A “União em prol da Paz Religiosa”, organização de
católicos simpatizantes com o nazismo, foi interditada pelo Cardeal Innitzer, Arcebispo de Viena, em vista das novas leis sobre
o matrimônio, o confisco de bens eclesiásticos e a supressão das escolas
católicas, leis essas que fecham irremediavelmente o caminho a qualquer
esperança de reconciliação com o Sr. Hitler.
Essa atitude do Cardeal Innitzer
evidencia muito bem o espírito que o animou quando deu a público a sua Carta
Pastoral, logo após o assalto do Sr. Hitler à Áustria.
Se bem que ainda hoje seja cedo para pronunciar um
veredicto definitivo sobre a oportunidade da conduta que aquele Prelado assumiu
por ocasião do Anschluss,
patenteia-se agora que tudo quanto ele fez foi para obter uma paz honrosa entre
a Igreja e o nazismo, que não importasse no sacrifício dos direitos daquela.
O Sr. Hitler, no entanto, useiro e vezeiro em
faltar com a palavra empenhada, não quis essa paz, que ele prometera ao
Episcopado austríaco.
E hoje a Áustria sofre a perseguição que já
grassava na Alemanha, e se estenderá agora aos sudetos.
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A Livraria José Olympio
expôs em suas vitrines o livro do Sr. Getúlio Vargas, ladeado por dois outros:
um deles do Sr. Roosevelt e outro do Sr. Mussolini.
O exemplar do livro do presidente dos Estados
Unidos não é da propriedade da livraria. É um exemplar oferecido pelo próprio
Sr. Roosevelt ao nosso chanceler Sr. Oswaldo Aranha.
Todas essas circunstâncias fazem supor que a Livraria
José Olympio quis insinuar que o Sr. Getúlio Vargas,
com a publicação de sua obra, se define como um político do tipo intermediário
entre o Sr. Roosevelt e o duce italiano.
Ora, foi exatamente isto que o Sr. Getúlio Vargas
evitou de fazer em sua obra, no que agiu com sua costumeira habilidade, porque
os últimos acontecimentos europeus não lhe tornariam favorável tal definição.
Não está certo que a Livraria José Olympio pretenda impor ao chefe da Nação uma definição que
ele não quer fazer, tanto mais que já se afirma que a dita vitrine foi
organizada pelo Departamento de Propaganda.
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O secretário da Educação do Rio Grande do Sul
intimou a Escola Normal de São Leopoldo a mudar de diretor, por ter ficado
apurado que o atual diretor, o prof. Franz Neller, alemão naturalizado brasileiro, afirmou que só teme
na vida uma repreensão do “füehrer”.
É tempo de acabarmos com essa intromissão de países
estrangeiros no ensino e na administração de nosso país e todas as autoridades
devem imitar esse gesto do secretário gaúcho, para se evitar mais tarde uma
possível reivindicação européia, tão em moda nesses últimos tempos.
Se um estrangeiro chega a um fanatismo por um
ditador europeu, não deve exercer nenhum cargo público.
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O Dr. Vilhena de Morais,
diretor do Arquivo Nacional, virá a São Paulo realizar várias conferências
sobre temas de história militar e religiosa do Brasil.
O Dr. Vilhena de Morais é
um historiador incansável em restabelecer a verdade sobre os fatos históricos
brasileiros, mostrando a profunda influência religiosa em todos eles,
principalmente na vida militar, que certos elementos pretendem afastar de suas
tradições católicas.
Dessa forma, o diretor do Arquivo Nacional presta
um relevante serviço ao Brasil com os seus estudos, pois só os organismos
enraizados em suas tradições conseguem viver e não desagregar-se e morrer.
E São Paulo deve reservar para S. S. o mais
simpático acolhimento.
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O governo pretende realizar, na primeira quinzena
de Novembro, uma exposição anticomunista organizada pelo Departamento Nacional
de Propaganda.
Não é necessário encarecer a importância dessa
exposição e recomendamos a sua visita às autoridades judiciárias que absolveram
os implicados na revolta de Novembro de 1935, sob o fundamento que essa
rebelião não era comunista.