Legionário, N.o 300, 12 de junho de 1938

7 DIAS EM REVISTA

Telegramas de Curitiba comunicam que a empresa funerária de Paranaguá ostenta em seu carro fúnebre a cruz suástica.

Nada mais sintomático do que isto. Por que timbra um partido político em fazer de seu símbolo um uso tão estranho? Nosso público ainda não conhece bem a verdadeira razão disto. Por mais absurda que pareça, o nazismo não é um partido, mas sobretudo uma religião. E por isto exige de seus defuntos os mesmos atos de Fé na hora da morte que uma outra religião qualquer.

* * *

Projetam-se, no Rio, grandes homenagens em memória do grande Jackson de Figueiredo, por ocasião da passagem do 1º aniversário de sua morte.

Em Sergipe, estado natal de Jackson de Figueiredo, o interventor federal abriu um crédito de 10 contos, destinados à criação de um monumento ao falecido pensador católico.

O fato é expressivo. Em vida, Jackson foi caluniado, vilipendiado e odiado como encarnação de um amor íntegro e intransigente à Verdade que o mundo odeia. Na estagnação brasileira, teve ele o mérito de ser o apóstolo da intransigência. Depois de morto, seu apostolado produz frutos e o Brasil começa enfim a reconhecer nele um de seus grandes filhos. Um país que começa a aplaudir um homem como Jackson é um país que começa a renascer.

* * *

Em nossa última edição, por equívoco foi publicada uma censura à imprensa católica italiana, a propósito de sua atitude quanto ao Congresso Eucarístico de Budapest. É fácil verificar-se que a palavra “católica” no comentário deveria ser substituída pela palavra “fascista”, se não tivesse havido distração de um funcionário desta folha...

Realmente, referia-se o comentário a um telegrama que noticiava que a imprensa fascista italiana noticiou com frieza absoluta o Congresso Eucarístico. É a propósito dessa notícia, e nunca a propósito da imprensa católica, que nosso comentário foi feito. Tanto mais que, inteiramente merecido pelos fascistas, seria injustíssimo quanto à imprensa católica.

* * *

Uma campanha que merece calorosos aplausos é a desenvolvida em Santa Catarina pelo Sr. General Meira de Vasconcellos, em prol do Brasil. Parece incrível que seja necessária a organização de uma verdadeira campanha de nacionalização em nossa Pátria, porém, a verdade é que ela se impunha devido à ação nefasta do imperialismo alemão ao mando do heresiarca Adolph Hitler.

* * *

Particularmente é de se notar na campanha promovida pelo Sr. General Meira de Vasconcellos, o louvável empenho manifestado por aquele militar, de contar com a cooperação da Santa Igreja na obra salutar de preservar o Brasil da infiltração nazista.

Melhor do que qualquer comentário, a este propósito, é a carta de S. Ex.a Rev.ma o Sr. Arcebispo de Curitiba, que abaixo transcrevemos:

Curitiba, 31 (“Estado”) – Tendo o governo do Estado oficiado ao arcebispado de Curitiba, solicitando a cooperação da Igreja na campanha de nacionalização, D. Attico Rocha respondeu nestes termos: “Temos o prazer de acusar o recebimento do ofício pelo qual V. Ex.a se dignou declarar-nos ser de grande vantagem e valia para o louvável movimento da nacionalização em que atualmente se empenha esse governo em colaboração com o comando da 5ª Região Militar, a cooperação da Igreja, à sombra de cujo altar e pela prodigiosa eficácia e radiosa doutrina eminentemente civilizadora e espírito nacional brasileiro se vai consolidando tão superiormente, apesar das vicissitudes que por vezes têm amargurado a Pátria estremecida. A esse tão nobre e patriótico movimento, só podemos assegurar a ponderada e fiel colaboração da Igreja na parte do território do Estado que forma esta arquidiocese de Curitiba, tomando no devido apreço a sugestão de V. Ex.a sobre as prédicas e sermões públicos que serão providenciados no sentido de que não faltem a todos os nossos amados filhos espirituais o necessário ensino de sua fé”.

* * *

Por ocasião da invasão da Áustria, noticiou-se que o ex-chanceler Schuschnigg tinha se casado por procuração com a condessa de Cordiu, e que as tropas alemãs “protegiam” o Sr. Schuschnigg, em sua casa, de uma possível revolta dos austríacos.

Para se ter uma idéia dos processos desleais do Sr. Hitler, chegam agora telegramas de Viena desmentindo o casamento do Sr. Schuschnigg e que o ex-chanceler foi transferido para a sede da “Gestapo”, polícia secreta alemã. Quanto a tal condessa, aliás divorciada, segundo se diz, continua no seu canto... se é que existe.

* * *

Um recente telegrama informa que a condecoração que o Sr. Hitler reserva aos assassinos de Dolfuss é a “Ordem do Sangue”, até agora reservada aos participantes ativos do histórico putsch de Novembro de 1923. Ironia involuntária! Poderia haver melhor condecoração do que a “Ordem do Sangue” para assassinos com as mãos tintas com o sangue do imortal Dolfuss?

* * *

É de se estranhar o silêncio da nossa imprensa sobre a peça “Retaguarda”, levada pela Juventude Feminina Católica, no Teatro Municipal.

Somente a “Folha” deu um noticiário completo sobre a sua representação. No entanto, a peça tinha um valor muitíssimo pouco comum e só a sua orientação religiosa explica esse silêncio completo de nossa imprensa... neutra!

* * *

O Sr. Delegado de Costumes, Dr. Alfredo de Assis, fez na semana passada uma apreensão de 200 volumes de literatura imoral, em livrarias desta Capital.

Até aqui, a ação das autoridades policiais careceu de continuidade e de energia, graças ao cunho liberal da legislação existente.

Se há um serviço que o Estado Novo pode prestar ao Brasil é esse, o combate pertinaz à literatura depravada que intoxica diariamente nossa gente. Neste sentido, muita coisa se poderá fazer por meio de uma legislação adequada.

Esperemo-la, pois.

* * *

Diariamente, os jornais divulgam notícias sobre os males causados à população por essas macumbas e esse espiritismo que certa gente quer pôr em moda.

Ainda há dias, um macumbeiro persuadiu a uma pobre mulher, que ele queria matar, de que ela se deveria precipitar no Oceano que nada lhe aconteceria. A mulher seguiu docilmente o conselho criminoso. Quando as ondas ameaçavam submergi-la, apelou para o macumbeiro, que estava na praia. Ele, porém, não somente se negou a lhe prestar qualquer auxílio como ainda impediu que outras pessoas o fizessem. E a pobre mulher morreu.

São esses os frutos das famosas macumbas às quais certo nacionalismo errôneo procura apontar como típicas e arquetípicas do Brasil!