Legionário, No 280, 23 de janeiro de 1938 

Sete em Revista

(...) Um Sr. Kerrl pronunciou em Berlim, no Instituto de Educação de Adultos uma conferência onde atacou violentamente a Igreja porque... não muda há 2.000 anos. Em certo trecho do seu discurso, referindo-se à Igreja, afirma: “Não estamos onde estávamos há 2.000 anos. Não sei, mas é possível que a nação os expulse, como aconteceu aos vendilhões do templo”.

O interessante, e que bem evidencia os métodos usados pelos nacionais socialistas, é que termina seu discurso dizendo que nenhum padre foi perseguido por suas atividades religiosas!

Um discurso como esse do Sr. Kerrl, inteiramente consagrado a denegrir a Igreja e que A ameaça de expulsão, não pode passar sem o protesto dos católicos alemães. Porém, se qualquer católico protestar e procurar mostrar as inverdades do Sr. Kerrl, será preso, porque está fora de “suas atividades religiosas”.

“As atividades religiosas” devem, pois, na Alemanha, ouvir quieto as calúnias do governo e renunciar, por completo, ao seu dever.

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No parlamento russo, um deputado tártaro se atreveu, pela primeira vez na história do bolchevismo, a discordar, opondo-se à convocação de uma sessão extraordinária do Conselho das Nacionalidades às 18 horas, porque desejava ir ao cinema. A sugestão do deputado tártaro foi abafada com uma tempestade de protestos dos parlamentares.

Esse simples episódio mostra claramente como estão abafadas na Rússia todas as vontades, e  qual o quilate dos seus parlamentares. Em primeiro lugar, um deputado que se nega a trabalhar pelo país, em cumprimento de sua obrigação, para ir ao cinema, não tem naturalmente consciência de suas responsabilidades. Mas Stalin precisa justamente desses homens, para poder fazer o que quiser.

Finalmente, desde a instalação do Parlamento russo esta é a primeira voz de protesto, o que indica a passividade com que são aprovados os projetos do governo.

Conclui-se, de tudo isto, a completa inutilidade do Parlamento russo e a razão de sua existência, que é unicamente um simulacro de democracia para melhor oprimir o povo.

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A Igreja presbiteriana independente realiza um “Concílio” desde o dia 15 deste mês e que irá até o dia 23. Numa de suas sessões, o Sr. Seth Ferraz falará sobre “Evangelismo e Ação Católica” seguido de discussão e aprovação de medidas sobre o assunto.

A Ação Católica foi constituída com o único propósito de levar as almas ao conhecimento da verdade. Ora, como a única depositária da verdade é a Igreja Católica, Apostólica e Romana, essa conferência seguida de discussões e medidas sobre o assunto, só pode ser um plano de combate à Igreja.

Naturalmente, esse plano em nada influirá, pois é a Igreja divina e permanecerá até a consumação dos séculos. Mas será a Igreja Católica a intolerante? Ela é de fato intolerante, porque a verdade não pode transigir com o erro. Mas não é Ela que procura o combate, pelo contrário, é para ele arrastada pelos seus inimigos.

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O “Diário de São Paulo” publicou dia 19 a notícia de um moço que se atirou do elevador da Bahia agarrado a uma imagem de Nosso Senhor do Bonfim, e que caindo sobre fios telefônicos, nada sofreu. Acrescenta a notícia que a população acredita ter sido um milagre de Nosso Senhor do Bonfim.

Evidentemente, não se trata aí em absoluto de um milagre. O máximo que poderá ter sido é uma graça de Nosso Senhor a esse moço que, ignorante, pretendia se suicidar com a imagem de Nosso Senhor do Bonfim.