Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 8 de agosto de 1937, N. 256

 

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O Tribunal de Segurança condenou, na semana passada, alguns presos políticos que tinham sido beneficiados com uma libertação condicional, enquanto aguardavam julgamento. Definitivamente aprovada a sentença condenatória, o Tribunal deu a publicidade. Entretanto, diversos dias decorreram sem que a polícia pudesse capturar os condenados, porque o Tribunal não entregou imediatamente à Delegacia de Segurança Política e Social os necessários mandatos de prisão. Consequência: os réus condenados, tendo conhecimento pelos jornais da sentença que os ferira, ficaram com o tempo necessário para fugir, sem que a polícia pudesse opor a isto qualquer obstáculo.

Como se vê, não é duro, no Brasil, o “métier” de fazer propaganda comunista.

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Com outros extremistas, deu-se fato análogo. Estavam eles aguardando o respectivo julgamento em liberdade, quando sobreveio a sentença condenatória proferida pelo tribunal de Segurança Nacional. Munida dos respectivos mandatos de prisão, a polícia carioca pôs-se em campo, para encontrar os réus... e não os encontrou. Por esta razão, tomou uma série de medidas enérgicas, tendentes a descobrir, dentro do mais breve prazo possível, o seu paradeiro.

Entretanto, não pareceria indispensável que a polícia mantivesse sempre alguns “secretas” no encalço desses réus que aguardavam julgamento? Com que fundamento esperou ela que os réus fossem permanecer bem juntinho dela, sem se afastar por um segundo de seu campo visual?

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O Sr. Deputado Sr. Sebastião de Medeiros apresentou um excelente projeto de lei, no sentido de ser auxiliado pelo Estado a construção de diversas catedrais no interior do Estado.

Entretanto, não sabemos que andamento as comissões das Câmaras deram àquele projeto de lei que já foi submetido à apreciação do Legislativo há alguns meses.

Seria muito de desejar que este projeto fosse aprovado com urgência.

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Transcrevemos da “Offensiva” algumas curiosas informações dadas pelo Sr. Honorato Himalaya Virgolino, procurador do Tribunal de Segurança Nacional sobre a Revolução de 1935 [a Intentona Comunista, n.d.c.].

Leon Vallée, ao ser preso, trazia no bolso 200 contos em dinheiro estrangeiro; Luís Carlos Prestes trazia 52 contos em buldens, dólares e libras; Harry Berger estava com cerca de 22 contos, também em dinheiro estrangeiro e Rodolfo Guioldi tinha mais de 10 contos em moeda estrangeira.

Afirma Sr. Himalaya Virgolino que as instruções colhidas em poder dos conspiradores, sobre os fuzilamentos a serem feitos quando vitorioso o movimento, eram tão severas e tão genéricas, que se pode avaliar em 70.000 o número de brasileiros que seriam passados pelas armas.

Muita gente sorrirá à leitura desta estatística. Mas basta ler um pouco de História da Rússia para ver que ela não é inverossímil.

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Alguns leitores desta Folha, estribados não sabemos no que, interpretaram nossas afirmações sobre o ensino religioso como uma condenação à obra que as Autoridades Eclesiásticas estão fazendo em São Paulo a este respeito, auxiliadas pela valorosa e benemérita “Legião de São Paulo”.

Preliminarmente devemos afirmar que se essa crítica fosse cabível não a faríamos porque a autoridade Eclesiástica está acima da censura dos fiéis ainda quando os fatos pareçam justificar essa censura. De todos os liberalismos, aquele de que o “Legionário” é mais inimigo é o liberalismo religioso.

Acresce, entretanto, que essa censura seria inteiramente infundada. A Legião de S. Paulo e o Rev.mo Pe. Marcondes, diretor Arquidiocesano do ensino religioso, são dignos de todo o aplauso pela obra realizada, que é admirável. O que sustentamos e sempre sustentaremos é que uma simples meia hora por semana não é suficiente para formar religiosamente os alunos. A culpa disto é do decreto que regulamentou o ensino religioso em S. Paulo. E só dele.

Ainda há dias conversamos com o Reitor de um dos maiores colégios católicos do Estado que confirmou plenamente nossa opinião.

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Em uma gigantesca manifestação realizada há dias, na Alemanha, a multidão exclamava: “Hitler, salva-nos”, “Führer, salva-nos”. Grupos de alemães budistas romperam o cordão para oferecer flores ao Führer. E um ambiente neo-pagão dominava toda a imensa assembleia.

Entretanto, ao lado de Hitler estava um homem que fez convergir para o nazismo o apoio de considerável ala católica na Alemanha, o Sr. von Papen. Espanta-nos que esse homem, que é um dos maiores responsáveis pela crise religiosa de que sofre a Alemanha, ainda seja hitlerista. Mas a paixão partidária é assim. Fecha os olhos à evidência e os ouvidos à voz do Papa.

Mas o que há de mais interessante nisto é a exclamação “Hitler, salva-nos”. Pobre humanidade contemporânea que confia mais em “salvadores” do que no único Salvador!


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