Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 24 de abril de 1938, N. 293, pag. 2

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O recente decreto de repressão à infiltração totalitária em nosso País merece nosso decidido apoio.

é conhecida a linha de conduta do “Legionário” a respeito da questão nazista, do perigo que tal questão, indebitamente transferida para nosso território, provocava no Brasil. Dispensamo-nos, pois, de fundamentar nossa atitude perante o recente decreto presidencial.

Mais uma vez, o Brasil se encontra na situação clássica que se repete tão freqüentemente em sua história: não lhe faltam leis boas; é preciso tão somente aplicá-las com o rigor e a seriedade necessária para torná-las eficazes.

Este é o caso com o decreto contra o nazismo. Como também com as leis de repressão ao comunismo, que cumpre não esquecer.

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Analisando o referido decreto, vemos que ele traz o cunho característico do Sr. Getúlio Vargas, e que é tão extremamente macio, que deveria despertar a gratidão de todos os nazistas das plagas brasileiras e não sua indignação.

Com uma penada, o Sr. Presidente da República poderia ter liquidado a questão. Bastar-lhe-ia proibir a constituição de sociedades políticas recreativas ou culturais em que fosse vedado o ingresso de brasileiros ou quaisquer outras pessoas, por motivo de nacionalidade.

Pelo decreto referido, os estrangeiros podem ter clubes privativamente seus, cujo acesso poderá ser franqueado aos seus filhos, embora estes não sejam sócios. A propaganda nazista individual continua permitida desde que não seja feita por ameaça ou pelo suborno. Os desfiles, passeatas e comícios comemorativos dos dias nacionais (inclusive os nazistas) continuam permitidos.

O referido decreto não é, pois, intolerante. Está até muito e muitíssimo longe disto.

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Para que se aquilate a gravidade do perigo nazista no Brasil, bastaria mencionar um recente telegrama do Rio Grande do Sul, em que se noticiava haver 2845 escolas alemãs naquele Estado, com 1117 professores dos quais só 20 conheciam o português. Aliás, das 36 sociedades estrangeiras inscritas na polícia da nossa Capital 12 eram alemãs e 8 italianas.

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Logo após a anexação da Áustria à Alemanha, alguns católicos foram levados a supor um recuo de Hitler em sua paganização da Alemanha.

O contrário, porém, é que está sucedendo. A paganização também da Áustria já teve início com a aplicação naquele pobre país das leis nazistas sobre esterilização completamente contrárias à doutrina católica.

Ainda há pouco, se teve notícia também do primeiro processo de divórcio na Áustria por motivos racistas. Um austríaco casara-se com uma judia, convertida por ele, e agora, julgando-se ariano, requereu o divórcio, que lhe foi concedido, sob a alegação de que sua mulher era judia.

O regime nazista prova, assim, mais uma vez, que está animado de propósitos irremediavelmente contrários à civilização católica.

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O Sr. Filinto Müller declarou aos jornais não ver inconvenientes no regresso do Sr. Café Filho ao Brasil.

Os leitores devem estar lembrados de que esse ex-deputado foi um dos mais ativos defensores das doutrinas da esquerda na Câmara, e se asilou na Embaixada Argentina logo que foi declarado estado de guerra, sem dúvida por ter “culpa no cartório”.

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A polícia do Rio Grande do Sul convidou a retirar-se do Brasil o chefe nazista de Pelotas, depois de uma série de diligências felizes em sua residência.

É muito louvável essa atitude da polícia rio-grandense, pois não se compreende que um estrangeiro venha procurar introduzir no Brasil processos de partidos políticos europeus que procuram exclusivamente paganizar os seus patrícios, pervertendo o povo brasileiro e conspirar contra a soberania do Brasil.

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Uma caravana de perto de cem pessoas foi durante a Semana Santa procurar o espírita Anésio Siqueira no Rio de Janeiro, a fim de receber os seus “passes”.

Cem pessoas que vão de navio atrás do espírita de Campo Grande dão bem idéia dos frutos que consegue certo jornal com o seu sensacionalismo escandaloso e justificam amplamente a campanha movida por este jornal contra o sensacionalismo.

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O governo do México propôs às nações americanas um pacto de honra para a supressão dos bombardeios aéreos e da guerra química, evitando o morticínio da população civil não combatente.

O que valeu os propósitos humanitários do governo mexicano, pode-se avaliar pelo modo com que ele realiza em sua política interna, que é um tecido de morticínios e atrocidades praticadas contra os católicos.


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