Legionário, N.o 266, 17 de outubro de 1937

7 DIAS EM REVISTA

Só temos calorosos aplausos para as medidas que tem sido tomadas pela comissão de combate ao comunismo. A proibição da peça de Procópio Ferreira, “Deus lhe pague”, a detenção de numerosos comunistas postos em liberdade pelas recentes decisões judiciárias, e o propósito insistentemente proclamado de combater o comunismo, também por meio de uma contrapropaganda, merecem nossa mais franca aprovação.

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(...) Com espírito de leal cooperação, não podemos deixar de fazer um reparo ao programa da Comissão Oficial contra o comunismo. Entre as medidas que vão ser postas em prática, figura um adestramento de todos os particulares para se defenderem contra uma agressão procedente de revolucionários comunistas.

Francamente, achamos de uma ineficiência total esta idéia. Servirá ela tão somente a semear o pânico na população, desacreditando ainda mais as instituições vigentes, que se pretende conservar.

Cremos, além disto, que não poderia haver, para os adversários do estado de guerra, pretexto mais eficaz do que esta medida extrema para insinuar no espírito público que se pretende exagerar o perigo comunista.

Não queremos endossar essa insinuação. Mas mostramos que a medida projetada pode auxiliar sua difusão.

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Excelente a proposta feita pelo Sr. Cyrillo F.º, vereador integralista desta Capital, no sentido de ser dado o nome das vítimas de 35 a algumas de nossas ruas.

As bancadas do P.C. e do P.R.P. agiram com nobreza, aceitando a proposta de S.S., e mostrando assim que o amor à civilização une nessa homenagem todas as correntes de opinião representadas na Câmara Municipal.

Oxalá se generalizasse esse exemplo...

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Merece elogiosíssimo registro a declaração do Sr. General Azambuja Villanova, comandante da 7ª Região Militar, de que o estado de guerra não terá como conseqüência a instauração de uma ditadura.

Essa declaração, bem como outras anteriores também procedentes de altas patentes de nossas classes armadas, fazem com que a honra de nossos militares esteja empenhada como fiadora de que o estado de guerra só será utilizado contra o comunismo e não facilitará a abrogação de nossa lei magna, na qual estão inscritas as reivindicações católicas.

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Chamamos a atenção de nossos leitores sobre a aproximação que o Duque de Windsor está tendo com o Sr. Hitler. Não tardará muito que se veja o ex-rei causar novos distúrbios na Inglaterra, pondo em cheque a estabilidade do trono. Saber-se-á então qual foi o dedo que o empurrou.

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Tendo a “Ação” de 1 pp. publicado a carta de um ex-seminarista, que afirma que o Rev.mo Sr. Pe. Júlio Maria, C.SS.R., faz propaganda do Sr. José Américo de Almeida no Seminário de Manhumirim, estamos autorizados a declarar que tal afirmativa não é verdadeira, e que o informante abusou da boa fé daquele órgão integralista.

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Certos documentos atribuídos aos comunistas nas irradiações da “Hora do Brasil” trazem declarações segundo as quais o maior inimigo do comunismo seria o integralismo, e que o comunismo lucraria com qualquer trabalho tendente a identificar a doutrina do sigma com a do Sr. Hitler, o que separaria os católicos dos integralistas.

A conseqüência disto, para os espíritos primários e ingênuos, seria que toda e qualquer identificação do integralismo com o hitlerismo seria manobra comunista.

Entretanto, na “Offensiva” de 6 pp. o Sr. Ernani de Moraes escreveu um artigo todo ele dedicado a mostrar as analogias históricas entre os dois partidos, o do Sr. Hitler e o do Sr. Plinio Salgado.

E agora perguntamos: não devem os católicos vigilantes também olhar para isto? Permitirão que o medo de um mal lhes feche os olhos a outro? E por que não evitar ambos, combatendo também as tendências hitleristas que se encontram em certas obras integralistas?

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Consideramos oportuníssima a proposta do Sr. Senador Alcântara Machado no sentido de promover a identificação imediata, obrigatória e eficiente de todos os estrangeiros desembarcados no Brasil.

É óbvio que essa medida trará grande benefícios para o serviço da manutenção da ordem.

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O Rev.mo P. Huberto Rhoden escreveu interessantíssimo artigo em que narra cenas de propaganda comunista a que assistiu na capital da Bahia, propaganda esta levada a efeito com auxílio de um caminhão do Ministério da Viação, utilizado pelo Departamento das obras contra a seca.

Diz S. Rev.ma que tal propaganda era feita às escancaras, sob o olhar complacente das autoridades policiais baianas.

Mais de uma vez temos mostrado as atitudes pouco satisfatórias  que o Sr. Juracy Magalhães tem tomado em matéria de repressão ao comunismo.

E é esse o homem que comungou no Congresso Eucarístico da Bahia, e que deu por esta ocasião as maiores provas de sua Fé.

Acentuamos isto para que a opinião católica compreenda que tais manifestações públicas de Fé absolutamente não são garantia de coisa nenhuma. Devemos contar com os nossos, com os católicos praticantes e militantes. Note-se bem: praticantes e militantes. Muita gente se contenta com os que só são praticantes, ou com os que só são militantes, ou até com os que não são nem uma nem outra coisa. Daí erros e desilusões dolorosas...

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Típico da mentalidade pagã da burguesia é o gesto de alguns industriais que foram à Cúria Metropolitana denunciar como comunistas os RR.PP. de Sion, a cujo cargo está a Paróquia do Ipiranga nesta Capital, exclusivamente porque estes reclamavam, em benefício de algumas operárias, medidas impostas absolutamente pelo mais rudimentar espírito de justiça.

Sempre que a reação anticomunista não é inspirada pelo espírito católico e só por ele, degenera. Hitler é um exemplo. Sua imprensa chegou a chamar até a própria Igreja de auxiliar do comunismo. Os industriais acima mencionados são outro exemplo. E haveria outros a citar...