Acolhemos com viva satisfação a notícia de que se
estão desenvolvendo negociações entre a Santa Sé e o Sr. Mussolini, no sentido de fazer cessar os incidentes verificados na
Itália entre a Ação Católica e elementos do
Partido Fascista. Queira Deus que essas negociações, que encontram em seu
caminho tantas e tão duras dificuldades, possam conduzir à paz e à
tranqüilidade que a Igreja deseja. Não portanto a uma paz qualquer. Mas à paz
honrosa que é a única que Pio XI aceitará: a paz
obtida sem o sacrifício dos direitos inalienáveis da Igreja.
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Se, no tocante à Ação Católica, as coisas parecem
bem encaminhadas, não se pode dizer o mesmo quanto ao problema racial. Pelas
notícias telegráficas que nos chegam da Itália, notícias estas aliás
pessimamente redigidas e muitíssimo obscuras, percebe-se que continua, em certa
imprensa fascista, a propaganda contra a orientação da Igreja em matéria
racial. E é doloroso verificar que à testa dessa propaganda está o Sr. Farinacci, recentemente nomeado, pelo Sr. Mussolini, Ministro de Estado.
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Nesta semana tão sobrecarregada de notícias
sombrias, de novos conflitos e de novas lutas, a nota mais melancólica foi a de
uma agência telegráfica que, comentando com o maior sangue-frio a situação
moral das tropas russas e japonesas, disse laconicamente o seguinte: as tropas
russas tem a grande vantagem de que seus soldados tem a morte à sua espera,
quer nas linhas de frente, quer na retaguarda, porque o terror na Rússia é tal que ninguém
está livre de uma execução sumária. Por esta razão, caminham eles para a guerra
com maior desprendimento!
Eis aí a que ficou reduzido o povo russo. Nem os
maiores horrores da literatura trágica podem igualar esse desespero de imensas
massas humanas, evoluindo sob o céu brumoso e frio da Sibéria, cercados pela
morte por todos os lados.
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É curioso notar que a cooperação econômica do
México [...] comunista com a Alemanha nazista continua
muito estreita. Assim, o governo mexicano ainda esta semana exportou para a
Alemanha dois navios
carregados de petróleo com evidente desgosto dos Estados Unidos.
Com esta cooperação mexicana, como ousa ainda o Sr.
Hitler se apresentar como campeão do anticomunismo?
(...)
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Por recente decreto do Sr. Interventor Federal, foi
criada novamente no Estado a Censura dos Teatros e Divertimentos Públicos.
Nossos melhores votos são no sentido de que essa
Censura exerça efetivamente suas atribuições, não se limitando à atitude tímida
e ridícula de idênticos departamentos que, anteriormente, têm funcionado neste
Estado.
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Vai crescendo cada vez mais a importância do rádio
na formação dos espíritos. Confirmou-o ainda recentemente o Sr. Goebels, em discurso pronunciado na Alemanha. S. Ex.a disse que
considerava o rádio um importantíssimo fator para a “formação nacional-socialista” da Alemanha, razão pela qual mandou
construir 800.000 aparelhos de rádio para o povo.
E nós, católicos, o que fazemos neste sentido?
Cooperamos realmente com os que querem pôr ao serviço da consciência católica
esse incomparável meio de apostolado?
Eis aí delicado tema para meditações.