(...) Tiveram
plena confirmação nossas previsões a respeito do verdadeiro móvel que levou o
Sr. Hitler a exigir a soltura dos comunistas austríacos. Muito hipocritamente,
os nazistas austríacos e seus correligionários alemães andam, agora, a bradar
contra a propaganda comunista na Áustria, afirmando que até na Frente
Patriótica (isto é, no partido nitidamente católico que apoia o Sr. Schuschnigg), os comunistas conseguiram criar células de
propaganda. Daí a conseqüência tirada pelos nazistas, que já prenunciamos em
nosso último número: só o nazismo salvará a Áustria do comunismo.
Se chamamos a
atenção dos leitores para esta comédia, fazemo-lo com o único fito de
demonstrar que o nazismo se serve do comunismo como mero pretexto para obter a
simpatia do elemento anticomunista, mas que, na realidade, ele não tem a menor
intenção de combater o comunismo a fundo.
* * *
A propósito de
nazismo e comunismo, o “Legionário” já publicou, em sua penúltima edição, uma
oportuna e expressiva declaração do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel
Gonçalves Cerejeira, na qual aquele eminente purpurado afirma que “o Estado
totalitário não é melhor do que o comunismo”, fazendo com isto alusão clara à
Alemanha.
Agora, chegou-nos
às mãos a magnífica Pastoral Coletiva do Episcopado Português, que, dentro
desta mesma ordem de idéias, acentua que há hoje em dia dois materialismos, um da esquerda e outro da direita, ambos
irremediavelmente incompatíveis com o pensamento católico.
Essas
declarações são muito para se notar, porquanto o Episcopado Português e, à sua
frente, o Cardeal Cerejeira, não tem recusado sua simpatia ao governo do Sr.
Oliveira Salazar, que, como se sabe, pertence às
chamadas “direitas”.
O episcopado
Português tem portanto uma extraordinária insuspeição,
mesmo aos olhos de certos elementos da direita, para condenar o nazismo e
doutrinas congêneres, sem que lhe possam atirar as injúrias e calúnias com que
a imprensa nazista assaltou o Cardeal Mundelein.
* * *
As discussões
travadas no Parlamento inglês a respeito da demissão do Sr. Eden
foram sobremodo significativas. Até aqui, havia no Brasil e em outros lugares,
alguns bonachões que consideravam o Partido Trabalhista inglês como uma pomba
sem fel, na qual não há a menor influência comunista.
Realmente, o “Labour Party” tem um programa
perfeitamente razoável e uma fachada política absolutamente honesta. Mas é
incontestável que os comunistas tem grande influência nas suas fileiras. A
prova disto é o interesse quase doentio que os deputados do Labour
Party na Câmara dos Comuns demonstraram pelos
comunistas espanhóis, insistindo vivamente em que a Inglaterra não deixasse de
lhes dar apoio.
Aliás, temos
razões para esperar que a substituição do Sr. Eden
por Lord Halifax dê lugar a
uma modificação na política externa da Inglaterra, levando-a a se dissociar dos
comunistas espanhóis, e a apagar assim uma das mais negras nódoas da História
inglesa.
* * *
A respeito da
morte de Gabriel d'Annunzio, nada temos a dizer senão
o que disse uma nota publicada pelo “Osservatore Romano”, órgão oficioso da
Santa Sé.
Louvando embora
o patriotismo de que d’Annunzio deu provas como
militar e como político, e o insigne feito que lhe ficou a dever a sua gloriosa
pátria italiana com a anexação de Fiume, o órgão da
Santa Sé acentua o mal imenso que produziram os livros do poeta, que a justo
título foram considerados por um crítico católico como dos piores da literatura
contemporânea.
Sobre as
últimas disposições de d’Annunzio em matéria religiosa,
os noticiários dos jornais não esclarecem grande coisa. Ao que parece, d’Annunzio recebeu ainda a absolvição sacramental, já
perdidos os sentidos, pouco antes de morrer. Do que se pode depreender pela
leitura dos jornais, d’Annunzio manifestara muito antes
de sua morte, o desejo de ser enterrado com um Crucifixo, o que foi feito. Não
sabemos de outro gesto do poeta, que autorize a suposição de uma emenda.
Em todo o caso,
a Igreja, que é mãe, tendo em consideração que nenhum artigo do Código de
Direito Canônico obstava a que se fizessem publicamente sufrágios por sua alma,
permitiu sua realização.
Resta-nos
apenas orar ardentemente para que o Senhor não recuse sua misericórdia àquele
poeta que, hoje, já é pó.
* * *
Na nau “Puglia”, onde o corpo de d’Annunzio
foi exposto à visitação do Duque de Bérgamo representando o Rei Victor
Emmanuel, do Sr. Mussolini,
e do público, se colocou atrás do ataúde uma estátua de Vênus.
Não tem
comentários este fato ocorrido em plena Itália, isto é no seio de um dos povos
mais católicos e mais civilizados do mundo.
* * *
Nada temos a
dizer sobre os processos a que a URSS está submetendo alguns miseráveis que
incorreram na ira de Stalin e que provavelmente serão mortos com crueldade. É
normal que gangsters comunistas, apaches ou canibais
cometam crimes.
Simplesmente
queremos chamar a atenção de nossos leitores para o fato de procederem de
Moscou todos os telegramas referentes aos processos em questão, razão pela qual
se nota nestes telegramas uma manobra muito capciosa, que queremos desmascarar.
Em tais
telegramas, há referências a supostas conspirações dos atuais réus, no sentido
de organizarem uma larga propaganda de calúnias contra a Rússia no exterior, e
de sabotarem o plano qüinqüenal no interior.
Daí se
deduziria: 1) que a Rússia soviética não é tão feia quanto a pintam, mas que
ela assim parece em virtude de manobras de seus detratores; 2) que o plano
qüinqüenal fracassou não por ser mau em si, mas em virtude da sabotagem.
Não está bem
feita esta manobrinha?
* * *
Deu-nos a maior
satisfação a notícia de que o general Franco abolirá o divórcio a vínculo em
toda a Espanha Nacionalista.