A “Gazeta” de 8
do corrente publica a seguinte notícia:
“Rio, 8 – As
autoridades navais acabam de conceder carta de capitão de longo curso ao ex-capitão tenente Hercolino Cascardo, que ficará dessa forma acreditado a comandar
qualquer embarcação mercante nacional.
“O comandante Hercolino Cascardo viu-se
ultimamente envolvido, como presidente da extinta Aliança Nacional Libertadora,
nos movimentos extremistas verificados nesta Capital e em alguns Estados. Em
conseqüência dessa sua coparticipação, esteve preso,
foi processado, julgado, e afinal excluído do quadro de oficiais da Marinha
Nacional”.
A Aliança
Libertadora era um disfarce do movimento comunista, o qual provocou o golpe de
Novembro de 35, e que continuou a se difundir depois desse golpe tão
intensamente que o Sr. Presidente da República se julgou na necessidade de
reformar o regime para melhor jugular o perigo.
* * *
Segundo a lei
de 9 de dezembro de 1920, os filhos naturais dos soldados são equiparados aos
legítimos para efeitos de pensões.
Em virtude
dessa lei, o Sr. Presidente da República, ainda recentemente, foi obrigado a
conceder a pensão do cabo José Gomes Pereira morto em desastre de aviação, a
seus três filhos naturais. No Rio Grande do Sul, da mesma forma, a mulher
ilegítima de um soldado teve ganho de causa contra a esposa deste num recente
processo sobre herança, unicamente pelo fato de ter aquela tido filhos,
enquanto esta não os teve.
Ora, tal
legislação, tal jurisprudência que se baseiam em atos de poder público da
República Velha e em preconceitos tipicamente liberais, são notável incentivo
às uniões ilícitas e menosprezo à santidade do casamento, que terá por
conseqüência inevitável a diminuição de uniões legítimas e o enfraquecimento da
instituição da família.
Já que estamos
em Estado novo e que um autêntico Estado forte deve proteger a família contra a
dissolução dos princípios liberais, seria da maior conveniência que o Sr.
Getúlio Vargas baixasse um decreto revogando essa lei desmoralizadora,
que visa exclusivamente minar pela base a família, que o governo deve
principalmente defender.
* * *
O Sr. Cherel, professor da Faculdade de Letras de Bordéus, que o
ano passado esteve 6 meses no Rio de Janeiro como professor da Universidade,
fez uma conferência sobre o Brasil na Academia de Ciências Morais e Políticas.
Terminando a
sua conferência disse aquele professor que a juventude brasileira de hoje
colheu com muitas reservas o liberalismo da França, que julga superficial e
nocivo.
De fato, o
professor Cherel tem toda razão pois a juventude
católica brasileira repudia vigorosamente o espírito liberal venha ele de que
quadrante vier, isto é, quer sopra ele da esquerda, quer sopre da direita,
manhosamente disfarçado em doutrinas pseudo-anticomunistas
como as do Sr. Hitler.
* * *
Devido aos
presentes acontecimentos austríacos, a Universidade de Viena tem sido teatro de
constantes manifestações por parte dos estudantes católicos contra o Sr.
Hitler, que pretende justificar seu insincero e iracundo nacionalismo alemão
exaltado, convencendo-se a si mesmo que a Áustria ânsia por estender o pescoço
e receber o jugo da servidão nazista.
Os nazistas
austríacos, em esmagadora minoria, querem perturbar as manifestações católicas,
porém invariavelmente são repelidos com a necessária energia pelos católicos e
especialmente pelos universitários da Ação Católica.
É interessante
notar que os nazistas são constantemente derrotados e repelidos pela Áustria e
pretendem que os católicos não têm forças nem meios para combater os
comunistas.
Ora, se a
Frente Patriótica católica de que é chefe o Sr. Schuschnigg
não tem forças para combater o comunismo, e o nazismo não tem forças para
vencer nem sequer a Frente Patriótica, fica arqui-provado
que o nazismo nunca conseguiria vencer o comunismo na Áustria; e que se os
nazistas fossem sinceros, deveriam aliar-se ao Sr. Schuschnigg
para combater o comunismo. Em lugar disto, depois do “acordo” de Berchtergaden os comunistas são soltos e os nazistas atacam
o Sr. Schuschnigg.
* * *
Realizou-se no
México, em presença do presidente Cardenas, um
desfile de organizações operárias militarizadas, formadas para combater o
fascismo.
Os Estados
Unidos mantiveram-se absolutamente quietos à vista deste fato que constitui o
aproveitamento dos processos fascistas por um governo claramente comunista.
Como se sabe, o hábito americano é de intervir nos países do nosso continente
dos quais ele se julga o soberano senhor, pois qualquer manifestação de
milícias civis arregimentadas ocorridas em qualquer lugarejo do menor país
americano, traz logo um protesto americano, sob o pretexto de que estes métodos
fascistas são odiosos. Mas se são odiosos quando empregados por fascistas por que
deixam de sê-lo quando utilizados pelos comunistas?
* * *
Segundo
telegramas publicados em toda a imprensa, um Bispo austríaco da “esquerda”
afirmou em entrevista que 60% dos católicos da Áustria Superior são nazis.
Evidentemente
trata-se de um bispo protestante:
1) porque um
Bispo Católico nunca é da esquerda, nem da direita. Ele é Bispo da Igreja
Católica, e nada mais;
2) os católicos
não podem em absoluto, ser nacionais-socialistas,
pois não podem apoiar um perseguidor da sua Igreja, como é o Sr. Hitler.
* * *
Dos dez
deputados pela Argélia ao parlamento francês, oito ameaçam de renunciar aos
seus mandatos, caso seja aprovada a lei do Sr. Leon Blum, estendendo o direito de voto aos indígenas
muçulmanos, inclusive os que conservam a poligamia, repudiam as esposas e o
direito de comprarem e venderem as filhas.
No entanto, não
deixa de haver certa lógica nesse projeto do Sr. Leon
Blum, pois se na maior parte dos países civilizados
ocidental o voto fosse proibido aos cidadãos divorciados, ou que recorram a
casamentos com o intuito exclusivo de auferir lucros pecuniários, os
eleitorados ficariam bastante diminuídos!