Legionário, N.º 285, 27 de fevereiro de 1938

7 DIAS EM REVISTA

Folgamos muitíssimo em noticiar que, segundo uma entrevista concedida pelo Sr. Chefe da Polícia do Rio Grande do Sul à imprensa daquele Estado, foi por desejo expresso do Sr. Presidente da República que se ordenou o fechamento de todas as sociedades de caráter nazista ali existentes. Essa medida salutar e extensiva a todas as organizações juvenis de ambos os sexos que possuam qualquer característica de seção ou grupo filiado a partidos estrangeiros ou que promovam a difusão de doutrinas estrangeiras e sentimentos cívicos que não sejam exclusivamente brasileiros.

E tanto folgamos com isto, que esperamos que, quanto antes, tal medida seja posta em prática em todos os demais Estados da Federação.

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Uma comissão pró Cruz Vermelha Espanhola de São Paulo despachou, para serem embarcados no vapor grego “Kyrakoula”, 75 caixas de medicamentos diversos com o peso de 1.710 quilos, e no valor de 23:640$000 e 700 caixas de carne em conserva, pesando 17.500 quilos, com o valor de 42:000$000, destinados à Cruz Vermelha Espanhola.

É muito significativo que esta dádiva da Cruz Vermelha de São Paulo segue para Marselha, de onde será encaminhada para a Espanha.

Evidentemente se se tratasse de recurso para a Espanha Nacionalista, não seriam enviados via Marselha. Trata-se, pois, de recursos para os comunistas. De maneira que nos encontramos diante desta situação paradoxal: os centros espanhóis comunistas dissolvidos no Brasil, os jornais proibidos de noticiar sucessos dos vermelhos, etc., e, por outro lado, uma de nossas maiores instituições de caridade a ajudar os inimigos da civilização!

Não é curioso?

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Chamamos a atenção de nossos leitores para o resumo telegráfico da conferência do Sr. General Gamelin, realizada em Paris, a respeito do Brasil. Nesse resumo divulgado pela imprensa diária, aquela alta patente do Exército Francês confirmou amplamente as afirmações de nosso recente artigo de fundo, referentes à posição internacional do Brasil.

Em substância, o General Gamelin disse que o Brasil “desde já aparece como uma das grandes nações modernas, umas das forças que surgem para o mundo de amanhã”, e evocou “tanto as variadas produções como os recursos infinitos e diversos que facilitam o desenvolvimento da magnífica civilização brasileira, dotada de uma base quase essencialmente greco-latina”.

Em outros termos, o Brasil, grande potência de amanhã, já notável hoje pela sua riqueza potencial, começa a impressionar o mundo.

Note-se que o General Gamelin, hoje figura do maior relevo no Exército francês, passou muitos anos entre nós, como chefe da missão militar de seu país no Brasil, aqui deixando, aliás, grata recordação”.

Folgamos em chamar a atenção de nossos leitores sobre a identidade de nossas afirmações com as declarações do ilustre militar. Elas nos fazem compreender que, hoje em dia, já podemos pesar na balança internacional e que portanto temos um grande papel a exercer no mundo.

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Os acontecimentos relativos à crise austríaca continuam a impressionar a opinião mundial. Na seção competente desta folha, poderão ver os leitores o nosso pensamento a este respeito. Uma coisa há, no entanto, que não podemos deixar de registrar nesta seção. Manifestando sua reprovação decidida contra a incorporação da Áustria à Alemanha, perigo que parece hoje tão iminente, nosso protesto visa apenas a “nazificação” ou em outros termos a “paganização” da Áustria, coisa com a qual nenhum católico digno desse nome pode estar de acordo.

Se, porém, a Alemanha não estivesse, nesse momento, em poder dos nazistas profundamente anticatólicos, nenhum inconveniente veríamos no Anschluss desde que ele não acarretasse desvantagens para a Religião. Porque, em princípio, simpatizamos com qualquer alteração política que possa beneficiar a Alemanha como qualquer outro povo da terra. E absolutamente não veríamos com desagrado um aumento territorial do glorioso Reich alemão.

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Os incautos ou os tolos estão persuadidos de que o Sr. Adolph Hitler é um inimigo feroz do comunismo. Mesmo entre os católicos, há quem pense assim.

Acentuamos, pois, vivamente a notícia monstruosa que todos os jornais publicaram de que o Sr. Hitler exigiu que o governo católico da Áustria soltasse não apenas o nazistas mas também os comunistas presos em Viena. De sorte que, por obra e graça do Sr. Hitler, e em virtude do acordo de Berchtesgaden, os comunistas tem carta branca para fazer sua propaganda na Áustria, com imenso perigo para toda a Europa, pois que, há anos atrás, Viena foi teatro de uma das mais violentas revoluções comunistas que o mundo conheça.

Enquanto o Sr. Hitler faz soltar os comunistas austríacos, ordena na Alemanha o fechamento de 4000 sociedades católicas, com o total de 325.000 membros. Esta medida foi tomada também na semana transata.

E é em um indivíduo do jaez do Sr. Hitler, que muita gente quer ver um esteio da civilização. O Sr. Mussolini, por exemplo, afirma isto...

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Mas por que terá o Sr. Hitler ordenado a soltura dos comunistas? As razões são múltiplas. Uma delas, porém, é que convém que cresça a propaganda comunista para ter pretexto de intervir militarmente na Áustria, alegando ser isto necessário para salvar a situação.

A prova disto está em que os estudantes nazistas da Universidade de Viena promoveram uma manifestação de desagrado aos universitários comunistas que o Sr. Hitler fez soltar. Por que, então, não promoveram eles uma manifestação contra o próprio Sr. Hitler? Não seria lógico?

Mas é que os nazistas precisam que os comunistas estejam soltos, para ter pretexto de fazer tais manifestações e se inculcarem como salvadores da civilização. Isto é um joguinho muito vulgar e muito imbecil, que também fora da Alemanha tem sido usado.

Felizmente os bravos universitários católicos acabaram com a farsa, tomando conta da Universidade à viva força, fazendo calar nazistas e comunistas.

Magnífico!

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Aludimos há pouco às equívocas amabilidades do Sr. Mussolini ao Sr. Hitler. Neste sentido, foi modelar a atitude do General Franco, que mandou ao Sr. Hitler um telegrama de agradecimento pelas referências elogiosas que fez à Espanha Nacionalista no seu discurso do Reichstag. O telegrama merece ser transcrito:

“Profundamente impressionado pelo vosso discurso, que é pela garantia da paz, apresso-me novamente em expressar a minha maior gratidão pelo sentimento de justiça que se encontra em vossas palavras, a propósito das relações com a Espanha Nacional”.

Como se vê, é sóbrio e altivo. E timbra em não elogiar a política interna do Sr. Hitler e sua obra descristianisadora e pseudo-civilizadora, ao contrário do que fez o Sr. Mussolini. E, no entanto, o General Franco está com tropas alemãs em território Espanhol, e delas precisa para combater os russos!

Esta atitude altiva não pode deixar de merecer aplausos.