O artigo de fundo que, com a devida autorização,
publicamos em nosso último número, teve nos círculos católicos desta capital a
mais profunda e grata repercussão. Sabemos de fonte muito segura que S. Ex.a
Rev.ma o Sr. Arcebispo Metropolitano tem recebido numerosos telegramas
assinados por associações religiosas, famílias católicas e fiéis em geral
manifestando seu inteiro acatamento às diretrizes de S. Ex.a Rev.ma, e o
entusiasmo que, com muita razão, provocaram em todos os corações.
Este fato mostra que os católicos paulistas
compreenderam perfeitamente a elevação de vistas com que a Cúria traçou suas
diretrizes e a delicadeza do senso católico de nossa gente, que está disposta a
obedecer a qualquer apelo que proceda do grande pastor de almas com que a
Providência presenteou a Arquidiocese.
Até o dia em que escrevemos esta notícia,
continuavam a afluir à Cúria numerosos telegramas, que certamente serão ainda
expedidos no decurso de toda a semana entrante pois
que todos os católicos de São Paulo quererão servir-se desse ensejo para
testemunhar seu devotamento a SS. Ex.as Rev.mas os
Srs. Arcebispo metropolitano e Bispo Auxiliar.
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Dos Srs. Lapetina,
Ferreira, Pamma, Assis, Valle
Cuiqueto, Freitas, sobre o mesmo assunto, recebeu
esta folha o seguinte telegrama:
“Lemos
‘Legionário’ artigo de fundo ordem Arcebispo e Bispo Auxiliar. Salve Maria.
Viva Jesus. Nome católicos S. João Batista aceite parabéns causa Deus sua
Igreja nossa Pátria”.
* * *
Ninguém tem escrito mais, nem com maior veemência
contra o comunismo do que o “Legionário” que, fazendo-o, não cumpre senão o
mais elementar de seus deveres. Exatamente por isto, sentimo-nos perfeitamente
à vontade para denunciar a campanha de boatos com que pescadores de águas
turvas procuram perturbar nosso ambiente político, de per si já tão
anarquizado.
Seria natural que o espírito público estivesse
apreensivo com manejos, por demais evidentes, de certos elementos simpáticos ao
comunismo. Seria natural, ainda, que essa apreensão se traduzisse em
conjecturas e boatos de fundo pessimista. Mas o que temos diante de nós não é a
simples eclosão de boatos verossímeis, expontâneos e justificados. É uma disseminação
sistemática de notícias alarmantes não apenas no nosso Estado, mas até fora
dele.
Os intuitos desta campanha são por demais visíveis
para que alguém se iluda sobre sua procedência. O processo, para se descobrir
os autores do manejo, é simples. Basta perguntar a quem aproveita.
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Dir-se-á, talvez, que exageramos, e que nada nos
autoriza a afirmar que esta pululação de boatos é
artificial.
Basta, porém, examinar os fatos, para concluir o
contrário. No Estado do Rio como em São Paulo e em Santos, os boatos ferveram,
sempre com características idênticas: perigo comunista eminentíssimo,
necessidade de se armar a população, impotência das autoridades, etc., etc. Por
toda a parte, a campanha foi entretida por boletins absolutamente idênticos
quanto ao espírito e à linguagem. E os boatos estouraram em datas absolutamente
iguais, o que não seria admissível em uma eclosão expontânea de apreensões
populares, principalmente tratando-se de cidades bem distantes uma da outra.
Acresce que toda esta efervescência se deu antes das dolorosas ocorrências de
Campos, que poderiam servir de pretexto a qualquer surto de pessimismo, e não
tinha qualquer fundamento ocasional que a explicasse.
Sabemos que a convergência de tantas circunstâncias
não impressionará os espíritos apaixonados. Mas temos a esperança de que abrirá
os olhos dos que ainda não perderam a serenidade, tanto mais que, mercê de
Deus, ainda existe gente imparcial e serena no Brasil.
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A carta que o Sr. Mário de Andrade endereçou ao Sr.
Paulo Duarte, e que o “Estado” de 19 p.p. publicou, veio dar à
campanha pelo nosso patrimônio artístico a nota de seriedade, de justiça e de
distinção que lhe roubara o título panfletário “Contra o Vandalismo e o Extermínio”, sob o qual a mesma campanha
vinha sendo feita.
Como diz com muito acerto o Sr. Mário de Andrade, o
Episcopado Brasileiro só tem razões para prestigiar com sua alta e
incontrastável autoridade qualquer movimento de preservação de nossas
tradições. O telegrama de S. Ema o Cardeal Arcebispo do Rio de
Janeiro, citado pelo Sr. Mário de Andrade, é disto uma prova irrefutável.
Folgamos em ver que muda de rumo a campanha,
louvável em seus objetivos, que o Sr. Paulo Duarte, iniciou. E esperamos que o
“Estado de São Paulo” suprima de vez o título “Contra o Vandalismo e o Extermínio”, que destoa “das tradições de sobriedade, elegância e
serenidade” daquela folha.
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A posição absolutamente clara que tomamos com
relação aos diversos partidos políticos, que elogiamos no que tem de louvável e
condenados no que tem de censurável, permite-nos fazer um comentário sobre as
correntes liberais e democráticas.
Deploramos sinceramente
que, levados pela natureza das coisas a fazer contra o integralismo
certas críticas que, em parte, subscreveríamos, não se contentem tais partidos
com isto, e abram complacentemente as colunas de
alguns de seus jornais a uma propaganda anti-integralista
de cor pronunciadamente vermelha. É este o caso, por exemplo, da complacência
manifesta com que os jornais liberais publicam discursos dos Srs. Mangabeira, Chermont e outros, ao mesmo
tempo que um deles, denunciando a infiltração alemã no Brasil, insinuava que o
General Franco, chefe da revolução espanhola, causava a desgraça de sua
pátria.
Quererão porventura suicidar-se os partidos
liberais, abrindo o flanco à propaganda vermelha?
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Recentemente, o Sr. Adolf
Hitler fez um discurso sobre a arte alemã, em que, em
conceitos vigorosos e precisos, condenava a ação deletéria que, sobre as inteligências
e os caracteres, exercita a arte dita moderna, pelo aspecto apalermado e
deformado das fisionomias de muitos modelos preferidos por certos artistas
dessa escola. Como de costume em certas direitas, a crítica aos erros
decorrentes do pensamento burguês era perfeita.
Mas, ainda como de costume, veio o reverso da
medalha: para completar seus conceitos, foram baixados diversas determinações
do Sr. Hitler concernentes à arte religiosa, severamente combatida por ele.
Foi com coisas assim que o hitlerismo
subiu ao poder: com uma vigorosa crítica de erros existentes iludiu os
católicos. E estes fecharam, por isto, os olhos à solução errônea com que o hitlerismo procurava corrigir tais erros...
* * *
Chamamos a atenção de nossos leitores sobre a nova
lei de segurança pública na Áustria, que é um dos países de mais segura orientação católica
do mundo.
Segundo essa lei, os liberais e os extremistas da
esquerda e da direita, que conspirarem contra o Estado católico, serão
passíveis das mais severas penalidades que possa permitir a caridade cristã.
Sirva isto de exemplo para muita gente que pensa
que o católico deve ter uma sensibilidade de água de flor de laranjeira.