Realizou-se há
dias, como a imprensa diária laconicamente noticiou, uma assembléia de
professores no Palácio Arquiepiscopal de São Joaquim, no Rio de Janeiro.
Essa
assembléia, precedida de Missa celebrada pelo Cardeal Arcebispo na capela
particular do Palácio, realizou-se ao ar livre, nos amplos jardins da
residência cardinalícia.
Nessa reunião,
tomou pessoalmente a palavra o Príncipe máximo da Igreja no Brasil, que
manifestou todo o seu paternal e bondoso reconhecimento aos professores e
anunciou que 86% das crianças que cursam as escolas oficiais do Rio solicitaram
ensino religioso católico espontaneamente.
À vista da
espontaneidade dessa solicitação, o que dirão os protestantes e comunistas que
se coligaram na Constituinte para afirmar que a Igreja queria, por meio do
ensino religioso, violentar a consciência do povo?
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A Câmara vai
aprovar um projeto autorizando a despesa de quatrocentos contos de réis com o
próximo campeonato sul-americano de atletismo.
Consideramos
bem empregadas as quantias que se destinem ao desenvolvimento físico de nosso
povo. Entretanto, quantias muito maiores deveriam ser despendidas com seu
aperfeiçoamento moral. Note-se bem que falamos em “moral”, e não simplesmente
em “cultural”. Não basta que os brasileiros venham a ser fortes na inteligência
e no corpo. Se eles não o forem no caráter, todo o seu progresso de nada
valerá.
Quanto gasta o
Estado, no Brasil, para auxiliar as organizações de fins educativos e morais?
Uma insignificância. E, apesar disso, quando escasseiam caracteres no “deserto
de homens e de idéias”, maldiz-se o pobre e inocente povo brasileiro.
Por que, em
lugar disto, não se censuram ou se substituem os homens de Estado cegos e
incompetentes, que os há tantos no Brasil?
Sempre a
clássica moleza!
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É curioso notar
os visíveis progressos da Igreja
Católica na Inglaterra. Como se sabe, antigamente, os Reis, ao serem coroados,
prestavam o solene compromisso de oprimir a Igreja Católica. Atualmente, esse
compromisso, profundamente modificado, não se estende mais a todo o Império
Britânico, mas exclusivamente à Inglaterra.
Esta alteração
foi feita para atender aos desejos dos católicos residentes no Império, que são
cada vez mais numerosos e influentes.
Para culminar,
os Reis britânicos, recentemente coroados, depois de terem sido sagrados pela
igreja anglicana, foram no dia imediato à Catedral Católica de Londres, onde
assistiram a uma soleníssima pontifical celebrada pelo representante da Santa
Sé, por intenção da felicidade do povo inglês.
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É um monumento
de imbecilidade ou de hipocrisia o telegrama que o presidente da República
Basca enviou a SS. MM. os Reis da Inglaterra, por ocasião de sua coroação.
Nesse telegrama, afirma que os bascos estão lutando pela cristandade, liberdade
e justiça, sentindo-se nesta tarefa irmanados com os Soberanos da Inglaterra.
Pela
Cristandade, ao lado dos comunistas. Pela liberdade, aprisionando sacerdotes,
violentando consciências, perseguindo de armas na mão os que não partilham suas
idéias separatistas. Pela justiça, matando, depredando, incendiando.
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Em uma nota
sobre “divertimentos públicos, na Capital e no Interior”, o “Estado de S.
Paulo” publicou o seguinte, quanto à vida do paulista nas pequenas localidades
de nosso Estado: “Com o homem do interior, porém, as coisas são diferentes.
Vida pacata, orientada sempre por preconceitos já mortos na capital. Vida sem
emoções nem atividades fortes...” etc. Isto, para opor a tranqüilidade e a
austeridade da vida do interior, à agitação e dissipação na cidade.
Quais são esses
“preconceitos mortos”? Provavelmente, os “princípios cristãos” da civilização e
da moralidade, que o “Estado de S. Paulo”, numa bela comoção de Semana Santa,
considerou indispensáveis para o Brasil!