Legionário, N.o 303, 3 de julho de 1938

7 DIAS EM REVISTA

O julgamento dos acusados de propaganda comunista tem terminado, em geral, pela absolvição dos réus, sob alegação de que a propaganda teria sido feita no tempo em que a Aliança Nacional Libertadora existia devidamente legalizada.

Ainda agora, sob esse fundamento, foi absolvido o acusado Lázaro Pereira de Almeida.

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Todos os países preparam-se ativamente para a guerra. A corrida armamentista é por todos conhecida, e os treinos de defesa contra ataques aéreos são já fatos de todos os dias.

Não se tem, no entanto, uma idéia perfeita da guerra surda de espionagem existente entre países que se dizem amigos, mas que se tratam como perfeitos inimigos.

Chegou a tal ponto essa espionagem que a França, a 29 do corrente mês, viu-se obrigada, para se defender, a votar a pena de morte para os espiões, em tempo de paz.

Nem o próprio Brasil viu-se livre dos espiões. Recentemente, foram presos no Rio de Janeiro dois espiões, um dos quais suicidou-se na prisão e outro era espião comunista que, a julgar pelas notícias dos jornais, além disso auxiliava o Banco do integralista Sr. Júlio de Moraes.

De que valem todas as declarações dos políticos europeus de só desejarem a paz, se praticamente tudo fazem para provocar a guerra?

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O governo bolchevista espanhol, para comover a opinião estrangeira, fez circular dados exagerados quanto ao número de crianças conduzidas de Bilbao para o estrangeiro antes da sua tomada pelas forças do general Franco.

Comentando esse exagero do governo espanhol, o “Osservatore Romano” reduz tudo a suas proporções, mostrando que apenas 12.000 crianças bascas foram mandadas para o estrangeiro antes da tomada de Bilbao, sendo que o atual governo basco já conseguiu depois de grandes esforços fazer voltar 4.000, e outras 2.000 estão em vias de voltar para sua pátria. Dessas últimas 1.000 se acham na França, 300 na Bélgica, nas organizações socialistas da Cruz Vermelha e as outras na Inglaterra.

O governo bolchevista da Espanha lança, pois, mão de todos os recursos para conseguir as tropas do general Franco, o que é um índice de sua extraordinária fraqueza.

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Nas festas de aniversário da Universidade de Colônia, na Alemanha, o ministro hitlerista da Instrução pública, Sr. Bernard Pust, terminou o seu discurso com a seguinte frase: “Agora que a ordem baseada sobre o cristianismo foi abolida, o Sr. Hitler encontrou a fórmula a seguir: o povo pela raça”.

Essa frase é uma das inúmeras dos chefes hitleristas em que claramente se vê que a única finalidade do hitlerismo é o combate à Igreja Católica. Apesar disso, quanta gente ainda acredita no hitlerismo, e culpa a Igreja de tudo que acontece por não ter sabido ser condescendente com o Sr. Hitler antes de sua subida ao poder. Esquecem-se de que a verdade não pode pactuar com o erro.

Assistiu as festividades da Universidade de Colônia o ministro da Instrução Pública da Itália, Sr. Bottai.

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O nazismo se diz defensor da família. No entanto, o Sr. Goering baixou um decreto instituindo o trabalho público obrigatório para todos os homens e mulheres de nacionalidade alemã.

Além das facilidades para o divórcio que já foi comentado pelo “Legionário”, o Sr. Goering, disposto a impedir a vida familiar, obriga com esse decreto todas as mães de família abandonarem os seus lares para servirem ao governo.

Bons métodos de se defender a família!

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O Sr. Hitler e seus asseclas realizaram um ótimo negócio com a anexação da Áustria. Esta se encontrava em ótimas condições financeiras antes do Anschluss.

Pois, não contente em lançar mão do ouro que existia em depósito na Áustria, o Sr. Hitler incorporou todas as grandes empresas metalúrgicas da Áustria ao consórcio Forjas e Minas Hermann Goering. (...)