Legionário, N.o 282,  6 de fevereiro de 1938

7 DIAS EM REVISTA

O Sr. Waldemar Falcão, Ministro do Trabalho, decidiu a obrigatoriedade de todos os estabelecimentos de crédito, do pagamento integral do salário às suas funcionárias retidas no lar por motivo de iminente maternidade.

Essa medida do Sr. Waldemar Falcão foi tomada devido a um processo do Banco do Canadá, [e] se inspira em razões de justiça e caridade altamente proclamadas pelas Encíclicas pontifícias.

* * *

Há no Brasil uma corrente literária que pretende glorificar e conservar uma vida fictícia a vários ritos africanos como as macumbas, candomblés, etc., sob a alegação de que elas conservam para o nosso país uma pitoresca nota local, como se fosse natural que o negro permanecesse mergulhado nas trevas da idolatria para divertir os brancos, enquanto estes se extasiam com os esplendores da luz evangélica.

O governo pernambucano compreendeu admiravelmente a injustiça clamorosa dessa tendência literária e, por isto, acaba de ordenar o fechamento de todos os centros de macumbas daquele Estado.

Nossos aplausos.

* * *

Em entrevista concedida em Belo Horizonte pouco depois daquela que em outro local transcrevemos, o Sr. Francisco Campos acentua “a necessidade de uma mística política”, declarando que “o nosso país precisava de uma mística, de uma doutrina que incorporasse os anseios do povo em consonância com as suas tradições e sentimentos, que traduzisse a nossa vontade de ser alguma coisa e se transforme no ideal coletivo: e ela aí está no Estado Novo. Não há de ser uma mística pessoal, porque essa não dura, não subsiste sem outras condições”.

Segundo essas declarações de S. Ex.a o governo acha-se empenhado em formar uma mística do Estado Novo. Ora, a imensa maioria do Brasil é católica e o católico verdadeiro é absolutamente obrigado a aceitar, em matéria política, única e exclusivamente a mística do Estado totalmente católico. Fazemos justiça à conhecida inteligência do Sr. Francisco Campos, supondo que S. Ex.a terá percebido este fato e que, pois, a mística política que pretende fortalecer no Brasil seja a do Estado verdadeiramente católico. Porque, adotando qualquer outra mística, S. Ex.a jogaria o Estado contra a quase totalidade dos brasileiros, o que certamente não é sua intenção fazer.

* * *

O Sr. Secretário da Segurança Pública baixou algumas determinações a serem observadas durante o Carnaval deste ano.

Entre elas destacamos as seguintes:

“Os bailes carnavalescos terminarão às 4 horas da madrugada, salvo ordem especial da autoridade de serviço no local”.

“Nenhuma canção poderá ser cantada em público, sociedade ou clube, nem em qualquer casa de diversões, sem que a letra respectiva tenha sido previamente censurada pela repartição competente na Delegacia de Costumes.”

“Fica, igualmente, proibido o uso, como fantasia, de uniformes com distintivos, emblemas, bonés, fitas, golas, botões adotados e usados pelas classes armadas, ou que os tornem semelhantes aos usados por aquelas corporações”. Quanto ao uso de fantasias constituídas por trajes eclesiásticos, pelas togas do magistrados ou becas dos professores universitários, não há proibição expressa.

* * *

Realizou-se em Buenos Aires um Congresso Americano da igreja Metodista.

A enorme proliferação de congressos protestantes na América do Sul, que ora se observa, reflete perfeitamente o interesse da América do Norte em nela fazer propaganda protestante para consolidar seu prestígio na América Latina.

* * *

Embora o Sr. Hitler não tenha até agora, proibido a participação dos alemães ao Congresso Eucarístico de Budapeste, considera-se certo que será tomada essa medida, dada as declarações dos meios políticos da Alemanha, de que os católicos, fiéis ao “füehrer” e ao “Reich”, ficariam em posição desagradável em vista “dos ataques repetidos a que as altas autoridades da Igreja Católica se têm entregue contra o “füehrer” e o “Reich”.

Essa desculpa dos nazistas é esfarrapadíssima. Se eles acham que os católicos alemães apoiam a política nazista de perseguição religiosa e que se sentirão por isto mal à vontade em Budapeste não é necessário proibir-lhes que para lá se dirijam, porque espontaneamente deixarão de fazê-lo. Se o III Reich proíbe a ida a Budapeste, é porque receia que eles para lá se dirijam. E se o receia é porque acha que lá eles se sentirão muito bem...

* * *

Foi descoberta no México uma conspiração fascista, e logo ao ter conhecimento do fato, os Estados Unidos se apressaram em declarar que não toleravam a instalação de um grêmio fascista em um país vizinho. Não se compreende esta atitude, pois, que os Estados Unidos toleram no México um governo nitidamente comunista como é o Sr. Cardenas. (...)