O Sr. Cardoso de Mello Netto iniciou seu
discurso em Marília afirmando sua
íntima e particular satisfação em ver inauguradas as festas com que Marília comemorava o 9º aniversário da fundação
do Município com uma Missa campal - afirmação de fé, diz sua Ex.a - no grande
princípio moral que a religião encarna, princípio que precisa, hoje mais do que
nunca, ser resguardado.
Registramos com prazer essa afirmação do Sr.
Interventor Federal que constitui um explícito reconhecimento da vital
necessidade do catolicismo na vida nacional, pois só a Igreja poderá salvar os
povos contemporâneos do abismo para o qual caminham.
* * *
Estamos de perfeito acordo com as declarações dos
Srs. Interventores Federais no Paraná e em Santa Catarina, a respeito da
votação de alemães aqui residentes, no plebiscito organizado pelo Sr. Hitler para desculpar a
conquista da Áustria.
O alemão, tanto quanto o francês, o inglês, o turco
ou chinês que aqui venha residir definitivamente, é um indivíduo que se segrega
voluntariamente do convívio com os habitantes de seu país natal, e se inclui de
fato, se não de direito, em outra comunidade nacional, a cuja soberania vão ficar
submetidos os melhores fatores de sua felicidade terrena, isto é, sua família,
suas propriedades, e a sua segurança pessoal.
As alterações políticas, econômicas e sociais
ocorridas em seu país de origem já não afetarão seus interesses vitais nem os
de sua família. Se o Füehrer aumentar os impostos,
não é ele que os pagará. Se a vigilância da Gestapo
apertar as malhas em torno de todas as liberdades individuais oprimindo a Fé e
as consciências, não é ele que o suportará. Que tem ele de ver, pois, com o governo
de seu país? É justo que seu voto seja tão influente no plebiscito quanto o de
um alemão residente na Alemanha? Evidentemente, não.
É certo que
entre o emigrante e a mãe-pátria subsistem sempre
vínculos afetivos que nem o tempo nem a distância podem romper. Mas a situação
do emigrante perante seu país de origem não é muito diversa da que existe entre
um filho que foi trabalhar em terras distantes, deixando em poder dos irmãos a
soberba fazenda ou a modesta sitioca que o viu
nascer. Embora aquele lugar seja sempre para ele, em todas as vicissitudes da
vida, o torrão natal inesquecível e sempre querido, cujos progressos acompanha
com olhar sempre carinhoso, nenhum poder lhe cabe exercer sobre sua
administração, toda entregue aos irmãos que ficaram.
* * *
A este argumento de ordem moral, outro se poderia
acrescentar do maior valor político.
Nosso Governo, ao que parece, fechou os núcleos
nazistas que funcionavam no Brasil, sob a razoável alegação de que a existência
de partidos estrangeiros em nosso território é contrário a nossa soberania.
No entanto, o exercício do direito de voto supõe
sempre a existência de um partido político, ainda que seja só o do Governo.
Autorizar que os alemães aqui residentes votem, ainda que fora do País, é
implicitamente autorizar o exercício de atividades de propaganda nazista no
País.
A atitude dos Srs. Interventores no Paraná e no Rio
Grande foi, pois, de uma coerência irrepreensível.
Dizer-se que tal votação nada têm a ver com nosso
País, uma vez que ela não se realiza em águas brasileiras, é pois um erro.
Esse exercício dos direitos políticos dos cidadãos
estrangeiros dificulta sua assimilação no ambiente brasileiro, e torna
inevitável a propaganda nazista no Brasil, uma vez que, se os alemães aqui
residentes tem o direito de votar, é imperioso interesse do Füehrer
conquistar o seu voto por uma propaganda feita, publicamente ou não, em
território brasileiro.
Na Argentina, cresce tanto a preocupação popular em
torno do assunto que “La Prensa”, o conceituado jornal portenho,
publicou uma nota em que convida o governo a se explicar a este respeito. E “La
Prensa” tem carradas de razão...
* * *
Por ocasião do aniversario de S. Ex.a Rev.ma o Sr.
D. Duarte Leopoldo e Silva, o
Sr. Dr. Guilherme de Almeida, em nome da Associação Paulista de Imprensa enviou
telegrama de felicitações ao ilustre Antístite.
Como jornal católico, o
“Legionário” não pode deixar de registrar essa gentileza que constitui uma
merecida homenagem da imprensa paulista a um Prelado que tem prestado à sua
Pátria serviços tais que ele é hoje um dos mais sólidos florões de glória do
Estado que o viu nascer. (...)
* * *
O Sr. Arthur Greenwood, que ocupa o importante cargo de vice-lider
parlamentar do partido Trabalhista, acusou o atual governo inglês de fazer
concessões às ditaduras, devido a influências ocultas que se exercem, segundo
aquele deputado, no castelo de Clivedeu, lugar de
reuniões e “week-ends” dos homens de Estado e das
Finanças.
Essa acusação é mais um indício do propalado
financiamento por capitalistas da alta finança internacional de certos regimes
fortes, acusação essa muito corrente hoje em dia.
* * *
A Argentina ordenou o fechamento das escolas
nazistas lá existentes. O Brasil, embora não tenha tomado ainda essa medida,
certamente também o fará, dada a sua imperiosa necessidade, como o faria
indubitavelmente o Sr. Hitler com as escolas que,
na Alemanha, propagassem doutrinas de origem brasileira, contrárias ao nazismo.
* * *
É inqualificável a “simplicidade” do Sr. Edgard de Castro Rebello, que se julga com força no atual regime para protestar
contra a abertura do concurso da cadeira de que foi professor na Faculdade de
Direito do Rio, e da qual foi demitido por suas atividades extremistas.
Esse ex-professor, ao ter
notícia do concurso, apresentou um protesto ao juiz da 1ª vara dos feitos da
Fazenda Pública, alegando que sua exoneração é contrária à Constituição. O que
pensa o Sr. Castro Rebello que foi o golpe de 10 de
Novembro? Uma pilhéria?