e o Brasil do que a
ação evangelizadora do R. Pe. Gualandi e de outros missionários que criam entre os dois povos
uma larga base de recíproca compreensão e de concórdia.
* * *
Uma lei singular acaba de ser assinada pelo Sr.
Lázaro Cardenas, presidente do México, que
recomendamos ao governo brasileiro não imitar.
O Sr. Cardenas estendeu
aos funcionários públicos o direito de greve. Naturalmente, essa lei fica
apenas no papel, porque senão os negócios públicos não caminhariam mais, dada a
proverbial falta de disposição dos funcionários públicos em trabalhar.
Isso no Brasil, então, seria um desastre. Era
bastante o café chegar atrasado em uma repartição para que todo o funcionalismo
público do Brasil se declarasse em greve para reparar essa injustiça.