Legionário, N.o 287, 13 de março de 1938

7 DIAS EM REVISTA

A “Gazeta” de 8 do corrente publica a seguinte notícia:

“Rio, 8 – As autoridades navais acabam de conceder carta de capitão de longo curso ao ex-capitão tenente Hercolino Cascardo, que ficará dessa forma acreditado a comandar qualquer embarcação mercante nacional.

“O comandante Hercolino Cascardo viu-se ultimamente envolvido, como presidente da extinta Aliança Nacional Libertadora, nos movimentos extremistas verificados nesta Capital e em alguns Estados. Em conseqüência dessa sua coparticipação, esteve preso, foi processado, julgado, e afinal excluído do quadro de oficiais da Marinha Nacional”.

A Aliança Libertadora era um disfarce do movimento comunista, o qual provocou o golpe de Novembro de 35, e que continuou a se difundir depois desse golpe tão intensamente que o Sr. Presidente da República se julgou na necessidade de reformar o regime para melhor jugular o perigo.

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Segundo a lei de 9 de dezembro de 1920, os filhos naturais dos soldados são equiparados aos legítimos para efeitos de pensões.

Em virtude dessa lei, o Sr. Presidente da República, ainda recentemente, foi obrigado a conceder a pensão do cabo José Gomes Pereira morto em desastre de aviação, a seus três filhos naturais. No Rio Grande do Sul, da mesma forma, a mulher ilegítima de um soldado teve ganho de causa contra a esposa deste num recente processo sobre herança, unicamente pelo fato de ter aquela tido filhos, enquanto esta não os teve.

Ora, tal legislação, tal jurisprudência que se baseiam em atos de poder público da República Velha e em preconceitos tipicamente liberais, são notável incentivo às uniões ilícitas e menosprezo à santidade do casamento, que terá por conseqüência inevitável a diminuição de uniões legítimas e o enfraquecimento da instituição da família.

Já que estamos em Estado novo e que um autêntico Estado forte deve proteger a família contra a dissolução dos princípios liberais, seria da maior conveniência que o Sr. Getúlio Vargas baixasse um decreto revogando essa lei desmoralizadora, que visa exclusivamente minar pela base a família, que o governo deve principalmente defender.

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O Sr. Cherel, professor da Faculdade de Letras de Bordéus, que o ano passado esteve 6 meses no Rio de Janeiro como professor da Universidade, fez uma conferência sobre o Brasil na Academia de Ciências Morais e Políticas.

Terminando a sua conferência disse aquele professor que a juventude brasileira de hoje colheu com muitas reservas o liberalismo da França, que julga superficial e nocivo.

De fato, o professor Cherel tem toda razão pois a juventude católica brasileira repudia vigorosamente o espírito liberal venha ele de que quadrante vier, isto é, quer sopra ele da esquerda, quer sopre da direita, manhosamente disfarçado em doutrinas pseudo-anticomunistas como as do Sr. Hitler.

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Devido aos presentes acontecimentos austríacos, a Universidade de Viena tem sido teatro de constantes manifestações por parte dos estudantes católicos contra o Sr. Hitler, que pretende justificar seu insincero e iracundo nacionalismo alemão exaltado, convencendo-se a si mesmo que a Áustria ânsia por estender o pescoço e receber o jugo da servidão nazista.

Os nazistas austríacos, em esmagadora minoria, querem perturbar as manifestações católicas, porém invariavelmente são repelidos com a necessária energia pelos católicos e especialmente pelos universitários da Ação Católica.

É interessante notar que os nazistas são constantemente derrotados e repelidos pela Áustria e pretendem que os católicos não têm forças nem meios para combater os comunistas.

Ora, se a Frente Patriótica católica de que é chefe o Sr. Schuschnigg não tem forças para combater o comunismo, e o nazismo não tem forças para vencer nem sequer a Frente Patriótica, fica arqui-provado que o nazismo nunca conseguiria vencer o comunismo na Áustria; e que se os nazistas fossem sinceros, deveriam aliar-se ao Sr. Schuschnigg para combater o comunismo. Em lugar disto, depois do “acordo” de Berchtergaden os comunistas são soltos e os nazistas atacam o Sr. Schuschnigg.

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Realizou-se no México, em presença do presidente Cardenas, um desfile de organizações operárias militarizadas, formadas para combater o fascismo.

Os Estados Unidos mantiveram-se absolutamente quietos à vista deste fato que constitui o aproveitamento dos processos fascistas por um governo claramente comunista. Como se sabe, o hábito americano é de intervir nos países do nosso continente dos quais ele se julga o soberano senhor, pois qualquer manifestação de milícias civis arregimentadas ocorridas em qualquer lugarejo do menor país americano, traz logo um protesto americano, sob o pretexto de que estes métodos fascistas são odiosos. Mas se são odiosos quando empregados por fascistas por que deixam de sê-lo quando utilizados pelos comunistas?

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Segundo telegramas publicados em toda a imprensa, um Bispo austríaco da “esquerda” afirmou em entrevista que 60% dos católicos da Áustria Superior são nazis.

Evidentemente trata-se de um bispo protestante:

1) porque um Bispo Católico nunca é da esquerda, nem da direita. Ele é Bispo da Igreja Católica, e nada mais;

2) os católicos não podem em absoluto, ser nacionais-socialistas, pois não podem apoiar um perseguidor da sua Igreja, como é o Sr. Hitler.

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Dos dez deputados pela Argélia ao parlamento francês, oito ameaçam de renunciar aos seus mandatos, caso seja aprovada a lei do Sr. Leon Blum, estendendo o direito de voto aos indígenas muçulmanos, inclusive os que conservam a poligamia, repudiam as esposas e o direito de comprarem e venderem as filhas.

No entanto, não deixa de haver certa lógica nesse projeto do Sr. Leon Blum, pois se na maior parte dos países civilizados ocidental o voto fosse proibido aos cidadãos divorciados, ou que recorram a casamentos com o intuito exclusivo de auferir lucros pecuniários, os eleitorados ficariam bastante diminuídos!