Nesta lutuosa
semana, cheia de acontecimentos que fizeram sangrar o coração de todos os
católicos realmente dignos deste nome, só uma clareira se abriu para nela se
divisar um providencial raio de sol. Foi a considerável e vantajosíssima
alteração da situação na Espanha. Com exceção disto, tudo foi triste.
Do Pará, por
exemplo, chegou-nos uma notícia profundamente dolorosa. O Rev.mo Sr. Padre Foulquier, segundo um telegrama especial para o “Estado de
São Paulo” publicado nessa folha a 13 do corrente, foi processado por ter
afirmado que “o casamento civil é um torpe concubinato”, citando como apoio de
sua asserção a autoridade do Santo Padre Pio XI. O processo corre perante o
Tribunal de Segurança Nacional.
É incontestável
que, para um católico, as pessoas que celebrem apenas o “casamento” civil não
estão, na realidade, casadas, pois que, entre católicos, o único casamento
válido é o religioso. Moralmente, pois o católico que se “case” apenas civilmente não está casado. Vive em estado de concubinato
perante a Igreja, e como tal deve ser tido e havido entre todos os católicos
dignos desse nome.
Não há
autoridade nenhuma nesse mundo que tenha poder para forçar um católico a calar
essa verdade, e muito menos para afirmar o contrário. O Sr. Chefe de Polícia do
Pará, que mandou processar aquele Sacerdote e o Sr. Comandante da Região
Militar, Capitão Martins Ribeiro, que pediu um público desagravo contra o
“ultraje” que aquele sacerdote teria feito à família brasileira, estão
prestando ao regime de 10 de Novembro um péssimo serviço. Porque sua atitude
leva o povo do Pará a supor que o regime brasileiro se vai transviar pelas
veredas nazistas, o que esperamos que não suceda.
* * *
Em uma de suas
recentes edições, inseriu o “Legionário” um comentário a respeito da notícia
publicada no “Estado de São Paulo” de 19 de fevereiro pp., segundo a qual a
Cruz Vermelha Brasileira de São Paulo estaria remetendo víveres para os
combatentes da Espanha, via Marselha, víveres estes que, pela sua destinação,
evidentemente seriam encaminhados aos combatentes vermelhos.
A esse
propósito, o Presidente daquela Associação, Sr. Dr. José Barbosa de Barros, enviou a esta folha um ofício contendo as
necessárias explicações.
Informa S.S. que
a Cruz Vermelha Brasileira de São Paulo não enviou víveres ou quaisquer outros
socorros aos combatentes espanhóis, de onde deduzimos que deve haver erro na
notícia em que baseamos nosso comentário.
Aliás, o mesmo
ofício sustenta que, se socorros fossem prestados aos combatentes espanhóis,
deveriam ser distribuídos “sem indagar da facção, credo ou raça a que
pertencem”, isto é, tanto aos comunistas quanto aos nacionalistas. É essa a
tradição da Cruz Vermelha.
* * *
Como
entusiásticos amigos que sempre fomos da Espanha nacionalista, sentimo-nos no
direito e no dever de opor nosso protesto à notícia propalada por diversos
jornais, segundo a qual Hitler teria prometido a Mussolini
a hegemonia na Espanha e particularmente nas Baleares, se este não criasse obstáculos
à anexação da Áustria.
Enganam-se os
que supõem que o grande povo espanhol pode ser traficado como vil mercadoria em
cambalachos políticos de bastidores. A Napoleão, a Espanha já demonstrou como é
difícil conquistá-la. Se necessário for, outros Napoleões
menos grandes, porém não menos pretensiosos, sofrerão a mesma lição.
* * *
Causou-nos
justificada satisfação a atitude sóbria do General Franco no caso da anexação
da Áustria.
Auxiliado por
tropas alemãs e italianas, Franco foi certamente instado a felicitar o Füehrer pelo inominável atentado que perpetrou contra a
Áustria católica. No entanto, até o presente momento, Franco não teve uma
palavra de louvor ao crime que todo o mundo católico lamenta.
Nesse silêncio
altivo, que revela severa condenação, vemos com prazer a promessa de que a
Espanha, que esmaga agora o jugo da Rússia, não aceitará em troca a do eixo Roma-Berlim.
* * *
É digna de
encômios a determinação do General Franco em recente decreto em que sua Ex.a
dispôs que só o casamento religioso católico teria efeitos jurídicos.
O Estado
espanhol não reconhece, pois, outras religiões, senão a Católica.
* * *
Associamo-nos
com júbilo à bela iniciativa que teve no Rio de Janeiro o ex-deputado classista Mário de Andrade Ramos, segundo a qual vão ser colocados
formosas imagens à beira de algumas de nossas rodovias.
Por uma
meritória iniciativa do Sr. Dr. Arthur de Vasconcellos, vai ser inaugurado brevemente um Cruzeiro em
nosso Estado, o primeiro que aqui se erige.
Nossas
calorosas felicitações pela restauração dessa piedosa tradição nacional.
* * *
Tendo diversos
jornais desta Capital noticiado que se verificaram irregularidades
na Universidade da Capital Federal, tornamos claro que não se trata da
Universidade do Distrito Federal, à testa da qual se encontra o Sr. Dr. Alceu
de Amoroso Lima, presidente da Ação Católica Brasileira.