O Legionário
recebeu com o mais vivo pesar a notícia de que seis Sacerdotes haviam sido
recolhidos presos no Palácio Episcopal de Niterói, por estarem comprometidos no
último movimento revolucionário.
Em primeiro
lugar, não críamos que tais Sacerdotes, direta ou indiretamente, houvessem
concorrido para a subversão da ordem.
Em segundo
lugar, doer-nos-ia imensamente ver violadas as imunidades da Santa Igreja pelo
julgamento, por tribunais temporais, de pessoas colocadas, em virtude do
Sacramento da Ordem, sob a jurisdição dos tribunais eclesiásticos.
Verdade é que
sendo o Estado Brasileiro inteiramente laico, não pode reconhecer tribunais
eclesiásticos. Esta posição laica errada não tem, no entanto, o dom de tirar à
Igreja as imunidades que não lhe vem de Estado nenhum, mas só de Deus. E que,
portanto, nenhum Estado lhe pode válida e licitamente tirar.
O comunicado da
Chefia de Polícia do Estado do Rio, declarando que aqueles Sacerdotes não
haviam sido presos mas simplesmente inquiridos, e que contra eles nada se
apurara, causou-nos um verdadeiro desafogo.
Manda, aliás, a
justiça que se reconheça que dentro das normas impostas pelo cunho laico do
Estado, soube a Polícia fluminense agir com notável cortesia.
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Um jornal
carioca noticiou há dias que é tão elevado o número de alemães residentes no
Brasil que solicitaram seu repatriamento, que assume quase as proporções de uma
emigração em massa. Entrevistado a este propósito por um diário desta Capital, um
alto funcionário do consulado da Alemanha não escondeu que realmente é grande o
número de seus patrícios que desejam sair de nosso País, explicando clara e
positivamente que a causa disto está no decreto que veda aos alemães o
exercício de suas atividades nazistas. Como se vê, não se pode ser mais franco.
Nós também
queremos ser francos: tal emigração é um imenso benefício para o Brasil e para
a grande parte sã e laboriosa da colônia alemã aqui existente. Para o Brasil,
porque ele não precisa de infusões sub-reptícias de nazismo para prosperar.
Para os alemães ordeiros e laboriosos que aqui residem, porque não terão a
justa simpatia que gozam aqui, comprometida por agitadores enviados pelos
pagãos do III Reich.
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Como exemplo da
decadência do protestantismo, 17.000 pastores protestantes juraram obediência a
Hitler sem restrições.
A Igreja
Católica é a única a opor-se com êxito à paganização
da Alemanha, porque são os católicos os únicos que, por estarem convencidos da
verdade, não se curvam às imposições do füherer
quando este pretende arrancar à Alemanha a sua alma católica.
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Quando da
visita do Sr. Hitler a Roma, os estudantes da universidade de Roma interpelaram
o prof. Virgilio Gayda,
catedrático da universidade e redator do “Giornalle d´Italia”, apresentando-lhe
os seus artigos de 1934 e de 1938 sobre o Anschluss. Nos primeiros ele se
manifestava contra o Anschluss,
e depois do assalto de Hitler, a favor. Não podendo explicar as suas
contradições o Sr. Virgilio Gayda,
“ofendido em sua dignidade”, retirou-se.
Conseqüência: a
juventude universitária fascista assim como o corpo diplomático foram
dispensados de receber o Sr. Hitler.
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Em virtude de
recente decreto governamental, foi nomeado para a direção do Gabinete de
Investigações e Capturas o Sr. Brasílio de Mendonça
Filho, nome já sobejamente conhecido pelos católicos em razão da larga e
simpática cooperação que, em cargos anteriores, S.S. soube manter com entidades
católicas e especialmente a Assistência Vicentina e o
Abrigo da Vila Mascote.
O Gabinete de
Investigações estende suas atividades às delegacias de Repressão à vadiagem,
Falsificações, Vigilância e Capturas, Furtos, Costumes, etc. Essa simples
enumeração mostra o enorme benefício que se pode esperar da atuação do novo
chefe do Gabinete de Investigações, em boa hora nomeado pelo Governo do Estado.
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O “Diário
Popular” de 16 de maio de 1938 publica o seguinte anúncio: “Dá-se criança de
mais de dois anos, boa saúde e beleza. Propostas a F.K. nesta folha”.
Este anúncio é
um índice expressivo da miséria física e moral que reina nas classes mais
modestas de São Paulo, enquanto alguns dos elementos que podiam e deviam
socorrê-la se preocupam mais com os seus cachorros, mantendo para eles
Hospitais, Escolas e Cemitérios, etc.
Contra essa
monstruosa aberração, só a Caridade haurida na Religião de Nosso Senhor Jesus
Cristo pode trazer remédio eficaz, sendo inúteis e até nocivos os remédios
apontados pelo espírito socialista, que é visceralmente pagão e revolucionário.
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O Sr. Assis Chateaubriand, em um belo artigo, comentou no “Diário de
São Paulo” de 20 deste mês o declínio da civilização ocidental, culpando
exclusivamente a queda da natalidade da Europa e da América por este fato.
Tem o Sr. Chateaubriand toda a razão em ver no horror ao filho, que é
uma das expressões mais características da abjeção em que jaz
o homem contemporâneo, um dos maiores perigos para a civilização. No entanto,
ele deveria ter ido mais longe, pois que não basta denunciar o mal, mas é
preciso indicar o remédio.
O que de fato
está atirando a civilização ocidental à ruína e à desnaturalização é
exclusivamente o seu afastamento da doutrina católica, a única que é capaz de
impor um freio ao egoísmo humano. E é porque os jornalistas e escritores
modernos disto se esquecem, que estamos no triste estado em que nos
encontramos.
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Os Estados
Unidos mostram-se atualmente com muita boa vontade com os outros povos
americanos. Assim é que o Sr. Cordell Hull realizou no Departamento de Estado uma reunião com os
professores a fim de estudarem o melhor meio de formar uma seção especial com o
fim de propugnar o intercâmbio intelectual com a América do Sul.
Não há razão
alguma que justifique esse estreitamento de relações intelectuais entre os
Estados Unidos e os países da América, pois se há país que na América constitua
exceção é justamente os Estados Unidos.
Seria de
desejar uma maior colaboração entre os países da América do Sul que muito se
assemelham e cuja identidade de convicções religiosas e tradições históricas é
notável. Mas com os Estados Unidos que em nada se assemelha à nós e que
principalmente se afasta de nós pelo protestantismo, é absolutamente impossível
e indesejável uma colaboração intelectual mais intensa.